Irão ultrapassa limite das reservas de urânio
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, disse ontem que o Irão ultrapassou o limite imposto às suas reservas de urânio enriquecido pelo acordo nuclear internacional de 2015, segundo a agência Isna.
“De acordo com informações na minha posse, o Irão ultrapassou o limite de 300 quilogramas” de urânio pouco enriquecido, declarou Zarif à Isna.
Esta é a primeira vez que as autoridades de Teerão violam um dos seus compromissos em relação ao pacto.
“Anunciámos (a ultrapassagem do limite) antes”, disse Mohammad Zarif, adiantando que o Irão considera ter o direito de agir deste modo no quadro do acordo.
O porta-voz da Agência de Energia Atómica do Irão (AEAI), Behruz Kamalvandi, já tinha considerado que aquela decisão do Irão procurava “estabelecer um equilíbrio entre as obrigações e os direitos”.
Uma fonte diplomática em Viena, que não quis ser identificada, confirmou à agência France Press que Teerão ultrapassou as reservas autorizadas de urânio enriquecido. “Houve uma ultrapassagem”, disse, sem precisar a que nível isso tinha acontecido.
O Governo do Irão anunciou a 17 de Junho que ultrapassaria a partir de 27 do mesmo mês o limite de 300 quilogramas de reservas de urânio enriquecido a 3,67 por cento determinado pelo acordo de Viena.
O acordo foi assinado entre o Irão e os 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança - Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China - mais a Alemanha). Teerão comprometeu-se a aceitar limitações e maior vigilância internacional do seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções internacionais.
Mas Washington retirouse unilateralmente do pacto há um ano, restaurando sanções devastadoras para a economia iraniana.
Os europeus, a China e a Rússia mantêm o seu compromisso, mas até agora não têm sido capazes de permitir que o Irão beneficie das vantagens económicas com que contava devido às sanções norte-americanas.