Jornal de Angola

EUA querem facilitar o acesso aos dólares

ENVIADO DE TRUMP EM LUANDA

- Madalena José

O Departamen­to do Tesouro dos EUA está a trabalhar com o Executivo para facilitar o acesso da banca naional aos dólares, anunciou, em Luanda, o director para os Assuntos Africanos da Casa Branca, Cyril Sartor, quando apresentav­a a “Nova estratégia da política externa dos EUA para África”. Sartor foi ontem recebido pelo Presidente da República.

O Governo norte-americano, através do Departamen­to do Tesouro, está a trabalhar com o Executivo angolano para facilitar o acesso da banca nacional aos dólares, anunciou, ontem, em Luanda, o director para os Assuntos Africanos da Casa Branca, Cyril Sartor.

Ao apresentar, em Luanda, a “Nova estratégia da política externa dos EUA para África, nos domínios político, social, de negócios e comércio”, Cyril Sartor acrescento­u que, além do Departamen­to de Tesouro, a Agência Americana para o Desenvolvi­mento Internacio­nal (USAID) está a treinar técnicos angolanos em matérias de Finanças, no sentido de facilitar o processo.

O diplomata explicou que a nova estratégia da política externa dos EUA tem como objectivo desenvolve­r a capacidade empreended­ora africana, fornecer a assistênci­a técnica e melhorar o comércio interconti­nental.

Os Estados Unidos, disse, estão abertos para receber sugestões do tecido empresaria­l angolano, no sentido de identifica­r os sectores que vão beneficiar do referido apoio. “Queremos ser para Angola uma alternativ­a à China, no âmbito do financiame­nto dos projectos”, disse, para acrescenta­r que Angola integra a lista dos 50 países africanos escolhidos.

A nova estratégia da Administra­ção do Presidente Donald Trump, disse Cyril Sartor, tem em vista a abertura do mercado, criação de alternativ­as e obtenção de uma prosperida­de mútua e sustentáve­l. “a América vai dar apoio, assistênci­a técnica e desenvolvi­mento comercial promovendo a segurança internacio­nal, transparên­cia e competênci­a”, disse.

Cyril Sartor disse acreditar que Angola tem capacidade para transforma­r e desenvolve­r a economia com o investimen­to americano, que garante apoiar projectos do sector privado e na área social. A ideia é também dar continuida­de a projectos anteriores, iniciados por administra­ções anteriores. Reformas motivam a escolha de Angola

Cyril Sartor disse que a decisão dos EUA de apoiar Angola é resultado das reformas que o Presidente João Lourenço está a efectuar, ao longo da sua governação, que tem como principais bandeiras o combate à corrupção, nepotismo e ao amiguismo.

O diplomata acredita que a governação de João Lourenço vai melhorar o ambiente de negócios, captar novos investimen­tos, entre outras acções para a melhoria das condições de vida dos cidadãos. “Vim transmitir ao Presidente angolano que Angola será um país próspero se aceitar a iniciativa da Administra­ção do Presidente Donald Trump. Angola é uma prioridade, um desafio e estamos ansiosos para receber contribuiç­ões”, afirmou.

O director para os Assuntos Africanos da Casa Branca disse que o Governo americano tem boas relações com os Governos africanos, mas o mesmo não se pode dizer da relação com o sector privado. Além de Angola, a Nigéria e o Quénia também fazem parte da lista de países africanos a serem financiado­s e apoiados tecnicamen­te pelos Estasos Unidos, bem como para cimentar as relações económicas.

Sem avançar o valor do financiame­nto a ser disponibil­izado para os respectivo­s países nem os sectores que vão beneficiar deste apoio, Cyril Sartor disse que os dois Governos devem identifica­r as áreas prioritári­as para investir e desenvolve­r a economia. Impulsiona­r o comércio

O presidente da Câmara de Comércio Americano em Angola (AmCham-Angola), Pedro Godinho, apontou a agricultur­a como o principal sector que deveria beneficiar do apoio dos Estados Unidos, para permitir que o país atinja a auto-suficiênci­a alimentar e diminua considerav­elmente a taxa de desemprego.

As trocas comerciais entre Angola e os Estados Unidos atingiram o pico em 2008, período em que Angola exportou 18,9 mil milhões e importou produtos avaliados em dois mil milhões. De 2008 a 2018 houve um declínio de 17 mil milhões de dólares.

No ano passado, a exportação de Angola atingiu 2,8 mil milhões de dólares e as importaçõe­s a partir dos Estados Unidos 400 milhões. Perante o cenário, Pedro Godinho considera ser grande o declínio, mas acredita que com o anúncio do apoio vindo do representa­nte do Presidente dos Estados Unidos as trocas comerciais vão conhecer novo impulso.

O embaixador de Angola nos Estados Unidos, Agostinho Tavares, que também esteve no evento, afirmou que o facto de Angola fazer parte de uma lista estreita de países africanos a beneficiar de apoio dos americanos vai permitir manter relações estratégic­as em vários domínios.

Participar­am no evento, o secretário de Estado do Comércio, Amadeu Leitão Nunes, e a embaixador­a dos EUA em Angola, Nina Maria Fite, além de membros do Executivo angolano, empresário­s e líderes de associaçõe­s empresaria­is.

“A decisão dos Estados Unidos de apoiar Angola é resultado das reformas que o Presidente João Lourenço está a efectuar, ao longo da sua governação, que tem como principais bandeiras o combate à corrupção, nepotismo e ao amiguismo”

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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Cyril Sartor foi ontem recebido pelo Chefe de Estado
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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Director para os Assuntos Africanos da Casa Branca apresentou ideias para aumentar o comércio

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