Recomendado mudança de comportamento da sociedade
Os participantes do III Fórum de Auscultação às Crianças e Jovens que Viveram na Rua recomendam, à sociedade, a inversão de práticas no que toca ao tratamento de menores e jovens de rua. Chamam igualmente a atenção para o fortalecimento das famílias e de melhor tratamento por parte das autoridades.
Em entrevista ao Jornal de Angola, o responsável do Lar Dom Bosco disse que muitas dessas recomendações são iniciativas das próprias crianças que saem das ruas e são acolhidas em lares.
Adjaime de Freitas disse que muitas delas protestam contra os maus-tratos a que são expostas pelos familiares, na rua e pelas autoridades. Como exemplo, apontou alguns casos de crianças que são recolhidas da rua pela Polícia Nacional e levadas às esquadras, onde são submetidas a práticas de lavagem de carros, limpeza e de seguida são outra vez devolvidas à rua.
Actualmente os lares Dom Bosco controlam 273 crianças, dos 8 aos 14 anos, entre as já reinseridas nas famílias e acompanhadas, autónomas e ambulatórias.
Adjaime de Freitas apontou a pobreza no seio das famílias e os maus-tratos como as principais causas que levam as crianças à rua. “Nalguns casos encontramos algumas que abandonam a casa por serem acusadas de práticas de feitiçaria”.
“Quando encontramos uma criança na rua, escolhemos aquelas interessadas em ficar nos nossos lares. De seguida são levadas para o primeiro lar de acolhimento, com a possibilidade dela decidir a sua permanência e nesse caso, desenvolvemos um trabalho mais específico, começando pela reconstrução da sua história, formação profissional e só depois evoluimos para o plano de reinserção social e familiar”, explicou.
O fórum que se enquadra no projecto “Vamos Juntos”, é financiado pela União Europeia, com apoio do Instituto de Ciências Religiosas de Angola (ICRA) e Samusocial Internacional.