Manifestantes querem mais pessoas nas ruas
Os organizadores dos protestos no Sudão pediram ontem a presença de um milhão de manifestantes nas ruas a partir de hoje de forma a pressionar o Conselho Militar de Transição a entregar o poder aos civis.
A BBC adianta que, Mohammed Usman Yahya, do Partido Unionista Unificado, na oposição, disse ser importante o reforço do número de manifestantes nas ruas de modo a que os militares se sintam pressionados a ceder ao poder às forças civis para que estas “possam pôr o país a funcionar.”
“A revolução deve ser partilhada por todos os sudaneses e não pode ter uma liderança nas mãos de pessoas que ao longo dos anos se revelaram opressoras das liberdades”, sublinhou o responsável numa alusão directa ao facto de a maior parte dos membros do Conselho Militar de Transição terem apoiado ao longo de muitos anos o deposto Presidente Omar al-Bashir.
Irfan Siddiq, embaixador do Reino Unido em Cartum, igualmente ouvido pela BBC, disse que o Sudão só tem a ganhar com uma passagem rápida do poder para as forças civis.
“Acredito que os militares estão a trabalhar seriamente para ceder o poder aos civis até ao final deste mês”, disse o mesmo diplomata.
Neste momento, porém, o grande obstáculo à transição do poder para os civis reside no facto de os militares ainda não terem um grupo organizado com quem negociar, uma vez que a oposição ainda tenta encontrar uma pessoa que reúna os consensos necessários para liderar a sua equipa nas discussões para a escolha de um primeiro-ministro e, consequentemente, para a formação de um governo.
O apelo para que um milhão de pessoas saia às ruas em protesto contra os militares é uma forma simplista de tentar ganhar tempo, mas não resolve o problema essencial que é a falta de entendimento para uma efectiva assumpção do poder.
Outra fonte de pressão sobre os sudaneses é feita pela União Africana, que deu até ao final do mês para o estabelecimento de um poder civil, e também pela China, Rússia, Arábia Saudita e Emiratos Árabes Unidos, que defendem a estabilidade do Conselho Militar de Transição e ainda da “troika” constituída pelos Estados Unidos, Reino Unido e Noruega, que desejam passos seguros para o estabelecimento da democracia no país.