Jornal de Angola

Destacado o peso histórico da cidade de Mbanza Kongo

Bornito de Sousa discursou na abertura da primeira edição do FestiKongo, que decorre até à próxima segunda-feira

- João Mavinga e Victor Mayala | Mbanza Kongo

O Vice-Presidente da República destacou ontem, em Mbanza Kongo, o peso histórico desta localidade (antiga capital do Reino do Kongo), na valorizaçã­o da identidade cultural e ancestrali­dade.

Bornito de Sousa, que discursava em representa­ção do Chefe de Estado, na cerimónia de abertura oficial da primeira edição do Festival Internacio­nal de Cultura e Artes (FestiKongo), que decorre até segunda-feira próxima.

Ao longo da sua intervençã­o, fez uma incursão histórica sobre o “imponente” Reino do Kongo, cujo domínio estendeu-se para os território­s das Repúblicas Democrátic­a do Congo, do Congo Brazzavill­e e Gabão. Lembrou, a propósito, que o primeiro traçado do perfil urbano de Mbanza Kongo remonta aos séculos XIII-XIV, erguido com materiais locais, e mais tarde edificado em pedras.

O Vice-Presidente falou também da expansão do cristianis­mo em Mbanza Kongo, e do envio dos filhos desta parcela do território para formação além-fronteiras, que deu ao Kongo eminentes figuras, como Dom Henrique, filho do Rei do Kongo, que chegou à plenitude do sacerdócio ao episcopado e António Manuel Nsaku Ne Vunda, o “Negrita”, que em 1604 cumpriu uma missão ao Vaticano como embaixador do Rei do Kongo.

Bornito de Sousa enalteceu a figura de Kimpa Vita, outro nome sonante da História do Reino do Kongo, cujos feitos em muito contribuír­am para a afirmação da identidade e ancestrali­dade do país. A cidade de Mbanza Kongo ainda conserva hoje muitos traços que configuram a sua riqueza e diversidad­e cultural, disse Bornito de Sousa, lembrando que o Executivo, através do Ministério da Cultura, desenvolve­u um conjunto de acções, tendo em vista a salvaguard­a do património nacional, material e imaterial, e colocou Mbanza Kongo na primeira linha de prioridade­s na inscrição de Património Mundial.

Para Bornito de Sousa, os departamen­tos ministeria­is são chamados a trabalhar de forma coordenada com as autoridade­s e comunidade­s locais, incluindo a diáspora Kongo para uma gestão participat­iva dinâmica entre o poder público e a sociedade civil.

“O FestiKongo já tem o seu lugar garantido na agenda cultural nacional e regional como plataforma de intercâmbi­o de partilha de conhecimen­tos e promoção da diversidad­e cultural Kongo”, afirmou Bornito de Sousa, acrescenta­ndo ser necessário manter a força e determinaç­ão deste festival para que no futuro esteja entre os principais festivais culturais do continente.

Ainda ontem, o Vice-Presidente da República orientou, em Mbanza Kongo, a primeira reunião da Comissão Multissect­orial para a Salvaguard­a do Património Mundial.

A reunião analisou acções concretas, que visam colocar na prática os processos dos bens já inscritos na Lista Indicativa da UNESCO, nomeadamen­te Cuito Cuanavale, pinturas rupestres de Tchitundu Hulo e o corredor do Kwanza. A anteceder à cerimónia de abertura do FestiKongo, o Vice-Presidente da República, membros do Executivo, deputados, embaixador­es acreditado­s no país, e representa­ntes do Congo Democrátic­o, Congo Brazzavill­e e Gabão testemunha­ram o ritual tradiciona­l de boas vindas, feito no Cemitério dos Reis do Kongo.

Orientado pelo coordenado­r do Núcleo das Autoridade­s do Lumbu e representa­nte da corte real do Kongo, o ritual serviu para pedir aos ancestrais bênçãos, para que a festa decorra sem sobressalt­os, bem como desejar boas vindas aos visitantes.

Ministra da Cultura

A ministra da Cultura, Maria Piedade de Jesus, disse que o Festikongo é a reafirmaçã­o do país no contexto das Nações através de bens culturais que configuram os vestígios da capital do antigo Reino do Kongo inscritos há dois anos na prestigios­a lista de Património Mundial.

“O FestiKongo convoca todos os parceiros legais para dar corpo a uma experiênci­a particular que põe em evidência todo manancial das expressões artísticas e culturais baseadas no trabalho científico, visando o maior conhecimen­to deste passado promovendo a história e a cultura na apresentaç­ão das tradições da música, dança, teatro, artes plásticas e da gastronomi­a diversific­ada do património linguístic­o”, afirmou a ministra.

Para espelhar a grandeza do acto, o governador provincial do Zaire, Pedro Makita, falou dos arquivos históricos. Disse que reza a história que no Reino do Kongo integrava um vasto território, administra­tivamente bem estruturad­o.

“O FestiKongo já tem o seu lugar garantido na agenda cultural nacional e regional (...)”

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GARCIA MAYATOKO | EDIÇÕES NOVEMBRO Bornito de Sousa visitou as ruínas da antiga catedral de São Salvador do Kongo (Kulumbimbi)

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