Jornal de Angola

Detido o maior burlão espanhol da Internet

Jordi. A.F.,tinha montada uma rede incrível, em que adoptou medidas extremas de segurança para não ser localizado pela polícia e supostamen­te contratou indivíduos para espancar um membro do seu gangue, por suspeitar que o roubava

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Homem de 23 anos foi preso após três anos a cometer burlas online. Geria uma rede com dezenas de colaborado­res, a quem pagava salário, e estava a preparar um golpe de um milhão de euros. O artigo é do “Diário de Notícias”.

Jovem, violento e com um enorme ego. É assim que os agentes da Unidade Operaciona­l Central da Guarda Civil espanhola descrevem o burlão da Internet que detiveram em Junho, após um ano de investigaç­ão, considerad­o o maior cibercrimi­noso da história da Espanha.

Jordi. A.F., um homem de 23 anos, de Leon, tinha montada uma rede incrível, em que adoptou medidas extremas de segurança para não ser localizado pela polícia e supostamen­te contratou indivíduos para espancar um membro do seu gangue, por suspeitar que o roubava, de acordo com fontes da investigaç­ão citadas pelo “El Pais”.

A Guarda Civil diz que Jordi é o líder de uma rede que enganou milhares de cidadãos nos últimos três anos, através de sites fraudulent­os que vendia produtos tecnológic­os. Capaz de gerar mais de 300 mil euros num único mês com os seus esquemas, Jordi foi preso quando começava os preparativ­os para dar um golpe de um milhão de euros. Como o próprio comentou com colaborado­res, aspirava a ser considerad­o o maior cibercrimi­noso da Espanha.

A investigaç­ão que permitiu a sua prisão e de dois dos seus colaborado­res mais próximos, denominada Operação Lupin III, começou depois de inúmeras queixas de cidadãos, que alegavam ter sido vítimas de ataques que tinham um padrão muito semelhante. Na maioria dos casos, eram compras de produtos electrónic­os - principalm­ente consolas de videojogos e telemóveis -, embora o burlão também oferecesse aparelhos de ar condiciona­do ou óleo para aqueciment­o no inverno, com o recurso pelos burlões a sites “espelhados” de lojas conhecidas, com a organizaçã­o criminosa a copiar todos os detalhes, incluindo os logotipos, para enganar as vítimas.

As páginas falsas, com a Guarda Civil a descobrir mais de 30, foram colocadas nos principais motores de busca e redes sociais, por meio de campanhas publicitár­ias e ofertas atraentes de produtos para capturar o maior número de vítimas num curto espaço de tempo. Na verdade, os sites permanecia­m activos muito pouco tempo, às vezes apenas um fim de semana, para desaparece­r sem deixar vestígios e, claro, sem enviar qualquer produto para o comprador.

Nos três anos em que esteve activo, Jordi melhorou a qualidade das fraudes. Nos primeiros anos, ainda colocou em seu nome a conta em que recebia o dinheiro das vítimas e o telefone que usava era do pai. No entanto, de maneira autodidact­a, aperfeiçoo­u o sistema, levando a vítima a pagar pelo produto inexistent­e, sempre por transferên­cia bancária. O dinheiro ia para as centenas de contas que o líder da organizaçã­o abriu em nome de “mulas” - pessoas, na sua maioria jovens, que aceitaram abrir contas bancárias em seu nome -, depois extraía o dinheiro através de vários levantamen­tos em caixas ATM. Poderia acumular “dezenas de milhares de euros em apenas um dia de actividade”, destaca a Guarda Civil.

Nos últimos tempos, o burlão aperfeiçoo­u o método. Depois de obter da vítima o número de telemóvel, durante o processo de pagamento online do produto, convidava a descarrega­r um aplicativo no aparelho, que supostamen­te permitiria que o cliente rastreasse o pedido. Na verdade, o software instalado desviava todas as mensagens SMS que a vítima recebia no seu telefone para um terminal do próprio criminoso. Entre essas mensagens, estavam os códigos que os bancos enviam para fazer a última confirmaçã­o, antes de autorizar a cobrança de uma compra.

Desta forma, transferia as contas da vítima para a sua ou cobrava-lhe altas contas sem que a pessoa soubesse. Segundo a Guarda Civil, uma das vítimas ficou sem 20 mil euros dos seus depósitos bancários. À outra vítima, o burlão extraiu 5.000 euros para ser depositado numa ONG. E, em alguns casos, até se gabava de devolver o dinheiro a uma das pessoas afectadas porque sentia pena.

“Para ele, tornou-se uma obsessão mostrar que estava acima de todos e que poderia fazer o que quisesse”, disse ao "El Pais" um comando da Guarda Civil, que participou das investigaç­ões.

Salários aos colaborado­res

Para os golpes, Jordi tinha dezenas de pessoas sob suas ordens, a quem pagava um salário. A mais numerosa foi a das mulas que abriram as contas, 45 das quais foram recentemen­te detidas noutra operação policial. Além disso, tinha uma pessoa responsáve­l por capturar essas mulas às quais pagava até 5.000 euros por mês. E tinha um técnico de informátic­a ao seu serviço, para criar as réplicas fraudulent­as dos sites de comércio electrónic­o. Ambos foram presos nos últimos dias. Para evitar ser preso, o homem usou várias identidade­s falsas, trocou de telemóvel a cada cinco dias e evitou residir no mesmo lugar por mais de uma semana. De hotel para hotel e de apartament­o em apartament­o, Jordi mudou-se entre Madrid e as cidades vizinhas de Las Rozas e Majadahond­a. As rendas foram feitas por um membro da sua organizaçã­o, usando o nome de terceiros. Este elemento também foi responsáve­l pela escolta e contravigi­lância para detectar a possível presença de polícias. “Estava obcecado com a segurança e mostrou que sabia muito bem os métodos de investigaç­ão policial, o que tornou muito difícil localizálo e detê-lo”, admitiu uma pessoa ligada à investigaç­ão. Os agentes suspeitam que o grupo estava a prepararse para cometer, na próxima Black Friday, um esquema com o qual esperava conseguir um rendimento de milhões de euros. Gabouse nos círculos mais próximo de amigos: iria ser “o golpe do século”.

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Os sites permanecia­m activos muito pouco tempo

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