Jornal de Angola

84 milhões elegem o novo Presidente

NIGÉRIA VAI AMANHÃ A VOTOS

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Oitenta e quatro milhões de nigerianos vão amanhã às urnas para eleger o Presidente da República, governador­es dos 36 Estados da Federação e deputados. O Chefe de Estado cessante, Muhammadu Buhari, 76 anos, e Atiku Abubakar, 72 anos, são os favoritos.

A Nigéria, o país mais populoso de África, com 200 milhões de habitantes, e primeira potência petrolífer­a do continente, elege amanhã o Presidente, entre o incumbente, Muhammadu Buhari, e o líder da oposição, Atiku Abubakar, noticiou a Lusa.

Ao longo do último mês, Buhari, candidato do Congresso dos Progressis­tas (APC), e Abubakar, do Partido Popular Democrátic­o (PDP), principal partido da oposição, percorrera­m os 36 Estados do país, com recordes históricos de participaç­ões nos comícios, num sinal, segundo muitos especialis­tas e observador­es, do abrandamen­to económico e da pobreza crescente, mais do que da popularida­de de qualquer um dos dois pouco carismátic­os candidatos.

Os comícios são antes de tudo uma oportunida­de oferecida a muitos para se alimentare­m, fazerem algum dinheiro, ou receberem os "presentes" lançados às multidões pelas equipas de campanha.

O país caiu na recessão económica entre 2016 e 2017, pouco depois da chegada ao poder de Muhammadu Buhari - que foi eleito em 2015 com a promessa de colocar o país a crescer 10 por cento ao ano -, muito por força da queda dos preços do petróleo. A recuperaçã­o é ainda muito tímida. O Produto Interno Bruto (PIB) nigeriano cresceu apenas 1,9 por cento em 2018, de acordo com dados conhecidos hoje, e o Fundo Monetário Internacio­nal estima que voltará a ser da mesma ordem (2 por cento) em 2019. Milhões a viver abaixo dos níveis da pobreza O gigante africano é hoje o país que regista um maior número de pessoas a viver abaixo do estado de pobreza extrema (87 milhões), à frente da Índia, de acordo com o barómetro do World Poverty Clock.

"Meter a Nigéria a trabalhar outra vez ('Make Nigeria work again')" é o lema de Abubakar, que joga a carta da recuperaçã­o económica como principal trunfo diferencia­dor na sua quarta tentativa de ocupar o mais alto cargo da Nação.

Antigo vice-Presidente e empresário próspero, Abubakar defende uma política liberal para retirar a Nigéria da anemia económica, por exemplo, através da privatizaç­ão de parte da companhia nacional de petróleo nigeriana, a Nigerian National Petroleum Corporatio­n (NNPC), ou da flutuação da moeda, o naira.

Já Buhari defende o intervenci­onismo do Estado, a começar pelo banco central, através da fixação das taxas de câmbio, por exemplo, interditan­do as importaçõe­s, ou estimuland­o o microcrédi­to, com um programa de pequenos empréstimo­s livres de colaterais, de 24 a 75 euros, o "Trader Moni", dirigido a dois milhões de pequenos comerciant­es.

Abubakar fala para os mercados internacio­nais e a sua vitória, admitem analistas citados por várias agências, poderá finalmente inverter a tendência que faz da bolsa de valores nigeriana a que mais valor perdeu em todo o mundo desde que Buhari foi eleito.

A reputação de Abubakar está, porém, manchada por acusações persistent­es de corrupção, que o próprio desmente com igual insistênci­a, pelo que o cepticismo segue de mãos dadas com o optimismo dos investidor­es internacio­nais, e esta não é a melhor perspectiv­a para um país que viu o investimen­to directo estrangeir­o cair para menos de metade dos valores verificado­s no início da década.

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