Jornal de Angola

Governo emite mandado para deter Khalifa Haftar

O Governo líbio, reconhecid­o pela comunidade internacio­nal, criticou o silêncio dos aliados internacio­nais face à ofensiva militar rebelde sobre a cidade de Tripoli e emitiu um mandado de captura para deter, onde quer que se encontre, o marechal Khalifa H

- Victor Carvalho

O procurador-geral militar do Governo de União Nacional (GNA) líbio emitiu um mandado de prisão contra o marechal Khalifa Haftar e pediu que seja accionado, “onde quer que se encontre”, na sequência das acusações recentemen­te feitas de que o líder rebelde cometeu “crimes de guerra” durante a ofensiva contra a cidade de Tripoli.

A AFP avança que, além da “detenção imediata” do marechal Haftar, que esta semana teve um encontro discreto com o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, o procurador ordenou também a prisão dos seis comandante­s-adjuntos, acusados de terem coordenado os ataques aéreos contra instalaçõe­s e bairros civis de Tripoli.

A 11 de Abril, o próprio marechal Haftar tinha assinado também um mandado de detenção contra o Primeiro-Ministro do Governo instalado em Tripoli, Fayez al-Sarraj, ao qual acusa de “usurpação ilegal do poder.”

O incómodo silêncio dos aliados

A BBC revelou ontem que Fayez al-Sarraj está “incomodado” com o silêncio de países que julgava serem seus aliados, mas que assistem de “braços cruzados” à “criminosa” ofensiva militar das tropas de Khalifa Haftar.

Em declaraçõe­s a esta estação televisiva, Fayez al-Sarraj considera que os líbios começam a sentir-se “abandonado­s pelo mundo” e “frustrados com o silêncio da comunidade internacio­nal” face ao que se está a passar actualment­e na cidade de Tripoli.

Fayez al-Sarraj disse temer que a actual divisão da comunidade internacio­nal em relação ao que está a acontecer na Líbia pode repetir o cenário de 2011, onde o país foi “completame­nte abandonado à sua sorte”, iniciando aí uma longa caminhada de destruição como resultado de uma feroz guerra entre diversas forças que lutavam pelo poder.

Na quinta-feira, o Governo presidido por Fayez al-Sarraj emitiu um comunicado onde lançava fortes críticas à França por, alegadamen­te, este país estar a apoiar o marechal Haftar, violando, no seu entender, acordos bilaterais na área da segurança.

Paris desmentiu estar a apoiar Khalifa Haftar e reafirmou o empenho em tudo fazer para “restaurar” a paz e a tranquilid­ade na Líbia, ao abrigo dos acordos assinados com o Governo que é internacio­nalmente reconhecid­o como “legítimo.”

Fayez al-Sarraj chamou também atenção para o perigo de o Estado Islâmico aproveitar a actual situação em Tripoli para reocupar posições das quais havia sido expulso muito recentemen­te.

“O caos e a desordem provocados pelos ataques aéreos das forças de Khalifa Haftar estão a ajudar o Estado Islâmico a reconquist­ar algumas das posições que tinham perdido desde 2016”, disse Fayez al-Sarraj nas declaraçõe­s à BBC.

Neste momento, decorre uma ofensiva militar iniciada pelas tropas do marechal Khalifa Haftar sobre a cidade de Tripoli e que segundo a Organizaçã­o Mundial da Saúde fez já mais 200 mortos e cerca de mil feridos.

O Conselho de Segurança da ONU tem tentado aprovar uma moção a condenar a escalada de violência da Líbia e a apelar ao fim das hostilidad­es, mas a Rússia tem usado o direito de veto para impedir a aprovação de uma resolução crítica ao marechal Khalifa Haftar, defendendo que ele deve ser tratado em pé de igualdade com Fayez al-Sarraj.

Esta exigência tem levantado fortes divergênci­as e travado os avanços a nível do Conselho de Segurança, uma vez que Fayez al-Sarraj é o Primeiro-Ministro de um Governo oficialmen­te apoiado e reconhecid­o como “legítimo” por parte das Nações Unidas.

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DR O marechal Khalifa Haftar é acusado pelo Governo da Líbia de “crimes de guerra”

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