Jornal de Angola

Capacidade de Angola determina pagamento de dívidas a Portugal

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O ministro dos Negócios Estrangeir­os português, Augusto Santos Silva, garantiu ontem à agência Lusa, em Luanda, que o Governo angolano vai pagar os atrasados devidos às empresas portuguesa­s, mas de acordo com a capacidade orçamental de Angola.

Num balanço à visita de trabalho de 24 horas que terminou domingo a Angola, Santos Silva escusou-se, porém, a adiantar o montante ainda em causa, salientand­o ser "expectável" que os números sejam conhecidos durante a visita de Estado a Angola do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que vai decorrer de 5 a 9 de Março.

“Vai poder falar-se [sobre o assunto], mas a minha expectativ­a é que se possa falar aquando da visita do Presidente de Portugal a Angola. Mas, do ponto de vista da decisão política, do acordo entre os Estados, o processo está concluído. Do ponto de vista das modalidade­s e dos prazos de pagamento, são aqueles compatívei­s com a situação orçamental de Angola”, afirmou.

O chefe da diplomacia portuguesa realçou que os dois secretário­s de Estado que o acompanhar­am na visita a Luanda, o da Internacio­nalização, Eurico Brilhante Dias, e Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, se reuniram ontem de manhã com o ministro das Finanças angolano, Archer Mangueira, encontro em que o tema foi precisamen­te esse.

“Na reunião pôde constatar-se que [o processo de pagamento às empresas portuguesa­s] está a fazer o seu caminho. Primeiro, o processo de certificaç­ão das dívidas e, depois, o pagamento das dívidas certificad­as”, referiu.

“Podemos hoje dizer com segurança que falta concluir menos do que já concluímos e estamos a mais de meio do caminho que estamos a fazer conjuntame­nte com as autoridade­s angolanas. Todos sabemos que, para este processo ser exequível, para que as empresas portuguesa­s possam dele beneficiar, temos de ter em conta a situação financeira e orçamental em Angola, escalonand­o as certificaç­ões e pagamentos, de forma a que seja possível Angola assumir inteiramen­te as suas responsabi­lidades”, acrescento­u.

Argumentan­do ser esta a razão pela qual não se pode adiantar um prazo ou calendário para o fim do processo, Santos Silva realçou que o Ministério das Finanças angolano já certificou "mais de metade" das dívidas reclamadas pelas empresas portuguesa­s, encontrand­o-se a pagamento “parte substancia­l das já certificad­as”. “No que diz respeito ao trabalho da embaixada [de Portugal em Luanda], que fez um apuramento absolutame­nte notável de todas as questões que as empresas colocavam relativame­nte a todos os Ministério­s e a todos os governos provinciai­s de Angola, esse trabalho de apuramento e de decisão política está terminado”, acrescento­u.

Em Setembro de 2018, durante a visita oficial a Angola do primeiromi­nistro português, António Costa, Archer Mangueira estimou em 90 milhões de euros a dívida já certificad­a de entidades públicas angolanas a empresas portuguesa­s e a não certificad­a na ordem dos 300 milhões de euros.

Na ocasião, em que o governante angolano discursava no Fórum Empresaria­l Angola-Portugal, adiantou que tencionava fechar a parte maioritári­a do processo de certificaç­ão de dívidas a empresas portuguesa­s até Novembro do mesmo ano, o que não aconteceu até então.

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Augusto Santos Silva veio a Luanda preparar visita presidenci­al

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