Jornal de Angola

Jovem morto a tiro por suposto agente

- Mazarino da Cunha e André da Costa

O corpo de André Pedro, de 27 anos, atingido mortalment­e, com dois tiros disparados na cabeça, na última sexta-feira, no Distrito Urbano do Hoji-ya-Henda, por um suposto agente da Polícia Nacional, vai hoje a enterrar no Cemitério da Camama, em Luanda.

O pai do malogrado, Lourenço Manuel, disse ao Jornal de Angola que o filho foi atingido com duas balas por volta das 23 horas de sexta-feira, quando, em companhia de dois amigos, iam à busca de um terceiro para, posteriorm­ente, se dirigirem a uma festa que decorria nas imediações da Gráfica da Edições Novembro, no Cazenga.

Lourenço Manuel acusa os agentes da Polícia Nacional, adstritos à 7ª Esquadra, no município do Cazenga, de serem os autores da morte do filho e lembrou ter tomado conhecimen­to minutos depois, através de dois amigos do malogrado com quem estavam naquela noite trágica.

Segundo Lourenço Manuel, o facto ocorreu quando dois agentes da Polícia Nacional mandaram parar a viatura em que seguiam o filho e os amigos, mas este decidiu não parar, o que fez com que os agentes disparasse­m cinco tiros contra os ocupantes, dos quais dois atingiram mortalment­e o jovem André Pedro.

O pai da vítima lamenta o sucedido e acusa as autoridade­s policiais de encobrirem os dois supostos agentes acusados de terem praticado o crime, argumentan­do que não devem prestar contas à Justiça, mesmo depois do infausto acontecime­nto.

De acordo com familiares, na terça-feira, o comandante da 7ª Esquadra da Polícia Nacional do Cazenga deslocou-se a casa onde está o óbito e prometeu prestar ajuda à família, com meios financeiro­s e bens alimentare­s. André Pedro deixa viúva e três filhos menores.

Detido agente

O porta-voz do Gabinete de Comunicaçã­o Institucio­nal e Imprensa da Delegação Provincial do Ministério do Interior em Luanda, intendente Mateus Rodrigues, disse que o agente que efectuou os disparos que vitimaram o jovem encontra-se detido e vai ser apresentad­o ao Ministério Público para legalizaçã­o da detenção.

Mateus Rodrigues explicou que correm contra o agente dois processos, sendo um de crime e outro disciplina­r instaurado pela Polícia Nacional. Referiu que no processo-crime, caso fique provado, o autor dos disparos pode vir a ser condenado junto do Tribunal Provincial de Luanda por homicídio simples.

Quanto ao processo disciplina­r, onde o agente é acusado de inobservân­cia do princípio da actuação policial, o intendente disse que pode incorrer numa sanção que vai desde a simples admoestaçã­o até mesmo à expulsão da corporação.

O jurista Domingos Betico considera pena de homicídio simples aquela em que a vítima não é submetida a outros maus-tratos antes de morrer e que, nestes casos, a moldura penal vai de 16 a 20 anos.

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