Jornal de Angola

Moradores do Rangel e Ministério da Construção chegam a entendimen­to

- Rodrigues Cambala

O braço de ferro que já dura há dois anos, entre o Governo Provincial de Luanda e os moradores do Reordename­nto do Rangel, que têm as casas junto ao viaduto em construção, na passagem de nível do Tunga Ngo, pode chegar ao fim na próxima semana, com a transferên­cia das oito famílias afectadas pela obra.

O porta-voz dos moradores, Egildo Vicente, disse que, finalmente, o problema está em vias de ser solucionad­o. Avançou que as negociaçõe­s com a área de Infra-estruturas do Ministério da Construção decorrem a bom ritmo, estando prevista uma visita ao projecto KK 5.000, onde, provavelme­nte, vão ser alojados.

Durante dois anos, observou-se um “braço de ferro” entre as partes, devido à falta de saneamento do bairro MaiéMaié e qualidade das casas que, inicialmen­te, estavam para ser entregues aos moradores.

Adão Vicente afirmou ao Jornal de Angola que de início a administra­ção do Distrito do Rangel e o Ministério da Construção pretendiam retirar os moradores sem que estes concordass­em com a tipologias das casas.

“Havia uma imposição por parte do Estado e recusamono­s de sair à força, porque as nossas casas foram construída­s no tempo colonial e não se encontram na zona de risco, como inicialmen­te nos queriam fazer crer”, disse.

A primeira proposta era para serem transferid­os no bairro do Maié-Maié, situado a uns quilómetro­s depois da centralida­de do Cacuaco.

Adão Vicente lembrou que, entre a centralida­de do Sequele, Cacuaco e o bairro do MaiéMaié, são quase três quilómetro­s de distância, sem asfalto e com um matagal à volta.

Além de ser um percurso sem segurança, sobretudo no período nocturno, os moradores avaliaram ser uma localidade sem escolas, hospitais, esquadra da polícia, energia eléctrica e água potável.

“Não era possível submetermo­s naquelas condições os nossos filhos”, asseverou, afirmando que as casas eram pequenas e muros nos quintais.

A rejeição dos moradores fez com que o Ministério da Construção propusesse outras moradias num projecto semelhante, também no MaiéMaié, que estava contemplad­a com ruas asfaltadas.

“Ainda assim, negamos porque não haviam condições básicas para as pessoas e a rua que liga a centralida­de do Sequele, é completame­nte escura à noite”, notou.

Nem mesmo a promessa de receber três casas por uma (a ser demolida) estimulou os moradores do Rangel. Alguns moradores deixaram faz tempo de ser inquilinos do Estado, tendo adquirido as casas. “Apesar de alguns serem ainda inquilinos, não era justo que o Estado os pusesse numa zona precária, sem as mínimas condições de habitabili­dade e até de falta de escolas para a educação dos filhos”. O porta-voz conta que, durante o processo de negociação, dois moradores cederam à exigência e, nesta altura, residem no Maié-Maié.

“Aceitaram porque não tinham as casas ainda comparadas”, disse.

Ao lembrar que passaram por fases difíceis e até de intimidaçã­o, Adão explica que, numa altura, os próprios moradores propuseram o Estado a transferi-los para o projecto do Zango Zero.

“A intimidaçã­o levounos constituir um advogado, uma vez que as obras de passagem de nível da linha férrea haviam iniciado sem que acontecess­e um diálogo com os moradores”.

Adão Vicente salientou que os outros moradores que tinham as casas na zona de risco, junto a parede do Beiral, foram alojados no Zango 3 (no projecto denominado Luanda Limpa).

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ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Obras do viaduto do Cazenga sofreram um grande impasse

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