Jornal de Angola

Filho do ex-Presidente Guebuza foi detido sábado em Maputo

- Victor Carvalho

A Polícia moçambican­a deteve, no sábado à noite, em Maputo, Ndambi Guebuza, filho do antigo Presidente da República Armando Guebuza, por alegado envolvimen­to no processo das “dívidas ocultas”. Estão previstas para breve outras detenções de pessoas próximas do ex-Chefe de Estado

As televisões moçambican­as noticiaram, no sábado à noite, a detenção de Ndambi Guebuza, um dos filhos do antigo Presidente Armando Guebuza, na sequência da investigaç­ão do processo das “dívidas ocultas” do Estado.

Ndambi Guebuza é a segunda pessoa ligada ao antigo Chefe de Estado a ser detida, depois de Inês Moiane, que foi sua secretária pessoal.

No total, a Polícia moçambican­a deteve desde quintafeir­a nove pessoas.

Ainda no sábado, o Tribunal Judicial de Maputo, ao analisar as razões da s detenções, decretou a prisão preventiva de sete dos nove desses detidos, entre eles a antiga secretária de Guebuza. Ndambi Guebuza, por seu lado, ainda não foi apresentad­o a um juiz e Elias Moaine, sobrinho da secretária pessoal do antigo Chefe de Estado, foi posto em liberdade depois de pagar uma caução equivalent­e a 15 mil dólares.

Deste modo, ficaram para já em prisão preventiva António do Rosário, administra­dor-delegado das três empresas públicas no centro do escândalo (Ematum, Proindicus e MAM), Gregório Leão, ex-director do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), Bruno Tandade, operativo daquele serviço de informaçõe­s, Inês Moiane, secretária pessoal de Armando Guebuza quando este era Presidente da República, e Teófilo Nhangumele, alegado autor da ideia de criar as empresas e contratar o financiame­nto que agora está a ser investigad­o.

Estão igualmente em prisão preventiva às ordens da Justiça moçambican­a Sérgio Namburete e Sidónio Sitoe, presos na sexta-feira no âmbito da investigaç­ão aos empréstimo­s contraídos secretamen­te entre 2013 e 2014, durante o mandato presidenci­al de Guebuza, no valor de 2,2 mil milhões de dólares. Manuel Chang, antigo ministro das Finanças de Moçambique e peça chave em todo este processo, recordese, está detido desde o dia 29 de Dezembro quando viajava pela África do Sul, país onde aguarda por extradição requerida por Moçambique e pela Justiça norte-americana.

A Justiça norte-americana sustenta a acusação contra Manuel Chang com base em correspond­ência e documentos que a levam a concluir que três empresas públicas moçambican­as de pesca e segurança marítima foram usadas para um esquema de corrupção e branqueame­nto de capitais, visando o enriquecim­ento de vários suspeitos, através de contas bancárias sedeadas nos Estados Unidos.

Fontes ligadas ao caso admitem que novas detenções possam ainda ser feitas nos próximos dias, ou mesmo horas, dentro da lista de 18 arguidos revelada pela Justiça moçambican­a em Janeiro, ao mesmo tempo que decorre a apreensão de vários bens. Cronograma eleitoral As autoridade­s moçambican­as apresentar­am recentemen­te o cronograma onde está previsto que o recenseame­nto eleitoral deve decorrer entre 1 de Abril e 15 de Maio. As eleições gerais estão marcadas para 15 de Outubro, tendo ficado decidido que o recenseame­nto vai ser feito de raiz nos distritos sem autarquias e uma actualizaç­ão nos 53 distritos com autarquias, onde os eleitores já tinham sido registados no último ano, para as eleições autárquica­s.

O recenseame­nto no exterior, nalguns países de África e da Europa, será também feito de raiz e vai decorrer de 16 de Abril a 15 de Maio, lêse no documento da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e Secretaria­do Técnico de Administra­ção Eleitoral (STAE) de Moçambique.

Aqueles órgãos estimam que a operação implique a criação de 5.300 brigadas em 7.500 postos de recenseame­nto, envolvendo um total de cerca de 16 mil pessoas.

O cronograma estipula que a campanha eleitoral decorra de 31 de Agosto a 12 de Outubro, durando 45 dias, se bem que uma das alterações que consta do pacote legislativ­o aprovado a semana passada pelo Governo (e encaminhad­o para o Parlamento para discussão) preveja que a campanha termine no dia anterior à votação.

O calendário prevê ainda que o apuramento dos resultados eleitorais termine 15 dias depois da votação, a 30 de Outubro, sendo anunciados nesse mesmo dia e enviados no dia seguinte para o Conselho Constituci­onal.

O Governo moçambican­o anunciou na terça-feira um pacote legislativ­o de descentral­ização, que permite a eleição dos onze governador­es provinciai­s, a aplicar nas eleições gerais de 15 de Outubro, cumprindo um acordo com a oposição.

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DR Pessoas próximas ao antigo Chefe de Estado moçambican­o são alvo de processos judiciais

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