Moradores do Rangel e Ministério da Construção chegam a entendimento
O braço de ferro que já dura há dois anos, entre o Governo Provincial de Luanda e os moradores do Reordenamento do Rangel, que têm as casas junto ao viaduto em construção, na passagem de nível do Tunga Ngo, pode chegar ao fim na próxima semana, com a transferência das oito famílias afectadas pela obra.
O porta-voz dos moradores, Egildo Vicente, disse que, finalmente, o problema está em vias de ser solucionado. Avançou que as negociações com a área de Infra-estruturas do Ministério da Construção decorrem a bom ritmo, estando prevista uma visita ao projecto KK 5.000, onde, provavelmente, vão ser alojados.
Durante dois anos, observou-se um “braço de ferro” entre as partes, devido à falta de saneamento do bairro MaiéMaié e qualidade das casas que, inicialmente, estavam para ser entregues aos moradores.
Adão Vicente afirmou ao Jornal de Angola que de início a administração do Distrito do Rangel e o Ministério da Construção pretendiam retirar os moradores sem que estes concordassem com a tipologias das casas.
“Havia uma imposição por parte do Estado e recusamonos de sair à força, porque as nossas casas foram construídas no tempo colonial e não se encontram na zona de risco, como inicialmente nos queriam fazer crer”, disse.
A primeira proposta era para serem transferidos no bairro do Maié-Maié, situado a uns quilómetros depois da centralidade do Cacuaco.
Adão Vicente lembrou que, entre a centralidade do Sequele, Cacuaco e o bairro do MaiéMaié, são quase três quilómetros de distância, sem asfalto e com um matagal à volta.
Além de ser um percurso sem segurança, sobretudo no período nocturno, os moradores avaliaram ser uma localidade sem escolas, hospitais, esquadra da polícia, energia eléctrica e água potável.
“Não era possível submetermos naquelas condições os nossos filhos”, asseverou, afirmando que as casas eram pequenas e muros nos quintais.
A rejeição dos moradores fez com que o Ministério da Construção propusesse outras moradias num projecto semelhante, também no MaiéMaié, que estava contemplada com ruas asfaltadas.
“Ainda assim, negamos porque não haviam condições básicas para as pessoas e a rua que liga a centralidade do Sequele, é completamente escura à noite”, notou.
Nem mesmo a promessa de receber três casas por uma (a ser demolida) estimulou os moradores do Rangel. Alguns moradores deixaram faz tempo de ser inquilinos do Estado, tendo adquirido as casas. “Apesar de alguns serem ainda inquilinos, não era justo que o Estado os pusesse numa zona precária, sem as mínimas condições de habitabilidade e até de falta de escolas para a educação dos filhos”. O porta-voz conta que, durante o processo de negociação, dois moradores cederam à exigência e, nesta altura, residem no Maié-Maié.
“Aceitaram porque não tinham as casas ainda comparadas”, disse.
Ao lembrar que passaram por fases difíceis e até de intimidação, Adão explica que, numa altura, os próprios moradores propuseram o Estado a transferi-los para o projecto do Zango Zero.
“A intimidação levounos constituir um advogado, uma vez que as obras de passagem de nível da linha férrea haviam iniciado sem que acontecesse um diálogo com os moradores”.
Adão Vicente salientou que os outros moradores que tinham as casas na zona de risco, junto a parede do Beiral, foram alojados no Zango 3 (no projecto denominado Luanda Limpa).