Atentado suicida no Irão deixa dezenas de mortos
Segundo vários meios de comunicação social iranianos, o grupo extremista Yeish al-Adl reivindicou o ataque
Vinte e sete membros dos Guardiães da Revolução iranianos foram mortos num atentado suicida contra o autocarro que os transportava de uma missão de patrulha na fronteira, indicou o Exército do Irão em comunicado citado pela Lusa.
O atentado ocorreu na estrada entre as localidades de Khash e Zahedan, na província de Sistão-Baluchistão, no sudeste do país, segundo a agência noticiosa oficial Irna, que antes indicara um balanço de 20 mortos e mais de duas dezenas de feridos.
O Presidente iraniano, Hassan Rohani, prometeu vingar-se do "grupo mercenário" que matou os membros da Guarda Revolucionária, e acusou Israel e os Estados Unidos de apoiarem o terrorismo.
"A principal raiz do terrorismo na região são os Estados Unidos, os sionistas (Israel) e alguns países produtores de petróleo (da região) que os financiam", realçou Rohani antes de partir para Sochi, cidade russa, para uma cimeira sobre a Síria com os Presidentes da Rússia e da Turquia.
"Nós definitivamente pagaremos a esse grupo de mercenários o preço pelo sangue derramado pelos nossos mártires", indicou o Presidente do Irão, citado pela agência de notícias Irna.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano garantiu também que o Irão vai vingar o atentado. Em comunicado, o Exército confirmou que 27 membros dos Guardiães da Revolução foram mortos num atentado suicida.
Segundo vários meios de comunicação social iranianos, o grupo extremista Yeish al-Adl reivindicou o atentado. O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohamad Yavad Zarif, escreveu na rede social Twitter: "Não é uma coincidência que o Irão tenha sido atacado pelo terrorismo no mesmo dia em que começa o circo de Varsóvia?".
"Parece que os Estados Unidos tomam sempre as mesmas decisões erradas, mas esperam resultados diferentes", acrescentou, referindo-se à conferência sobre segurança no Médio Oriente na capital da Polónia e que as autoridades iranianas consideram uma tentativa dos Estados Unidos para criar uma coligação contra o Irão.
Espionagem estrangeira
O líder supremo do Irão, o "ayatollah" Ali Khamenei, atribuiu ontem a "organizações de espionagem" estrangeiras responsabilidades no atentado.
"A vinculação dos autores deste crime com as organizações de espionagem de alguns países da região e de fora é óbvia", disse o líder num comunicado publicado na sua página oficial.
Khamenei apelou aos órgãos competentes do país a "concentrarem-se e a seguirem com seriedade" esse vínculo entre os extremistas e as agências de espionagem estrangeiras.
"As mãos criminosas dos mercenários mancharamse mais uma vez com o sangue dos jovens que servem o país", lamentou o líder supremo, que enviou condolências às famílias das vítimas e à Guarda Revolucionária iraniana.
O Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, considerou ontem que "o Irão é uma ameaça à paz e à segurança no Médio Oriente”.
“A jornada de ontem (quarta-feira) foi um ponto de viragem histórico", realçou o chefe do Governo israelita, após assegurar que alcançou um acordo com os ministros dos Negócios Estrangeiros de vários países árabes presentes na conferência sobre o Médio Oriente em Varsóvia, Polónia.
"Foi uma conversa em que prevaleceu a solidariedade, uma unidade que nunca tivemos antes e que, acredito, marca uma mudança extraordinária que será boa para o Médio Oriente porque pode unir-nos contra a ameaça comum e levar-nos a trabalhar juntos por um futuro melhor", acrescentou Netanyahu.
Benjamin Netanyahu reuniu-se na quarta-feira, em Varsóvia, com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Omã, Yousuf bin Alawi bin Abdullah, e ambos os políticos destacaram a reaproximação entre Israel e vários países árabes.
Na conferência também participou o assessor do Presidente dos Estados Unidos, Jared Kushner, cujo plano de paz para Israel e Palestina já tem a aprovação da Casa Branca, segundo a imprensa norte-americana.
A conferência sobre o Oriente Médio, promovida por Washington e Varsóvia, terminou ontem com a participação de representantes de 60 países. Segundo Varsóvia, dez países renunciaram a assistir à reunião, nomeadamente a Rússia, a Autoridade Nacional Palestiniana, o Líbano, o próprio Irão e outros.
O Presidente do Irão, Hassan Rohani, prometeu vingar-se dos autores do atentado, e acusou Israel e Estados Unidos de financiarem o terrorismo” na região