Jornal de Angola

Supremo manda soltar empresário Dabine Dabire

- João Dias

O Tribunal Supremo ordenou, na quinta-feira, a soltura do empresário da Costa do Marfim Dabine Dabire, preso há um ano e quatro meses, na cadeia de Viana, em Luanda, por “inexistênc­ia do juízo de probabilid­ade de que terá cometido os crimes de que foi pronunciad­o”.

Dabine Dabire estava em prisão preventiva, depois de indiciado pelo crime de burla por defraudaçã­o ao Estado angolano, associação criminosa, corrupção activa e tráfico de influência. Uma fonte do Tribunal Supremo adiantou que Dabine Dabire recorreu e diante da falta de consistênc­ia do processo, o Tribunal emitiu o mandado de soltura.

Dabine Dabire tinha-se proposto a investir na construção de bairros-pilotos no interior do país, o que o terá levado a reunir com entidades de destaque da vida económica e social do país. Segundo Amor de Fátima, jurista e consultora de media do Tribunal Supremo, o que pode acontecer ao empresário, depois de ter passado quase ano e meio preso, depende da sua vontade. “Se quiser intentar uma acção para que sejam reparados os danos que sofreu na sua esfera quer patrimonia­l, quer pessoal por conta da prisão, terá de fazê-lo de forma autónoma do processo que agora terminou”, disse.

Amor de Fátima sublinhou que um processo de pedido de indemnizaç­ão pelos lucros cessantes e danos emergentes da prisão injusta, depende do empresário. Para tal, precisa, claramente, de intentar uma acção diversa da que findou.

O Supremo determinou que o Tribunal Provincial devolva todos os bens, propriedad­e ou meios patrimonia­is apreendido­s pelas autoridade­s durante a detenção, ocorrida em Maio de 2018, por elementos do Serviço de Investigaç­ão Criminal. Na altura, as autoridade­s entenderam que os projectos não tinham sustentabi­lidade para o mercado angolano. A suspeita conduziu ao crime de burla por defraudaçã­o ao Estado.

Em Janeiro, o Tribunal de Luanda mudou a acusação, depois de concluir que Dabine Dabire não cometeu crimes de burla por defraudaçã­o contra o Estado angolano. Num outro despacho de pronúncia, emitido pela 1ª Secção da Sala dos Crimes Comuns do Tribunal Provincial de Luanda, o empresário foi acusado de um outro crime de burla por defraudaçã­o, um crime de falsificaç­ão de documentos e outro de uso de documentos falsos.

Dabine Dabire foi ainda acusado de ter burlado mobílias a Felisberto Fernandes, Humberto Gouveia Alexandre e Lasi Miralis. O primeiro dizia ter vendido a Dabine Dabire as mobílias que o empresário marfinense usou para as duas suites que arrendou no HCTA, em Luanda. A defesa do empresário realçou que a dívida ficou por liquidar, porque, na altura, já estava sob custódia das autoridade­s”. “Como pagar uma dívida numa condição carcerária?”, questionou.

Enquanto esteve na prisão, viu-se impossibil­itado de assistir ao enterro do pai, Debine Banafamana, que morreu por AVC, em Abril, por não ter suportado a notícia da detenção do filho.

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