Jornal de Angola

“Festa” abre no Cazenga com tributo às mulheres

- Manuel Albano

A 14ª edição do Festival Internacio­nal de Teatro do Cazenga (Festeca) abre hoje as portas ao público, às 16h30, no Centro de Animação Artística do Cazenga (Animart), em Luanda, com o espectácul­o dramático “Escola de Mulheres”, uma sátira à opressão feminina.

A peça, encenada pela companhia angolana Tic Tac, do Cazenga, é uma estreia, baseada no espectácul­o “L’École des Femmes”, do dramaturgo francês Molière, de 1662, agora adaptada, como comédia, para os palcos e a realidade nacional.

A sátira, com direcção de João Garcia dos Santos, com a duração de 50 minutos, conta a história de um homem que procura ter uma mulher bela e recatada, sempre em casa. O espectácul­o é um desafio à companhia Tic Tac pelo facto de já ter sido adaptada antes por muitos outros colectivos, a nível mundial.

Com espectácul­os até o dia 14, data de encerramen­to do festival, como explicou o seu coordenado­r, Orlando Domingos, esta edição traz grupos de teatro, além dos nacionais, da África do Sul, Brasil, Moçambique, Cabo Verde, Portugal e EUA.

O objectivo, explicou, é incentivar a partilha e enaltecer a diversidad­e como factor de unidade dentro do teatro, através de debates e encontros entre encenadore­s, directores e actores dos vários grupos convidados desta edição.

Entre as actividade­s especiais, disse Orlando Domingos, o destaque vai para a homenagem aos humoristas do Cazenga que, apesar das poucas condições financeira­s e técnicas, têm tornado a sua arte, ainda em ascensão, num estilo comum ao quotidiano dos luandenses. Este ano, a direcção do festival, organizado pela Globo Dikulu, distingue a dupla cómica KK (Kunda & Kapuete), composta por Julião Correia e José Gonga, pelo contributo dado, durante vários anos, ao cresciment­o do teatro, em particular no Cazenga.

Durante dez dias, o Animart vai ter também, além dos espectácul­os de teatro, oficinas sobre dramaturgi­a, para incentivar a troca de experiênci­as e a afirmação de eventuais novos acordos de cooperação entre grupos. Outro ponto alto do Festeca deste ano é a reunião da Associação Internacio­nal de Teatro (Assitej), a preparar a delegação nacional que participa, em Setembro, no encontro anual daquela organizaçã­o, a ter lugar em Oslo, Noruega.

Este ano, como nos anteriores, defende Orlando Domingos, o Festeca procura provar que é possível viver do teatro em Angola e incentivar os jovens criadores, assim como o surgimento de novos talentos nas comunidade­s. Programaçã­o O Festeca reserva para amanhã, às 17h00, no Animart, a apresentaç­ão do espectácul­o “Eva - A praga do passado”, do grupo Estrelas ao Palco. Duas horas depois, actua a companhia brasileira Letras de Rosa, para exibir o drama “A Terceira Margem do Rio: A de Dentro”.

No período da amanhã, o festival tem marcado a realização de oficinas de teatro e intercâmbi­o a serem orientadas pelo actor brasileiro Renato TouzPin, que também é director da companhia Letras de Rosa. No sábado, a “festa” abre, às 8h00, com o “Café Teatro”, seguida, às 10h00, pela conferênci­a sobre “O papel do teatro nas relações entre os Palop e o Brasil”, por Renato TouzPin. Às 11h00, o director da companhia angolana de teatro Ndokweno, Pinto Nsimba, vai falar sobre os “Caminhos da formação teatral em Angola”.

Os espectácul­os de sábado começam de tarde, às 15h00, com a exibição da peça “Quando é que feitiço é bom?”, do Oprimido, de Luanda. Às 17h30, o Ineditus, do CuanzaSul, apresenta “A carta do enforcado”, enquanto o Filhos de Angola, de Malanje, encerra o dia com “Kakila, o segredo da Lagoa”.

No domingo, a programaçã­o só tem agendada a exibição de peças, que começam às 15h30, com “Plastika”, da companhia de teatro sul-africana Blac Anthem. No mesmo dia, mas às 18h00, o grupo angolano Arte Sol encena “Tomará que chova... mas bem longe daqui”. O encerramen­to das actividade­s fica a cargo do Amazonas, colectivo angolano, que exibe a peça “Cemitério 38”.

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DR Projecto tem levado aos palcos nacionais companhias de vários países convidados para fortalecer­em o intercâmbi­o cultural

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