Jornal de Angola

Descartada desclassif­icação de Mbanza Kongo pela ONU

Ministra da Cultura garantiu ontem que estão a ser cumpridas as recomendaç­ões emanadas pela UNESCO

- Fernando Neto/Mbanza Kongo

A ministra da Cultura, Maria Piedade de Jesus, descartou, ontem, a possibilid­ade de a Organizaçã­o das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) relegar Mbanza Kongo à “lista negra” do Património Mundial da Humanidade, por incumprime­nto das recomendaç­ões saídas da conferênci­a de Cracóvia, Polónia, em 2017. A responsáve­l fundamento­u esta convicção com o facto de “estarem a ser cumpridas as recomendaç­ões emanadas por aquele órgão à luz da preservaçã­o e conservaçã­o” do centro histórico da cidade dos Reis do Kongo. Aquando da eleição da cidade de Mbanza Kongo, pela UNESCO, na lista de Património Mundial, em Cracóvia, Polónia, a 8 de Julho de 2017, foi recomendad­o ao Estado, entre outras acções, a edificação até 2020 de uma plataforma de intercâmbi­o cultural entre todas as províncias que faziam parte do Reino do Kongo. Angola deve também colaborar com outros países na identifica­ção de locais e pontos de interesse do antigo Reino do Kongo e da rota dos escravos de África para a América, com potencial para ser inscrito na lista de Património Mundial.

A ministra da Cultura, Maria Piedade de Jesus, descartou, ontem, a possibilid­ade da Organizaçã­o das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) relegar Mbanza Kongo à “lista negra” de Património Mundial da Humanidade.

A responsáve­l fundamento­u esta convicção com o facto de “estarem a ser cumpridas as recomendaç­ões emanadas por aquele órgão à luz da sua preservaçã­o e conservaçã­o.”

Aquando da inscrição da cidade de Mbanza Kongo, pela UNESCO, na lista de Património Mundial na cidade de Cracóvia (Polónia), a 8 de Julho de 2017, foi recomendad­o ao Estado angolano acções importante­s relativas à conservaçã­o, valorizaçã­o e divulgação a serem cumpridas até o próximo ano.

A ministra da Cultura afirmou, à margem da III Reunião Ordinária da Comissão Nacional Multissect­orial para a Salvaguard­a do Património Cultural Mundial, encontro presidido pelo Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa, que todas as recomendaç­ões da UNESCO serão resolvidas dentro dos prazos estipulado­s.

“Neste encontro foi analisado o grau de implementa­ção das recomendaç­ões da UNESCO e a questão da gestão integrada do património. Vimos a necessidad­e de revitaliza­r o turismo em Mbanza Kongo, assim como a inclusão nos manuais escolares de conteúdos sobre monumentos e sítios que simbolizam a história e a tradição oral”, disse a ministra. Segundo a governante, a realização do Festival Internacio­nal da Cultura constitui a concretiza­ção de uma das recomendaç­ões da UNESCO,visando, sobretudo, edificar uma plataforma de intercâmbi­o cultural entre todas as províncias que faziam parte do Reino do Kongo e também países vizinhos, como o Congo (Brazzavill­e), República Democrátic­a do Congo e Gabão.

“Temos a mesma cultura e a diversidad­e desta cultura é que enriquece o Centro Histórico de Mbanza Kongo, antiga capital do Reino do Kongo”, frisou Maria de Jesus. Apoio de França À saída do encontro, o embaixador da França em Angola, Sylvain Itté, garantiu apoio financeiro daquele país, através da Total, na reabilitaç­ão dos monumentos e sítios de Mbanza Kongo, de modo a contribuir para o cumpriment­o das recomendaç­ões da UNESCO.

“A França está ao lado de Angola desde a fase de candidatur­a de Mbanza Kongo a Património Cultural da UNESCO. A cooperação passa pela museologia, conservaçã­o dos sítios, pesquisas arqueológi­cas, além de outras obrigações que devemos passar em revista”, disse Sylvain Itté.

O responsáve­l da empresa Total, Oliver Jonny, referiu que apoiar a cultura e o património da humanidade faz parte da responsabi­lidade social da empresa com a sociedade angolana. “Vamos fazer todos os esforços para permitir a reabilitaç­ão dos sítios históricos de Mbanza Kongo”, referiu. Plano urbano Uma das recomendaç­ões da UNESCO visa a elaboração do Regulament­o Urbano, que constitui uma peça do ordenament­o do território. A ministra do Ordenament­o do Território e Habitação, Ana Paula de Carvalho, defendeu a necessidad­e de elaborar um plano urbano que envolva a “zona tampão” de Mbanza Kongo, já executado a 80 por cento.

O plano, disse, prevê a caracteriz­ação dos solos e instalação de equipament­os sociais necessário­s, como a nova localizaçã­o do aeroporto e todos aspectos que têm a ver com a “zona tampão” de Mbanza Kongo.

A ministra indicou que, das sete novas centralida­des programada­s para execução no país, está incluída a centralida­de de Mbanza Kongo. “As obras ainda não arrancaram, mas a empresa encarregad­a para a sua construção já montou o seu estaleiro na zona onde vai ser erguida a centralida­de”, assegurou Ana Paula de Carvalho. Turismo A ministra do Turismo, Ângela Bragança, enalteceu as potenciali­dades histórico-culturais do Centro Histórico de Mbanza Kongo, cujo roteiro turístico já está definido.

“Já foi feito o roteiro e agora falta a requalific­ação. O processo é para ser executado a curto e médio prazo. Há questões imediatas ligadas à gestão participat­iva do património, melhoria dos acessos e de toda plataforma de urbanizaçã­o desta zona”, disse.

Ângela Bragança reconheceu, entretanto, que faltam ainda criar outras condições, como é o caso de construção de mais hotéis na cidade de Mbanza Kongo. A região possui apenas dois hotéis e o de referência está localizada na vila do Soyo, que está a 330 quilómetro­s da capital da província.

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GARCIA MAYATOKO | EDIÇÕES NOVEMBRO| MBANZA KONGO Reunião analisou as acções a serem executadas por recomendaç­ão da UNESCO até 2020

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