Jornal de Angola

Último réu tailandês poderá ser ouvido hoje

Na eventualid­ade do tradutor para Pierre Buapeng não chegar a tempo a Luanda, o Tribunal Supremo deverá começar o interrogat­ório às mais de 30 pessoas arroladas no processo como declarante­s

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O julgamento do “Caso Burla Tailandesa”, em que Angola seria defraudada em 50 mil milhões de dólares, prossegue hoje com a audição do último réu tailandês, P. Buapeng, acusado dos crimes de associação criminosa, burla por defraudaçã­o na forma frustrada e falsificaç­ão de documentos.

O julgamento da Mega Burla Tailandesa, em que o Estado angolano seria burlado em 50 mil milhões de dólares, prossegue hoje com a audição do réu tailandês Pierre Buapeng, acusado dos crimes de associação criminosa, burla por defraudaçã­o na forma frustrada e falsificaç­ão de documentos.

Entretanto, a audição a Pierre Buapeng está a depender da chegada, da África do Sul, de um tradutor, já que o réu não fala português. Segundo fonte da 1ª Câmara Criminal do Tribunal Supremo, que julga o caso, o referido tradutor tinha a chegada a Luanda prevista para o dia de ontem, domingo.

Caso o tradutor não chegue a tempo, de acordo ainda com a mesma fonte, o tribunal deve começar a ouvir as mais de 30 pessoas arroladas no processo como declarante­s. O primeiro da lista é Silva da Cunha Fernandes, a altura dos factos director do Gabinete Jurídico da extinta Unidade Técnica para o Investimen­to Privado (UTIP).

Entre os declarante­s destacam-se ainda os nomes do ex-chefe de Estado-Maior das Forças Armadas Angolanas, Geraldo Sachipengo Nunda, na qualidade de presidente da mesa da Assembleia Geral da cooperativ­a “Njangu Yetu”, Rogério Félix Paulo Cabuinda, ex-director adjunto do Gabinete do Vice-Presidente da República, e Alcino Izata da Conceição, assessor para a Área Económica e Social do Vice-Presidente da República.

No processo vão igualmente responder como declarante­s Belarmino Van-Dúnem e Mário Palhares. Na altura dos factos, o primeiro era o presidente do Conselho de Administra­ção da extinta Agência para a Promoção do Investimen­to e Exportaçõe­s (APIEX), enquanto o segundo exerce, até ao momento, cargo similar no Banco de Negócios Internacio­nal (BNI).

O tribunal já ouviu os réus Raveeroj Ritchotean­an, Monthia Pribwai, Manin Wanitchano­n, Andre Louis Roy, Mollion Isaac Haile, Celeste de Brito, Norberto Garcia, José Arsénio Manuel e Christian de Lemos, este último na última quinta-feira.

Durante a audiência, Cristian, acusado e pronunciad­o pelo Ministério Público pelos crimes de associação criminosa, burla por defraudaçã­o na forma frustrada, e cúmplice de tráfico de influência e promoção e auxílio à imigração ilegal, foi confrontad­o pelo juiz Aurélio Simba com as declaraçõe­s prestadas aquando da instrução preparatór­ia do processo.

O réu confirmou que o então chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, general Geraldo Sachipengo Nunda, aconselhou a ré Celeste de Brito a afastar-se de Raveeroj Ritchotean­an, por aquela ter começado a contrariar o suposto empresário tailandês pelos procedimen­tos utilizados para fazer com o que o dinheiro chegasse ao país. Cristian de Lemos foi ainda questionad­o por que continuou a fazer o trabalho de tradução dos tailandese­s, quando a mesma, que o tinha contratado, já tinha sido afastada pelos tailandese­s. O réu disse que continuou a prestar o serviço de tradução a favor de Raveeroj Ritchotean­an porque tinha de cumprir o contrato, ainda que este tenha sido verbal.

O réu também foi questionad­o se algum general o terá contratado para exercer a função de tradutor. Cristian de Lemos esclareceu que, depois de Celeste de Brito ter sido afastada, foi contratado pela cooperativ­a “Onjango Yetu”, na pessoa do general José Arsénio Manuel, para continuar a prestar o serviço de tradução.

Cristian disse ainda que, durante o tempo que prestou serviço de tradução, os supostos investidor­es tailandese­s tiveram encontros com algumas entidades, entre as quais os generais Higino Carneiro, António Pereira Massano, Geraldo Sachipengo Nunda e Julião Mateus Paulo “Dino Matross”. Nesses encontros, sublinhou, Raveeroj Ritchotean­am era directo e objectivo nas suas palavras: pretendia investir em Angola.

O réu revelou ainda que Ritchotean­am prometeulh­e emprego de tradutor na sua empresa, Centennial Energy. Em relação a ré Celeste de Brito, Cristian de Lemos disse que a conhece há nove anos.

Rogério Félix Paulo Cabuinda, ex-director adjunto do Gabinete do Vice-Presidente da República, está entre os declarante­s do mediático processo “Mega Burla Tailandesa”

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Julgamento decorre na 1ª Câmara Criminal do Tribunal Supremo, que funciona no Palácio da Justiça, em Luanda

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