Ponte que liga os bairros Popular e Palanca continua destruída
Milhares de pessoas utilizam, todos os dias, a rua Olímpio Macuéria, um pequeno pedaço de asfalto que restou na ponte que ruiu há cinco meses, por altura das enxurradas
A ponte sobre a vala de drenagem, que liga os distritos do Palanca e Neves Bendinha, em Luanda, desabada em Fevereiro, devido às enxurradas, continua sem obras e parcialmente vedada com chapas de zinco.
No local, está instalado um contentor, mas sem a presença de operários e máquinas para erguerem uma nova ponte. A estrada não está interdita para peões, por falta de uma alternativa. Para se transitar a pé, os munícipes procuram redobrar atenção, utilizando um pedaço de asfalto com menos de um metro de largura. A caminhada faz-se sem qualquer segurança nas laterais, em razão da falta de parapeito.
Há 25 anos a morar no Neves Bendinha, Arão Paulo, conta que o Governo de Luanda devia, o mais rápido possível, recuperar a ponte, pelo facto de pôr em perigo a vida das pessoas que circulam todos os dias naquela via.
“O que restou desta ponte é escombro e o pequeno espaço que restou serve de passeio e pode ruir a qualquer altura e fazer vítimas”, indicou.
Todos os dias, são milhares de pessoas que utilizam a rua Olímpio Macuéria, que, na altura do desabamento, provocou a morte de quatro pessoas. Observa-se, a partir dos destroços da ponte, que o asfalto tinha sido aplicado por cima de uma camada de terra vermelha compactada, ao invés de betão.
Isabel Teka, residente no Palanca, admitiu que os populares ignoram a placa de informação sobre o risco de transitar nos escombros da ponte, por falta de um caminho provisório.
A caminhada é feita a passos lentos e, às vezes, num “andapára”, sobretudo quando se regista um fluxo de peões. O que sobrou da ponte não permite que duas pessoas passem ao mesmo tempo e em sentido oposto.
Foi, apenas, criada uma rua alternativa para as viaturas. O caminho está íngreme devido aos buracos e à água parada, atirada pelos moradores das casas defronte a rua. Algumas vezes, inunda porque os moradores deixam as torneiras abertas.
“Abriram um outro caminho para os carros, mas esqueceram-se de criar um outro para as pessoas”, disse Isabel, que confirmou que nunca se registou episódios trágicos no local, mas “tememos pelas crianças que atravessam sozinhas quando vão à escola.”
Os moradores alegam que a rua alternativa não oferece condições para os automobilistas, pois gostariam que, pelo menos, uma vez por mês, fosse feito um trabalho de terraplanagem para acabar com os buracos. “Esta rua tem causado danos a viaturas”, disse um taxista, que mal parou para falar com a nossa reportagem.
O Jornal de Angola contactou o Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Governo Provincial de Luanda para obter informações sobre a previsão do início das obras da ponte, mas sem sucesso.
Atraso no viaduto do Tunga Ngó
As obras do viaduto do Tunga Ngó decorrem a um ritmo lento, apesar de a circulação rodoviária na avenida Hojiya-Henda sofrer alterações no sentido do Rangel ao Cazenga. Os trabalhos de construção, que estiveram paralisados durante dois anos por falta de dinheiro, retomaram em Outubro do ano passado. A data da entrega do viaduto pela empresa Carmon estava prevista para o mês de Maio.
Ao semanário de Economia & Finanças, o secretário de Estado da Construção, Manuel MolaresD’Abril,disse,emOutubrodoanopassado,queasobras podiam ser concluídas num prazo de oito meses, o que não aconteceu até ao momento.
Paralisada em 2015, a obra do viaduto do Tunga Ngó está orçada em mais de dois mil milhões de kwanzas, segundo o Economia & Finanças.
OJornaldeAngolacontactou a direcção da Carmon, empresa responsável pelas obras, mas infelizmente o engenheiro de construção,queatendeuareportagem, avançou não ter autorização para falar à imprensa. Uma fonte disse ao Jornal de Angola que as obras estão atrasadas por falta de verbas.
“O que restou desta ponte é escombro e o pequeno espaço que restou serve de passeio e pode ruir a qualquer altura e fazer vítimas”, indicou o morador no bairro Neves Bendinha