Jornal de Angola

Rússia adverte EUA contra uso da força na Venezuela

Chefe da diplomacia russa conversa com homólogo norteameri­cano e manifesta disponibil­idade para consultas

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O ministro russo dos Negócios Estrangeir­os, Sergei Lavrov, advertiu terça-feira, em conversa telefónica, o seu homólogo norte-americano, Mike Pompeo, contra o uso da força na Venezuela, indicou a diplomacia russa.

Sergei Lavrov “alertou contra qualquer ingerência nos assuntos internos da Venezuela, incluindo o uso da força com a qual Washington ameaça, em violação à lei internacio­nal”, indicou o ministério russo num comunicado.

De acordo com a nota, a comunicaçã­o telefónica ocorreu por iniciativa norteameri­cana e, na conversa, Sergei Lavrov “disse estar pronto para consultas sobre a questão da Venezuela à luz dos princípios da ONU.”

O contacto telefónico ocorreu num momento em

soviético, Mikhail Gorbachev, acusou ontem os EUA de quererem “alcançar a superiorid­ade militar absoluta”, retirando-se do tratado de desarmamen­to nuclear que tinha assinado com o Presidente Ronald Reagan, no tempo da Guerra Fria.

Mikhail Gorbachov acredita que a verdadeira razão para o Governo norte-americano se retirar do tratado de desarmamen­to nuclear para mísseis de curto e médio alcance (INF) é o “desejo de ficar livre de todas as restrições em matéria de armamento (...) e de alcançar a superiorid­ade militar absoluta.”

Num artigo divulgado pelo jornal diário russo Vedomosti, Gorbachov diz que esta estratégia serve para os EUA “ditarem a sua vontade ao mundo.” que Mike Pompeo se encontra na Polónia, depois de visitar a Hungria e a Eslováquia.

Em Bratislava, na Eslováquia, o mesmo disse que o Presidente russo, Vladimir Putin, era uma ameaça às “democracia­s do mundo inteiro.” A Venezuela realiza manobras militares para fazer frente a uma eventual intervençã­o norte-americana, uma opção que, segundo o Governo dos Estados Unidos, está “sobre a mesa.”

A Rússia expressou o seu firme apoio ao Presidente venezuelan­o, Nicolás Maduro, perante o apoio dos Estados Unidos, Canadá e da maioria dos países latino-americanos e europeus ao presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que se autoprocla­mou Presidente da Venezuela a 23 de Janeiro. Moscovo, a China e a Turquia rejeitaram

No início de Fevereiro, o Governo dos EUA anunciou que se retirava do tratado INF, acusando a Rússia de não cumprir as disposiçõe­s do acordo assinado em 1987, entre os Presidente­s Ronald Reagan e Mikhail Gorbachov, que abolia o desenvolvi­mento de mísseis terraterra com um alcance entre 500 e 5500 quilómetro­s.

Após o anúncio norte-americano, também a Rússia suspendeu a sua participaç­ão no tratado, com o Presidente Vladimir Putin a prometer que daria instruções para o desenvolvi­mento de novos mísseis, aumentando os receios de uma nova corrida ao armamento.

Gorbachov, agora com 87 anos, contesta ainda os argumentos para a saída dos EUA do tratado, nomeadamen­te o desenvolvi­mento de armas o apelo da Europa e dos Estados Unidos para Maduro convocar eleições.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de Janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoprocla­mou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

O Papa Francisco recordou ontem que o Governo venezuelan­o não aproveitou até agora as tentativas de mediação do Vaticano, em resposta a um pedido para que intercedes­se visando encontrar uma saída para a crise no país.

Na carta, dirigida a Maduro e com data de 7 de Fevereiro, Francisco aponta as várias vezes, nos últimos anos, que o Presidente pediu e o Vaticano acedeu a “tentar encontrar uma saída para a crise”. nucleares proscritas pelo acordo por parte de países como a China, a Coreia do Norte e o Irão.

“Esse argumento não é convincent­e”, afirmou Gorbachov, dizendo que os EUA e a Rússia detêm 90 por cento das armas nucleares mundiais.

Segundo Gorbachov, a saída do tratado INF só seria justificáv­el se uma das partes apresentas­se “circunstân­cias excepciona­is” como argumento, perante a comunidade internacio­nal e o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Mas os Estados Unidos não o fizeram, diz Mikhail Gorbachov, que também questiona a intenção de Donald Trump de assinar um novo tratado: “Que tratado? Um tratado sobre o reforço dos armamentos?”, ironizou o último líder da antiga União Soviética.

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DR Ministro Sergei Lavrov alerta o Ocidente contra ingerência nos assuntos venezuelan­os
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O último líder

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