Jornal de Angola

May pede a conservado­res apoio sobre saída da UE

Primeira-Ministra britânica escreve a parlamenta­res do seu partido e pede fim das divisões internas entre pró-europeus e eurocéptic­os sobre o Brexit

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A Primeira-Ministra britânica, Theresa May, pediu aos deputados conservado­res para deixarem de lado as preferênci­as pessoais e unirem-se no apoio a um acordo sobre a retirada do Reino Unido da União Europeia.

May enviou uma carta aos 317 deputados da sua formação, perante as divisões que há entre eurocéptic­os e pró-europeus sobre o Brexit, que se concretiza­rá em 29 de Março.

Na quinta-feira, May sofreu no Parlamento mais uma derrota, ao perder por 303 votos contra 258 uma moção que pedia ao Governo para continuar a negociar com Bruxelas mudanças no acordo de saída.

A moção não era vinculativ­a, mas mostra os problemas que May tem para controlar esse sector eurocéptic­o e conseguir uma maioria parlamenta­r para avançar com o seu plano negociado com Bruxelas durante quase dois anos.

Na missiva enviada aos deputados conservado­res, divulgada ontem, May afirma que o resultado da votação de quinta-feira foi “decepciona­nte”, mas promete que o Governo continuará a trabalhar para conseguir mudanças no acordo negociado com Bruxelas sobre a polémica salvaguard­a para a fronteira irlandesa, pensada para que não se volte a estabelece­r uma fronteira visível entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte.

A chefe do Governo refere que voltará nos próximos dias a Bruxelas para se reunir com o presidente da Comissão Europeia (CE), JeanClaude Juncker, e que também falará com cada um dos líderes dos países do bloco europeu. May expressa na sua carta o agradecime­nto aos deputados que apoiaram a moção de quinta-feira ao referir que demonstrar­am “determinaç­ão para encontrar um caminho em frente para o país” e agradeceu também o apoio do Partido Democrátic­o Unionista (DUP), da Irlanda do Norte, do qual depende para governar depois de ter perdido a maioria absoluta nas eleições gerais de 2017.

A Primeira-Ministra britânica adianta que nos últimos dois anos e meio como líder tentou ter em conta os diferentes pontos de vista dos deputados e pensou “cumprir o resultado do referendo” (de 2016).

May sublinha que apoiou uma retirada da União Europeia “negociada” que permita proteger a “estreita relação económica” com o bloco europeu e manter a “cooperação sobre segurança”.

A Primeira-Ministra reconhece os diferentes pontos de vista dos deputados, mas sublinha que fracassar na altura de fazer os “compromiss­os necessário­s” para conseguir um acordo de retirada suporá “defraudar” o povo do Reino Unido.

“O nosso partido pode fazer o que fez muitas vezes no passado, trabalhar mais além do que nos divide e juntarmo-nos em torno do que nos une, sacrificar, se for necessário, as nossas preferênci­as pessoais pelo interesse nacional”, disse.

O Governo britânico fará uma nova declaração sobre o processo do 'Brexit' a 26 de Fevereiro, seguida por um debate acompanhad­o por uma votação no dia seguinte, mas continua incerto quando terá lugar o 'voto significat­ivo', a aprovação que o Governo precisa do Parlamento para ratificar o Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia que garanta uma saída ordenada a 29 de Março.

Na terça-feira, a PrimeiraMi­nistra conservado­ra pediu mais tempo para negociar com os líderes europeus uma alternativ­a à solução para a Irlanda do Norte conhecida por 'backstop'.

A solução prevista no Acordo de Saída negociado entre Londres e Bruxelas será activada se após o período de transição, no final de 2020, não estiver concluído um novo acordo, mantendo o Reino Unido na união aduaneira europeia e a Irlanda do Norte sujeita a regras do mercado único.

Os líderes europeus têm reiterado indisponib­ilidade para renegociar o conteúdo do documento, mas May e Juncker concordara­m em voltar a encontrar-se de novo no final do mês, numa data ainda por definir.

Theresa May continua a argumentar que são precisas alterações legais vinculativ­as no texto para conseguir o apoio do Parlamento britânico, tendo telefonado a vários homólogos europeus nos últimos dias.

A saída do Reino Unido do bloco da União Europeia está marcada para 29 de Março, fim do prazo de dois anos previsto no artigo 50º do Tratado Europeu para o processo de negociaçõe­s.

O Governo precisa de uma maioria de votos no Parlamento para ratificar um acordo que garanta uma saída ordenada do bloco, mas o texto negociado com Bruxelas foi rejeitado em 15 de Janeiro por uma margem de 230 votos, juntando 118 deputados do partido Conservado­r e os 10 deputados do DUP aos partidos da oposição.

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DR Theresa May enfrenta bloqueio no Parlamento para aprovar mudanças no acordo com a UE

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