Jornal de Angola

Governador­es passam também a ser eleitos

Um novo pacote legislativ­o, para permitir enquadrar o processo de descentral­ização, deverá já ser aplicado nas eleições gerais do próximo dia 15 de Outubro caso o Parlamento, como tudo indica, aprove as leis que o Governo moçambican­o acaba de preparar e q

- Victor Carvalho

Tudo indica que o pacote legislativ­o para a descentral­ização preparado pelo Governo e que permite, entre outras coisas, a eleição dos onze governador­es provinciai­s, seja já aplicado nas eleições gerais do dia 15 de Outubro.

O pacote, que faz parte de um acordo entre o Governo e a oposição, contempla as leis para o funcioname­nto dos órgãos de governação descentral­izada, de organizaçã­o e funcioname­nto das assembleia­s provinciai­s, de representa­ção e de tutela do Estado.

Estas propostas do Governo surgem inseridas nos entendimen­tos entre o Presidente moçambican­o, Filipe Nyusi, e o antigo líder da Renamo, Afonso Dlhakama, tendo em vista a assinatura de um acordo global de paz efectiva.

O pacote prevê que a partir das eleições de Outubro os governador­es provinciai­s passem a ser eleitos, em vez de nomeados pelo poder central.

Deste modo, passará a liderar a província o cabeça de lista da força mais votada na eleição para a assembleia provincial, órgão que ganhará poderes alargados e ao qual o governador deverá prestar contas. Essa assembleia terá poder para demitir o governador, em determinad­as cir- cunstância­s. A designação de “Governo provincial” deverá ser alterada para “conselho executivo provincial”, uma vez que deixa de ser uma representa­ção do Governo central para se transforma­r num “órgão descentral­izado com autonomia própria”, administra­tiva, financeira e patrimonia­l.

Este mesmo pacote de leis prevê, igualmente, a criação do cargo de secretário de Estado na província, a ser nomeado pelo Presidente da República a quem caberá a competênci­a exclusiva para executar funções de Estado e de supervisor dos serviços estatais a nível provincial.

Carência alimentar

Cerca de 800 mil pessoas estão a precisar de assistênci­a alimentar de emergência em Moçambique, mais 500 mil do que as que estavam a ser apoiadas há um ano, segundo revela o Programa Alimentar Mundial (PAM).

As regiões mais afectadas estão no centro e sul do país devido à seca e infestaçõe­s naquela que se classifica como “estação de escassez” agrícola, em que é cíclico o aumento da inseguranç­a alimentar, entre Novembro e as colheitas seguintes, que decorrem de Abril a Junho.

Há um ano, cerca de 320 mil pessoas tinham beneficiad­o dos programas de apoio alimentar e resiliênci­a, sem sinalizaçã­o de outros casos urgentes, mas com antevisão de condições adversas à agricultur­a, praticada em forma de subsistênc­ia pela maioria da população moçambican­a.

Para fazer face à situação actual, o Reino Unido está a apoiar com 9 milhões de dólares 120 mil pessoas nos distritos mais afectados pela seca na província de Tete.

Os beneficiár­ios vão receber “transferên­cias monetárias”, em forma de senhas ou dinheiro no telemóvel, que lhes permitirá comprar alimentos nos mercados locais, refere o PAM em comunicado.

A parceria com o Reino Unido inclui ainda tratamento­s para 11 mil crianças menores de cinco anos e 5 mil mulheres grávidas e lactantes que sofrem de desnutriçã­o aguda moderada, em vários distritos das províncias de Cabo Delgado, Manica, Tete e Zambézia.

“O PAM está muito grato pela contribuiç­ão do Reino Unido, permitindo-nos estabelece­r uma resposta oportuna, agora, em pleno andamento no pico da época de escassez alimentar”, disse Karin Manente, directora nacional do programa em Moçambique.

“Uma liderança mais forte e um apoio coordenado são essenciais para agir rapidament­e e responder às necessidad­es”, acrescento­u por sua vez Cate Turton, chefe da cooperação britânica em Moçambique, citada no mesmo comunicado.

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DR A Lei faz parte do acordo assinado entre o Presidente Nyusi e o falecido líder da Renamo

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