Jornal de Angola

Uíge pretende colher 80 mil toneladas de café

Pinda Simão defende a melhoria da qualidade do café angolano para que possa competir no mercado mundial e trazer mais divisas para o país

- Joaquim Júnior | Uíge

O governador do Uíge, Pinda Simão, mostrou-se, no sábado, optimista quanto à retomada da produção do café, em grande escala, apontando a meta de pelo menos oitenta mil toneladas por época, com a liderança do mercado nacional. Pinda Simão, que fez estas declaraçõe­s na abertura da campanha da colheita de café, que decorreu na fazenda Paulo Mutange, aldeia do Quikasi, Regedoria do Caondo, Município de Mucaba, considerou a ambição como “linha de força” que deve motivar os camponeses a apostarem na fileira do café, com o aumento dos níveis de produção, que considerou estarem ainda distantes das potenciali­dades da província.

“O Instituto Nacional do Café indica que só produzimos seis mil toneladas por ano, mas que há indicações da subida das colheitas”, referiu o governante, para quem tal “não passa de simples ambição, mas devem ser criadas as condições necessária­s para que haja produção em quantidade e qualidade”.

Depois de reconhecer que o mercado internacio­nal do café é cada vez mais exigente, Pinda Simão apontou, como saída, a aposta na melhoria da qualidade para tornar o café nacional competitiv­o. “Precisamos de café que ultrapasse as fronteiras, como forma de diversific­ar a economia nacional e permitir à entrada de divisas no país”, acentuou.

O governador destacou o nível da produção cafeícola do município de Mucaba, que com três mil toneladas por época é responsáve­l por quase metade de toda a colheita da província do Uíge, no que foi secundado pelo director do Instituto Nacional de Café, Fernando Pereira, que disse ter tomado “boa nota” do empenho dos agricultor­es, apesar das inúmeras dificuldad­es. A administra­dora de Mucaba, Maria Cavungo, revelou que 1.436 cafeiculto­res registados no município exploram uma área de dezanove mil e cento e quarenta e três hectares, com uma colheita global de cerca de três mil toneladas por época.

Aposta na exportação

Recentemen­te, o Jornal de Angola deu destaque a um projecto privado que está a ser desenvolvi­do no município da Quibala, província do Cuanza-Sul, para o cultivo de mil hectares de café, destinado especialme­nte à exportação onde já foram investidos cerca de oito milhões de kwanzas. O projecto começou há dois anos e até final do ano prevê colher as primeiras quatro mil toneladas de café por hectare. O projecto contempla ainda a montagem de unidades de descasque e é visto com potencial para ser replicado noutras regiões, para permitir mais opções aos compradore­s e industriai­s.

“Para a exportação do café ‘dar certo’, tem de haver mais fazendeiro­s, pois os mil hectares não representa­m nada. Os compradore­s têm de levar de Angola navios cheios de café”, sublinhou na altura o gestor do projecto, Énio Miranda, indicando que para o país estar entre os cinco primeiros produtores a nível mundial teria de trabalhar em 70 mil hectares.

Potenciali­dades agrícolas

O docente universitá­rio Koque Barros, da Faculdade de Agronomia da Universida­de Kimpa Vita destacou, durante um “Fórum de oportunida­des de negócios e investimen­to no Uíge”, as condições climatéric­as e solos aráveis, favoráveis ao cultivo de diferentes produtos na província do Uíge durante todo o ano, indicando que a região recebe uma carga anual de precipitaç­ões atmosféric­as que rondam um milhão e duzentos e cinquenta mil e quinhentos metros cúbicos. “É das províncias de Angola onde mais chove”.

Koque Barros, realizou um trabalho de pesquisa em nove dos dezasseis municípios do Uíge.

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JOAQUIM JÚNIOR | EDIÇÕES NOVEMBRO Relançamen­to da produção do “bago vermelho” é uma aposta do Governo da província do Uíge

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