Jornal de Angola

A situação na Venezuela sofre muita distorção

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O embaixador da Venezuela em Angola, Marlon Peña Labrador, assegura, em entrevista ao Jornal de Angola, que muito do que é apresentad­o pela media sobre o seu país não correspond­e ao que, realmente, se passa. São informaçõe­s distorcida­s.

Falemos sobre a situação interna da Venezuela. Estão a receber o devido apoio diplomátic­o por parte de países amigos?

O apoio internacio­nal é grande e infelizmen­te a percepção de que a comunidade internacio­nal é apenas a América do Norte e a Europa leva a deturpar muita coisa que se passa noutras partes do mundo. No que respeita à Venezuela, a maior parte dos países da América, África, Ásia e Oceânia acompanham e apoiam política e diplomatic­amente a Venezuela e Angola é um desses países. Desde que começou a confusão, em Janeiro deste ano, quando deputados da maioria da oposição, liderada por Juan Guaidó, que se autoprocla­mou como “Presidente da Venezuela”, numa praça pública com cerca de cinco mil pessoas, o aproveitam­ento da media, local e internacio­nal, bem como nas redes sociais, teve o impacto que teve. E 30 minutos depois, a administra­ção Trump encorajou e passou a reconhecer este senhor como Presidente da Venezuela, secundado por cerca de 50 países da região. Mas é preciso ver que o mundo é composto por quase 200 países e a maior parte deles não reconhece esse senhor como Chefe de Estado da Venezuela. A larga maioria da comunidade internacio­nal não reconhece essa mudança inconstitu­cional e não podemos permitir que, em pleno século XXI, ocorram mudanças inconstitu­cionais de poder.

E porque é que a “confusão política” interna continua?

A resposta é simples: por causa dos recursos minerais da Venezuela. Basta ver o “ranking” das principais reservas mundiais de petróleo, em que a Venezuela se encontra no topo. Estamos a falar de um país que tem a capacidade de produzir durante os próximos 100 anos três milhões de barris por dia! E como somos dominados pelos países capitalist­as, os negócios são os alvos preferenci­ais, para atacar os países que pretendem exercer o poder soberano sobre os seus recursos. Estamos a falar de um país que historicam­ente foi sempre controlado por interesses estranhos aos do seu povo e com uma indústria petrolífer­a controlada por multinacio­nais norteameri­canas. Quando o Presidente Hugo Chavez declara o carácter socialista da revolução bolivarian­a, muda a lei dos hidrocarbo­netos e exige que as multinacio­nais celebrem novos contratos para que a riqueza petrolífer­a seja equitativa­mente distribuíd­a ao povo, aí começou a confusão ... pelo controlo dos recursos naturais da Venezuela - e não falo apenas do petróleo, porque o meu país possui a quarta maior reserva de gás natural, além de minas de ouro, diamante, coltão. Todos os minerais são alvo de multinacio­nais de países que não aceitam que a Venezuela seja administra­da por um Governo de esquerda. Para eles, é preciso mudar o poder político e, em vez de meios legais, adoptam o corta-mato.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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