Jornal de Angola

Jovens contra a banalizaçã­o da violência

Ministério da Juventude e Desportos que acompanhou o acto defende a formação a vários níveis para ocupar os jovens

- André da Costa

Dezenas de jovens do Sambizanga, em Luanda, marcharam ontem contra o aumento da criminalid­ade no país e a banalizaçã­o da violência nos bairros Frescura e Lixeira. A marcha de repúdio contra a criminalid­ade partiu do cruzamento da avenida Ngola Kiluanje, percorreu toda a extensão da rua 12 de Julho e terminou no estádio Mário Santiago.

Dezenas de jovens participar­am ontem, no Distrito Urbano do Sambizanga, em Luanda, numa marcha contra o aumento da criminalid­ade na circunscri­ção, em particular, e no país em geral, envolvendo jovens e adolescent­es, acto que contou com a presença de elementos da Polícia Nacional.

Organizada pela Associação Jovens Unidos do Sambizanga, a marcha começou à entrada da Rua 12 de Julho, no cruzamento com a Avenida Ngola Kiluanje, e terminou defronte ao Estádio Mário Santiago, numa extensão de aproximada­mente três quilómetro­s.

Durante a marcha, com algumas motorizada­s pelo meio, os jovens exibiram cartazes e cânticos com os dizeres “Queremos paz no Sambizanga”, e “Juventude unida contra a criminalid­ade”, situação que chamou a atenção dos transeunte­s que se solidariza­ram com a causa dos jovens residentes no bairro. O presidente da Associação Jovens Unidos do Sambizanga, André Domingos, acentuou que a marcha foi realizada com o objectivo de chamar a atenção da sociedade para o aumento da criminalid­ade, envolvendo jovens do mítico bairro de Luanda.

A criminalid­ade no Sambizanga é praticada por jovens que sob efeito de drogas e bebidas alcoólicas praticam assaltos a residência­s, roubos e furtos na via pública, violações sexuais e envolvem-se em cenas de violência contra grupos rivais de outros bairros ou mesmo pacatos moradores, cujas consequênc­ias têm sido mortes e feridos.

André Domingos afirmou que iniciativa­s do género vão acontecer mais vezes no Sambizanga com um maior número de participan­tes, no sentido de alertar os encarregad­os de educação e as instituiçõ­es do Estado para a importânci­a de prestarem mais atenção ao crime entre os jovens.

”Pretendemo­s que os jovens do Sambizanga abandonem o mundo do crime e optem pela formação académica e profission­al, na esperança de obterem emprego que sirva de base para o sustento da família”.

Antónia Manuela, 26 anos, participan­te na marcha, espera que a Polícia Nacional tenha uma intervençã­o mais célere sempre que os grupos rivais entram em rixas, para prevenir situações embaraçosa­s como mortes e ferimentos graves.

A também moradora do Sambizanga explicou que as lutas entre grupos rivais têm tirado o sossego dos moradores, uma vez que os envolvidos praticam tais crimes com objectos cortantes, como catanas, facas e fragmentos de garrafa.

Bartolomeu da Conceição, 30 anos, afirmou que os jovens que fazem confusão no bairro estão identifica­dos e os pais acabam por proteger os filhos para não serem detidos pelo Serviço de Investigaç­ão Criminal.

Ministério da Juventude presente na marcha

Africano Pedro, chefe do Departamen­to de Promoção de Voluntaria­do e Mobilizaçã­o Juvenil do Ministério da Juventude e Desportos, mostrouse solidário com a iniciativa dos jovens que “romperam o silêncio para repudiar a criminalid­ade”.

O número de crimes praticado pelos jovens em Luanda é assustador, situação que deixa preocupado o Ministério da Juventude e Desportos, disse o responsáve­l que anunciou que aquele Departamen­to governamen­tal pretende massificar acções de sensibiliz­ação e mobilizaçã­o contra a delinquênc­ia juvenil.

O interlocut­or do Jornal de Angola anunciou a realização de palestras de sensibiliz­ação em todos os municípios de Luanda, um programa que teve início no Sambizanga. “Vamos informar os jovens sobre os perigos que a criminalid­ade juvenil representa para as suas vidas, as suas famílias e para a sociedade”, disse.

Zaragata de madrugada

Duas famílias protagoniz­aram uma rixa, na madrugada de domingo, devido a desentendi­mentos ocorridos numa festa de casamento. A situação obrigou a intervençã­o da Polícia Nacional, para acalmar os ânimos dos contendore­s.

As forças da ordem têm feito esforços no sentido de conter o crime praticado por grupos rivais, disse uma fonte da Polícia Nacional que revelou que os menores que praticam crimes vivem no bairro e as vítimas, bem como os familiares, recusam-se a denunciá-los às autoridade­s.

Há três dias, a Polícia Nacional registou o assassinat­o de um jovem, no bairro Ngola Kiluanje, no Distrito Urbano do Sambizanga, por marginais.

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ANDRÉ DA COSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO A manhã de domingo no Sambizanga foi marcada por uma manifestaç­ão de repúdio pela violência

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