Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- HERMÍNIA ALFREDO Samba JACINTO PINTO Cassequel HELENA ANTÓNIO Maianga

Filhos de zungueiras

Tomei conhecimen­to, com muita satisfação, de que um jovem que concorreu para a admissão na Universida­de Agostinho Neto (cursos de Engenharia Electrónic­a e Matemática) obteve nota máxima (20 valores). O que suscitou a minha curiosidad­e foi também o facto de aquele jovem, Arlindo Vunge Miguel, ser filho de uma zungueira. Tenho muito respeito pelas zungueiras pelo sacrifício diário que fazem para sustentar os seus filhos. Muitas das nossas zungueiras são chefes de família e acredito que Arlindo Vunge fez o ensino médio com rendimento­s que a sua mãe obtinha nas longas caminhadas a pé pela cidade de Luanda.Não pude conter as lágrimas quando li a notícia do feito do jovem Arlindo Vunge. É um bom exemplo de sacrifício e dedicação. Enquanto a sua mãe andava ao sol e à chuva para vender qualquer coisa, ele dedica-se aos estudos. Arlindo Vunge valorizou o trabalho árduo da sua mãe e recompenso­u-lhe com a entrada na Universida­de com uma nota máxima. Qualquer mãe gostaria de ter um filho como o Arlindo Vunge. Presto aqui uma homenagem a todas as mães zungueiras de Angola que todos os dias batalham para dar de comer os seus filhos e fazer com que não faltem à escola. Sugiro que as autoridade­s competente­s façam tudo para se conceder uma bolsa de estudos interna a Arlindo Vunge, para que este possa, durante o curso superior, comprar livros e satisfazer outras necessidad­es. Os livros do ensino superior são caros e a mãe de Vunge pode não conseguir dinheiro suficiente para os comprar. Tenho certeza de que Arlindo Vunge vai ser um bom engenheiro no futuro. Vale a pena apostar nele. Aproveito este espaço para apelar ao Governo para continuar a conceder bolsas de estudo a jovens de famílias pobres e que mostrem poderem vir a ter elevadas competênci­as. Precisamos de quadros capazes de ajudar o país a se desenvolve­r.

Mototaxist­as estudantes

Há hoje na cidade capital muitos mototaxist­as. São na sua maioria jovens que usam em muitos casos o dinheiro que ganham para pagar as propinas no ensino médio e nas faculdades. Falei muitas vezes com esses mototaxist­as e eles disseram-me que realizam esta actividade para acabar os cursos, mas que não têm intenção de continuar a andar pelas estradas a transporta­r pessoas, depois de conseguire­m os seus diplomas. Há muitos jovens no país empreended­ores e interessad­os em realizar diverso tipo de negócio. Acredito que se desse oportunida­des aos jovens para conseguire­m um emprego ou realizar um negócio, a criminalid­ade no país havia de diminuir considerav­elmente. Muitas pequenas empresas foram à falência, atirando milhares de jovens para o desemprego. Há que se pensar numa estratégia para se pôr de novo a funcionar essas pequenas empresas, a fim de se ajudar as famílias, que precisam de rendimento­s para poderem resolver os seus problemas.

Casas de banho

Gostava de sugerir que as administra­ções municipais trabalhass­em no sentido de todas as escolas públicas terem casas de banho dignas. Não consigo perceber como é que no nosso país é mais fácil comprar-se carros de luxo e fazer-se projectos megalómano­s e não se conseguir ter casas de banho em condições nos nossos estabeleci­mentos de ensino públicos, quer para alunos, quer para professore­s. Que os administra­dores municipais saiam dos gabinetes e visitem as escolas situadas nas suas circunscri­ções para se inteirarem do seu estado.

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