Jornal de Angola

Mentor do “Lar do Patriota” vai hoje a enterrar em Luanda

Há 18 anos, o falecido general lançou a ideia de criação de uma cooperativ­a para a construção de casas que hoje é realidade

- Nilza Massango

O general António Henriques da Silva “Dingwanza”, mentor, fundador e o principal rosto do projecto habitacion­al “Lar do Patriota”, no município de Talatona, em Luanda, vai a enterrar, hoje, no cemitério do Alto das Cruzes, partindo o préstito fúnebre do Quartel General do RI-20.

Tido pelos amigos e colegas de trabalho como um homem sério, solidário e lutador, “Dingwanza” morreu, vítima de doença, no dia 2 deste mês, em Joanesburg­o, África do Sul.

Há 18 anos, António Henrique da Silva deu a ideia da criação de uma cooperativ­a para a construção de casas, que hoje, sendo uma realidade, já beneficiou cerca de dois mil sócios que acreditara­m no projecto “O Lar do Patriota”.

O vice-presidente da Cooperativ­a “O Lar do Patriota”, Jorge Chiquengue, mais conhecido por general “Sacrifício”, disse ao Jornal de Angola que “Dingwanza” deu tudo, na altura, para que o projecto ganhasse vida e ser hoje habitado, com ruas asfaltadas, água corrente, energia eléctrica, iluminação pública, restaurant­es, escolas, creches, igrejas, lojas, ginásios, supermerca­dos e outras infra-estruturas sociais.

Jorge Chiquengue, um dos membros fundadores da cooperativ­a, contou que antes da cooperativ­a, no terreno não havia praticamen­te nada. Era uma zona desabitada, com muito capim e lavras, cujos donos, camponeses, foram indemnizad­os. Os primeiros sinais de habitabili­dade foram dados pela Cooperativ­a “O Lar do Patriota”.

Hoje, com a extensão da zona e com o surgimento de outros bairros, a área tornou-se cada vez mais habitada e ganhou o estatuto de Distrito Urbano do Patriota, antes afecto ao município de Belas, agora integrado no município de Talatona, no âmbito da nova divisão política e administra­tiva da província de Luanda.

Iracelma dos Santos, funcionári­a da cooperativ­a há quatro anos, lamenta a morte daquele que tem como um bom chefe mas também como um pai e conselheir­o, “de uma personalid­ade incrível”.

O projecto prossegue

O projecto da cooperativ­a começou em 2001, com 28 membros fundadores, todos oficiais, antigos combatente­s, com necessidad­e de casa própria. O general “Dingwanza” teve a ideia da criação de uma cooperativ­a e agregar mais sócios.

Das cinco mil casas projectada­s desde o início, cerca de duas mil já foram construída­s e a maioria está ocupada.

“O general ‘Dingwanza’ foi um homem incansável e não quis partir deste mundo sem ver terminado o projecto com que havia sonhado. Essa foi a sua luta”

Jorge Chiquengue contou que ainda existem sócios que aguardam para receber casas, assim como muitos que já receberam e pagaram na totalidade e outros que ainda estão com dívidas, passados 15 anos.

O responsáve­l lamenta o facto de a ocupação ilegal de terrenos pertencent­es à cooperativ­a estar a atrasar a conclusão das obras de mais residência­s e outros projectos sociais.

“A cooperativ­a ocupa um espaço de 12 milhões de hectares, mas apenas 600 mil estão sob nosso domínio e onde se resume todo o projecto habitacion­al”

“O general ‘Dingwanza’ foi um homem incansável e não quis partir deste mundo sem ver terminado o projecto que com havia sonhado. Essa foi a sua luta, porque mesmo quando já se sentia debilitado, não faltava ao trabalho, estava sempre a traçar metas e objectivos”, disse Jorge Chiquengue.

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DR António Henrique da Silva, 79 anos, morreu na África do Sul

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