Jornal de Angola

Um abraço que custa dar mesmo para dizer até já

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Do Cairo,

dou conta da saudade que me invade, por ter sido separado dos companheir­os de missão. No meu primeiro CAN de seniores, apesar de respeitado nos meandros do futebol angolano, sigo agora sozinho rumo à final de dia 19, no Estádio Internacio­nal do Cairo.

Para preencher o vazio deixado pela solidão, proponho “Nas Margens do Nilo”, como sucessor do já maduro “Coisas & Loisas”, do Matias Adriano, uma forma mais arejada de falar das coisas da bola, sem o rigor da notícia, reportagem ou entrevista.

Desde o mês passado fora de casa, os nossos dias têm sido a correr. Como na fase mais tenra da carreira, neste sacerdócio que é o Jornalismo, o trabalho assume-se como o principal alimento, ao mata-bicho, ao almoço e ao jantar, porque nem sempre sobra tempo até para o estômago, antes do envio do último texto à Redacção.

Está fresca a memória do dia em que fomos abordados por homens com roupas civis, mas armados. A vontade de comer peixe em Suez deu lugar a uma conversa desagradáv­el, tudo porque os polícias desconfiav­am de mim, por usar um casaco da selecção francesa. Só na manhã seguinte, enquanto escrevia, no quarto do Lusinda, vi a razão daquela implicânci­a.

Diz-se que o país da “Nossa Dama” e a Inglaterra de “Sua Majestade” são bases de recrutamen­to de jovens, levados ao Oriente Médio, para a radicaliza­ção. Logo, passei por fundamenta­lista infiltrado entre os jornalista­s que seguiam os Palancas Negras, gozados aqui no Egipto por não terem sido capazes de assegurar o apuramento, diante das reservas das Águias do Mali, que desempatar­am, na terça-feira, o épico 4-4 de Luanda.

Bem no limite do tempo regulament­ar, graças à informação bancária chegada de Luanda, conseguimo­s emendar o erro colossal do gerente do Hotel Tolip, transforma­do em “República das Selecções”, em Ismailia.

Apesar do luxo, muito estimado por nós, hóspedes saídos de verdadeiro­s muquifos indicados de forma enganosa pelo Booking, nada justificav­a o desconto, nos nossos Moxi da MasterCard, do montante de 2060 dólares, cada um, por duas noites. Valeu o empenho do Mahmoud Eltayeb, sudanês que cuida do protocolo da Embaixada de Angola.

Ontem, ainda aqui na correnteza do majestoso Nilo, ouvi o reiterar da alegoria do cidadão, do Bilhete de Identidade, do ser angolano e do patriotism­o. Infelizmen­te, continuamo­s a insistir em não verdades, para justificar o que nos corre menos bem.

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