Rafael Limonta, um general de dois exércitos
numa fazenda agrícola de Santiago de Cuba, em 5 de Fevereiro de 1939, o general cubano Rafael Moracén Limonta ostenta no peito a condecoração mais solene da ilha, a de Herói da República de Cuba, que lhe foi posta no peito pessoalmente pelo finado comandante da revolução Fidel Castro Ruz.
Filho de um camponês e de uma empregada doméstica, teve uma infância difícil, nunca conseguiuestudareengraxavasapatos para conseguir sobreviver. Posteriormente, teve de seguir os passos do pai e se tornou cortador de cana de açúcar, nos anos do regime de Fulgêncio Baptista.
Vivia as injustiças da guarda rural do ditador cubano contra os camponeses e muito novo juntou-se aos “barbudos”, os guerrilheiros que a partir da montanha “Sierra Maestra” iniciaram a luta contra o regime até conseguirem derrubá-lo, em 1959. A pedido de Agostinho Neto ao líder Cubano Fidel Castro, Rafael Moracén Limonta partiu de Cuba para o Congo, em 1965, a fim de fornecer instrução militar aos guerrilheiros do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) na guerra contra o colonialismo português.
Moracen Limonta participou na luta armada pela Independência de Angola e, posteriormente, na guerra civil, com nacionalidade angolana. Em 2014, foi promovido ao grau militar de tenente-general das Forças Armadas Angolanas pelo ex-Comandante-em-Chefe, José Eduardo dos Santos, depois de ouvido o Conselho de Segurança Nacional, de acordo com a lei angolana, tendo sido autorizada a sua passagem à reforma aos 75 anos “por limite de idade”.
Invocando a prestação de “serviços relevantes ao país”, uma resolução da Assembleia Nacional, que entrou em vigor a 25 de Agosto de 2014, concedeu a nacionalidade angolana ao oficial cubano, que desempenhou igualmente o cargo de adido militar na Embaixada de Cuba, em Luanda. Na impressionante “folha de serviço” do militar cubano, consta que, após a proclamação da Independência Nacional, Moracén foi chamado pelo primeiro Presidente Agostinho Neto para desempenhar o cargo de coordenador da Segurança Presidencial, entre outras funções.
A decisão de conceder-lhe a nacionalidade angolana foi na alturaquestionadapelaoposição, mas resultou de uma proposta apresentadaporumgrupodedez deputadosdo MPL Aaopresidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, em carta de 22 de Janeiro de 2014, de acordo com o regimento.
A concessão da nacionalidade angolana ao general cubano foi também justificada pelo Parlamento com a “luta pela Independência Nacional” de Angola e os “esforços para a preservação da paz, integridade territorial e soberania nacional”, nos quais esteve sempre envolvido Rafael Moracén Limonta, que ostenta também o grau de licenciado em Ciências Sociais.