Cultura e origem dos candidatos
é um país dividido entre o norte, maioritariamente muçulmano, e o sul, de domínio cristão, assim como entre três comunidades étnicas importantes - hauçá (25 por cento da população), ioruba (21 por cento) e igbo (18 por cento) - de entre mais de 500 grupos étnicos e línguas diferentes.
A escolha do candidato presidencial na Nigéria tem sido baseada na região de origem ou na religião, mais do que nas ideias políticas, mas desta vez ambos os contendores, Buhari e Abubakar, são houçás e muçulmanos, pelo que a decisão não será tomada por força da religião ou etnia.
O número recorde de eleitores inscritos para as eleições gerais de amanhã -- presidenciais, legislativas e para a escolha dos governadores -- ascende aos 84 milhões (número que secompara aos 67,4 milhões no escrutínio de 2015, ainda que a participação não tenha ultrapassado os 43,65 por cento), mas a afluência às urnas nestas eleições está ameaçada pelo surto de violência associada ao extremismo islâmico protagonizada pelo grupo rebelde Boko Haram.
As forças de segurança nigerianas anunciaram terem já deslocado 95 por cento dos efectivos para garantir o voto seguro em todo o país, mas os ataques do grupo jihadista têm-se intensificado nos últimos dias, sobretudo no nordeste do país e este poderá ser um factor muito dissuasor da participação eleitoral, sobretudo nas regiões mais afectadas.
Buhari foi eleito em 2015 com a promessa de destruir os rebeldes do Boko Haram durante o mandato que agora chega ao fim. O facto, no entanto, é que o grupo rebelde se mantém como muito forte ameaça, e os seus ataques provocaram já 1,9 milhões de deslocados na Nigéria, segundo a Amnistia Internacional (AI).
Uma onda de ataques sucessivos no nordeste da Nigéria está na origem de cerca de 60 mil refugiados desde Novembro, no que é o maior registo de refugiados dos últimos dois anos, e leva as Nações Unidas e as Organizações Não-Governamentais a operar na região a temer uma reedição da crise do Boko Haram.