Presidente da Tunísia já teve alta hospitalar
A Tunísia está a ser abalada por uma nova onda de atentados, que têm servido para aumentar a instabilidade numa altura em que o Presidente Béji Essebsi, que havia sido internado de urgência há cerca de três semanas, já teve alta hospitalar, devendo retomar ainda esta semana as funções e assim preparar as eleições de Outubro e Novembro, nas quais já disse que não vai participar
O Presidente da Tunísia, Béji Caid Essebsi, teve alta hospitalar no fim-de-semana e, segundo o filho, a saúde do Chefe de Estado está “normal” e prepara-se para regressar ao trabalho ainda esta semana, garantiu ontem a AFP.
Numa foto publicada pela Presidência no Facebook, Essebsi, de 92 anos, surge sorridente e rodeado pela equipa médica que o tratou. “O Chefe de Estado já deixou o hospital militar e voltou para casa, em Cartago, depois de receber o tratamento necessário e de recuperar”, confirmou a Presidência em comunicado oficial.
Essebsi foi hospitalizado precisamente no mesmo dia em que um duplo atentado "terrorista", reivindicado pelo auto-proclamado Estado Islâmico, provocou um morto e vários feridos na capital tunisina, Tunes. Os dois ataques aconteceram no pico da temporada turística e a poucos meses das eleições legislativas de Outubro e das presidenciais de Novembro.
No início do mês passado, o Presidente anunciou que não concorreria a um segundo mandato, apesar dos apelos do Nidaa Tounes, partido que fundou em 2012 e que ainda não avançou com o nome de um candidato à sua sucessão.
A Tunísia liderou o movimento das Primaveras Árabes com a deposição, em 2011, do líder autocrático Ben Ali. Essebsi assumiu a liderança do período de transição como Primeiro-Ministro, tendo sido eleito Presidente em 2014.
Mas, a instabilidade teima em persistir no país. À semana passada, um extremista fezse explodir na capital da Tunísia depois de ter sido cercado pela Polícia. Um portavoz do Ministério tunisino do Interior, citado pela agência Reuters, anunciou que a Polícia abriu fogo sobre o homem, identificado como Aymen Smiri.
“Após uma longa perseguição, as forças especiais cercaram o homem e, quando começaram a disparar, ele fezse explodir com o cinto de explosivos que usava”, disse o porta-voz, acrescentando não ter havido mais vítimas.
Antes desta recente onda de ataques, o último atentado ocorrera em Outubro de 2018, quando uma mulher se fez explodir no centro de Tunes, ferindo 15 pessoas.
A explosão veio interromper um longo período de calma que se seguiu à série de ataques de 2015, que provocou dezenas de mortos e levou à imposição do estado de emergência e ao reforço da segurança.
Migrantes resgatados
A Marinha tunisina anunciou no fim-de-semana ter resgatado 70 pessoas após estarem à deriva em duas embarcações na tentativa de atravessar o Mediterrâneo e conseguir chegar à Europa, segundo a imprensa local.
A primeira operação aconteceu na costa da cidade de Sfax, capital económica da Tunísia, tendo sido salvos 64 migrantes, que tinham saído de uma praia da cidade de Zwara, na Líbia, que fica 60 quilómetros ao leste da fronteira com a Tunísia.
Entre os recuperados, oriundos de Sudão, Eritreia e Chade, havia quatro mulheres e dois menores. Sete deles tiveram que ser levados para um hospital próximo devido ao delicado estado de saúde.
A segunda embarcação, com seis cidadãos tunisinos com idades entre os 30 e os 45 anos, foi encontrada na costa da cidade de Chebba, no centro do país, depois de três dias à deriva em alto-mar devido a uma avaria.
As praias, que se estendem entre Tripoli e a fronteira com a Tunísia, transformaramse nos últimos dois anos no principal reduto das máfias do tráfico de seres humanos, apesar da presença de patrulhas europeias.
Segundo números da Organização Internacional de Migração (OIM), 597 imigrantes morreram no mar enquanto tentavam chegar à Europa desde o início de 2019.
Das vítimas, 343 morreram na chamada “rota central” do Mediterrâneo, que sai da Líbia e é considerada uma das mais mortais do mundo.
O número é muito próximo dos 620 mortos - 383 no Mediterrâneo central - registados em todo o ano de 2018, o que evidencia uma mudança de tendência desde que alguns países proibiram há alguns meses o trabalho das ONG que ajudam nos resgates.
De acordo com a OIM, 27.834 migrantes conseguiram chegar à Europa de forma irregular pelas três rotas principais nos primeiros seis meses do ano, número de 35 por cento menor em relação ao mesmo período de 2018.