Fundo de Garantia Africano prepara entrada em Angola
Instituição sediada na Tanzânia funciona como um seguro de crédito nos casos em que os clientes não conseguem cumprir os requisitos
O vice-presidente do Fundo de Garantia Africano revelou, terça-feira, que esta instituição financeira de garantias bancárias sediada, na Tanzânia, está a preparar a entrada em Angola, juntando-se aos 40 países africanos onde está presente.
“Até ao final do ano, devemos entrar em Angola. Já tentámos, mas o problema era que não tínhamos ‘rating’ atribuído. Uma vez que, no ano passado, a Fitch nos atribuiu uma notação financeira de AA, ainda este ano, devemos entrar em Angola”, disse Jules Ngankam em entrevista à Lusa.
O Fundo de Garantia Africano é uma instituição financeira que tem como objectivo “eliminar as lacunas entre as Pequenas e Médias Empresas (PME) e as instituições financeiras no continente”, indicou o seu director financeiro e antigo gestor de activos no Banco Barclays.
“Este ‘gap’ é uma consequência do défice de comunicação que existe em termos de informação, de recursos, de garantias colaterais, de talento e de risco”, apontou o responsável.
O modelo de negócio visa oferecer a garantia de pagamento ao banco caso o cliente não consiga cumprir as obrigações, funcionando como um seguro de crédito, explicou Jules Ngankam.
Vocacionado para apoiar o desenvolvimento, o fundo tem um modelo de negócio em que a margem de lucro provém da taxa que cobra aos bancos quando segura os empréstimos: “os bancos pagam-nos um prémio de risco de 1,5 a 3,0 por cento, dependendo do nível de risco e que é retirado dos cerca de 10 por cento que cobram em juros aos clientes”, explicou o responsável, salientando que “o principal foco do fundo é o desenvolvimento económico e a redução da pobreza.”
Em expansão
Nos próximos anos, o objectivo é “aumentar os quase mil milhões de dólares que já garantimos e expandir a nossa presença a todo o continente africano”, vincou Jules Ngankam, que lembrou que o objectivo para este ano é ir novamente ao mercado para angariar cerca de 500 milhões de dólares.
“Existe um ‘gap’ de 150 mil milhões de dólares entre o que as PME precisam e o que os bancos e investidores estão dispostos a financiar”, vincou, salientando que o fundo funciona em termos de garantia dos empréstimos feitos pelos bancos e pelo fornecimento de assistência técnica aos clientes que beneficiam desses empréstimos.
“Quando um banco não quer assumir todo o risco de um empréstimo, nós somos contactados para cobrir o risco de metade do empréstimo e, assim, se o cliente não conseguir pagar, nós suportamos metade do montante e só não financiamos tudo porque, por princípio, o banco tem também de assumir algum risco”, acrescentou o vice-presidente do fundo.
Em Moçambique, o fundo assinou um acordo com o Moza Banco e o Ecobank, tendo garantido quatro milhões de dólares a vários projectos que não são divulgados porque “a transacção é a nível do banco e muitas vezes os clientes nem sabem que o seu empréstimo é segurado por nós, há uma garantia silenciosa”, explicou.
O Fundo de Garantia Africano, fundado na Tanzânia em 2012 pelo antigo presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Donald Kaberuka, e os Governos da Dinamarca e de Espanha, funciona em 40 países no continente, tendo feito acordos com mais de 100 bancos para empréstimos e assistência a mais de 20 mil PME e tem como missão “ajudar as instituições financeiras a aumentarem o financiamento às PME africanas através de garantias financeiras parciais e assistência em termos de desenvolvimento de capacidades.”
“Até ao final do ano, devemos entrar em Angola. Já tentámos, mas o problema era que não tínhamos ‘rating’ atribuído. Uma vez que, no ano passado, a Fitch nos atribui uma notação financeira de AA, ainda este ano, devemos entrar”