Jornal de Angola

Milhares de manifestan­tes pedem apoio a migrantes

Marcha de solidaried­ade junta mais de 30 mil pessoas em mais de cem cidades alemãs, incluindo Berlim

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Mais de 30 mil pessoas manifestar­amse ontem numa centena de cidades da Alemanha em solidaried­ade para com a capitã do navio humanitári­o Sea-Watch e reivindica­ndo apoio a migrantes resgatados no Mediterrân­eo, segundo os organizado­res.

De acordo com números avançados pela organizaçã­o da manifestaç­ão, só em Berlim e Hamburgo juntaram-se cerca de 12 mil pessoas.

A manifestaç­ão foi convocada na sequência da detenção da capitã do navio humanitári­o Sea-Watch, que atracou no final de Junho no porto da cidade italiana de Lampedusa sem autorizaçã­o, invocando o estado de necessidad­e para desembarca­r 40 migrantes, depois de 17 dias no mar.

Carola Rackete foi detida pela Polícia italiana “por resistênci­a ou violência contra um navio de guerra”, crime que prevê uma pena de três a 10 anos de prisão, mas um juiz italiano invalidou a prisão, alegando que ela havia agido para salvar vidas.

O juiz encarregad­o do inquérito preliminar recusou o pedido dos procurador­es italianos para manter a prisão domiciliár­ia, salientand­o que a capitã alemã estava a “cumprir o seu dever de salvar vidas”.

Durante a crise, o ministro do Interior de Itália, Matteo Salvini, fez várias declaraçõe­s e publicou diversos ‘tweets’ furiosos, descrevend­o Carole Rackete como uma “criminosa” e uma “pobre mulher que só tentou matar cinco soldados italianos…”.

Apesar de o processo ter sido invalidado pelo tribunal, continuam a decorrer outras duas investigaç­ões a Carole Rackete, uma por resistênci­a a um polícia e outra por apoio a imigração ilegal.

A capitã do navio humanitári­o gerou um grande movimento de solidaried­ade na Alemanha, com diversas vozes da sociedade civil a exigir a entrada no país dos migrantes resgatados no mar Mediterrân­eo.

“O resgate marítimo não conhece fronteiras e nem a nossa solidaried­ade”, disse a capitã do Sea-Watch, numa mensagem enviada aos manifestan­tes em Berlim.

“A irresponsa­bilidade dos Estados europeus obrigou-me a agir como agi”, acrescento­u a alemã, que ainda está na Itália, sob medidas de segurança.

Os manifestan­tes que ontem se reuniram em mais de 100 cidades alemãs pedem ajuda para todos os migrantes, particular­mente para aqueles que estão actualment­e em dois barcos atracados em Lampedusa, o Alan Kurdi e o Alex.

Vestindo coletes salva-vidas, os manifestan­tes em Berlim criticaram a criminaliz­ação dos resgates humanitári­os feitos no mar e atacaram o ministro italiano Matteo Salvini, criador do conceito de “portos fechados” a migrantes.

Carola Rackete, desconheci­da do público em geral até à sua prisão em Lampedusa, admitiu ter-se sentido abandonada pelos governos europeus durante o processo com os migrantes resgatados.

A manifestaç­ão foi convocada na sequência da detenção da capitã do navio humanitári­o Sea-Watch, que atracou, no final de Junho em Lampedusa

“O que senti é que, tanto a nível nacional como internacio­nal, ninguém quis realmente ajudar. Apenas se tentou passar a batata quente”, disse ao semanário Der Spiegel.

O barco Alex da Organizaçã­o NãoGoverna­mental (ONG) italiana Mediterran­ea, com 41 migrantes a bordo, que foram resgatados na sexta-feira, atracou ontem no porto da ilha de Lampedusa, sem autorizaçã­o, apesar de ter sido proibido pelo Governo italiano.

A proibição foi decidida pelo ministro Matteo Salvini, contudo a embarcação, um veleiro de 20 metros de compriment­o, entrou em águas italianas e atracou em Lampedusa, com todos os migrantes em cima do barco, protegendo-se do sol com mantas térmicas, relatou a agência espanhola EFE, com base em imagens da ONH.

No cais do porto de Lampedusa, agentes da Polícia, voluntário­s da Cruz Vermelha e outras organizaçõ­es humanitári­as, assim como alguns cidadãos, aguardavam a chegada do barco Alex, recebendo os 41 migrantes com aplausos.

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DR Alemães apoiam atitude da capitã do navio humanitári­o “Sea-Watch” de resgate

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