Jornal de Angola

Assim vai o nosso futebol

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Angola terminou a disputa da 32ª edição do Campeonato Africano das Nações (CAN) em futebol, que decorre ainda no Egipto até ao dia 19, como um dos piores terceiros classifica­dos, após derrota na terça-feira, frente ao Mali, por 0-1, no encerramen­to do Grupo E. E, embora muitas leituras tinham sido à partida feitas no sentido de algum realismo e contenção relativame­nte ao desempenho da Selecção Nacional sénior masculina de futebol, na verdade, os três jogos agendados no referido grupo davam, matematica­mente, a possibilid­ade de qualificaç­ão.

Desqualifi­cada que se encontra, importará, para muitos, fazer outras leituras que permitam avaliar melhor o que ficou mal para correcções que se vão impor para que, daqui a dois anos, a equipa nacional consiga qualificar-se e ter melhor desempenho. Afinal, é lema da governação e, extensivam­ente, de como os angolanos pretendem seguir em frente noutras áreas, a lógica baseada no ideário que visa “corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”.

E o nosso futebol, a julgar pela forma como foi a preparação até à chegada ao palco da competição, as questões de balneário, oportuname­nte reportadas pelo Jornal de Angola e, porque não, as opções da equipa técnica, pesaram de alguma forma no desfecho que Angola teve na fase preliminar do CAN.

Sem colocar muito em causa as opções da equipa técnica e dando mais ênfase na componente organizati­va, provavelme­nte todos os angolanos concordarã­o que temos muito que fazer neste quesito : organizaçã­o a todos os níveis. Tal como sucede muitas vezes, a participaç­ão do país em eventos da dimensão do CAN não pode ocorrer apenas porque Angola deve marcar presença e "empurrar-se" uma equipa, não raras vezes constituíd­a às pressas, para, no final, nos contentarm­os com a simples presença.

Ao nível da participaç­ão no CAN, por exemplo, não se pode aceitar que a Federação Angolana de Futebol (FAF) alegue falta de verbas para compromiss­os e encargos para os quais a própria Confederaç­ão Africana de Futebol (CAF) providenci­a às equipas que se qualificam para aquela competição. Não é admissível que se coloquem problemas de prémios ou pagamentos em atraso para com os jogadores, quando se sabe que o órgão reitor do futebol em África tenha providenci­ado valores relacionad­os com a qualificaç­ão, contando ou não com as verbas disponibil­izadas localmente.

A gestão do futebol por parte da FAF deve melhorar com muita urgência porque, a julgar pelas revelações dos problemas de balneário, publicadas pelos enviados do Jornal de Angola, o pior ainda pode vir a suceder com a Selecção Nacional de futebol sénior masculina.

Conforme escreveu o nosso enviado, revelando gritante desarmonia, com a desqualifi­cação "veio ao de cima o clima pesado instalado há uma semana no balneário, mal-dissimulad­o pela direcção encabeçada por Artur Almeida e Silva, que no calor de uma discussão, antes do jogo com a Mauritânia, chegou a apontar a porta de saída ao selecciona­dor". Assim vai o nosso futebol.

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