Morte espontânea de pássaros lança nova polémica sobre o 5G
A grande polémica à volta da tecnologia 5G, gerada, sobretudo, pela Administração Trump e que está no centro da guerra económica entre os Estados Unidos e a China, levanta algumas dúvidas sobre o assunto e se há mesmo razões para que se instale o pânico.
A morte espontânea
de centenas de pássaros em Haia, Holanda, durante o lançamento de novas antenas 5G, reabriu o debate sobre os riscos da radiação para a vida animal e, naturalmente, dos seres humanos.
Um abaixo-assinado promovido pelo grupo Cellular Phone Task Force, fundado em 1996, pelo norte-americano Arthur Firstenberg, instava a que se parasse de imediato a instalação daquelas novas antenas, porque o 5G “causa cancro”.
Firstenberg é uma figura renomada no campo da Ciência e a sua iniciativa recebeu, em pouco tempo dezenas de milhar de assinaturas em 110 países e associações médicas e ambientais.
Ele argumenta que a próxima geração de telefones móveis vai potencializar a exposição de humanos e do meio ambiente à radiação por radiofrequência. De facto, existem estudos científicos que relacionam a radiofrequência com o surgimento de tumores.
A grande polémica à volta da tecnologia 5G, gerada, sobretudo, pela Administração Trump e que está no centro da guerra económica entre os Estados Unidos e a China, tendo como um dos epicentros a Huawei, a maior fornecedora mundial de equipamentos para redes e telecomunicações e líder nas pesquisas e desenvolvimento do 5G, levanta algumas dúvidas sobre o assunto e se há mesmo razões para que se instale o pânico.
Sem sinal de doença
As redes sociais são o principal palco dos debates. “Se o coração de todo o mundo falhar com um corpo saudável, sem sinais de vírus, sem infecção bacteriana, com sangue saudável, sem venenos encontrados, etc., a única explicação razoável é que os novos microondas 5G têm um grande efeito sobre o coração de todas as aves!”, escreveu John Kules, um utilizador do Facebook.
Casos iguais, ou parecidos, acontecem um pouco por todo o Mundo e rara é a pessoa que tenha vivido ou frequentado zonas rurais que não cite, pelo menos, um episódio parecido, se bem que esteja normalmente ligado ao uso de agrotóxicos, à guerra ou a barulhos e ruídos que destroem da Natureza.
A ocorrência de certos fenómenos naturais, como eclipses do Sol ou da Lua, também interferem no comportamento dos animais, nomeadamente das aves. Mas, o efeito bem conhecido das radiações sobre o ambiente concorrem a favor dos que apontam as culpas ao 5G.
Joel Moskowitz, da Escola de Saúde Pública da Universidade da Califónia, em Berkeley, tem publicado vários estudos sobre os efeitos da radiação e campos electromagnéticos de Wifi, 2G e 3G que os ligam ao surgimento de cancros.
A radiação em Haia foi medida com uma frequência de 7,40 GHz. Embora, até ao momento, as autoridades não tenham decidido se a morte dos pássaros tem ligação com a experiência do 5G, aponta-se que as aves não demonstravam qualquer sinal de doença e as suspeitas habituais de contaminação ou acto criminoso foram descartadas.
Este não foi o primeiro caso estranho com ligações suspeitas ao 5G: no ano passado, um rebanho inteiro de vacas atirou-se de um barranco em Loppersum, Groningen, na Suíça, durante testes de antenas.
No caso de Haia, onde 150 pássaros jaziam no chão, caídos das árvores de um parque da cidade, e no mais recente, em que as aves apareceram mortas com as patas para cima, os cidadãos olharam para o alto e apontaram as culpas ao mastro das novas antenas instaladas junto a uma estação de comboios. O que se sabe é que o teste do sistema falhou e o Ministério holandês adiou o leilão do espectro 5G até 2020.
Internet mais rápida
Mas, afinal, o que é o 5G? Trata-se da quinta geração da rede móvel, que vem suceder ao 1G, criado em 1980, o 2G, de 1990, o 3G de 2000, e o 4G de 2010.
Os entendidos assinalam que o 1G destinava-se apenas às chamadas de voz e tinha uma velocidade de 2,4 kilobytes (kbps) por segundo. Já o 2G passou a incluir também mensagens de texto e já era de 64 kbps por segundo. Com o 3G, passou-se para uma velocidade de 384 kbps por segundo, incluindo então, além das chamadas de voz e das mensagens escritas, a Internet, através de dados móveis. Com o 4G, chegou-se à banda larga móvel, numa velocidade entre 100 megabytes (kbps) a um gigabyte (Gbps) por segundo.
Com o 5G, espera-se chegar a uma velocidade de 10 Gbps ou mais, permitindo a conexão de dados ilimitados em qualquer lado, a qualquer altura e em qualquer formato. O novo padrão de banda larga sem fios permite mais velocidade, maior cobertura e mais recursos.
Dez vezes mais rápida do que o 4G, o 5G, que pode chegar a 20 Gbps, promete, sendo cem vezes mais rápida, tornar as tarefas mais velozes, podendo o “download” de um filme com um gigabyte ser feito em apenas 10 segundos. É também apontada a redução do consumo de energia na ordem dos 90 por cento.
Outros benefícios apontados dizem respeito ao uso desta nova tecnologia para potenciar outros avanços tecnológicos, como os veículos autónomos, elecro-domésticos e outros aparelhos ligados à Internet, com benefícios nas áreas do Entretenimento, Agricultura, Indústria, Saúde, Energia e realidade virtual.
O problema com que ainda se depara diz respeito às antenas, que têm de ser em número maior, além de que as infra-estruturas da rede móvel precisam de ser substituídas.
A ocorrência de certos fenómenos naturais, como eclipses do Sol ou da Lua, também interferem no comportamento dos animais, nomeadamente das aves. Mas o efeito bem conhecido das radiações sobre o ambiente concorrem a favor do que apontam as culpas ao 5G