Jornal de Angola

Governo adopta projecto contestado pela oposição

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O Governo da Costa do Marfim decidiu ontem adoptar um projecto de lei sobre a nova Comissão Eleitoral, que deve entrar em vigor ainda este mês, após ter sido instado pelo Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos para a tornar mais independen­te.

Mas enquanto o projecto de lei aguarda a validação da Assembleia Nacional e posteriorm­ente do Senado, segundo a AFP, o conteúdo deste texto é contestado pela oposição, que exigiu uma reforma profunda e não apenas uma recomposiç­ão como parece ter sido feito pelo Governo.

Para o opositor Pascal Affi Nguessan, presidente da Frente Popular Ivoiriense (FPI), “na sua forma actual, o texto aprovado pelo Conselho de Ministros é uma iniciativa paralela, pessoal e solitária do Governo” e que só envolve o seu partido, consideran­do que “as negociaçõe­s não terminaram.”

"Basicament­e, este projecto do Governo não fornece uma resposta à questão do equilíbrio na composição da Comissão Eleitoral. Pelo contrário, mantém o controlo da maioria presidenci­al sobre a Comissão Eleitoral Independen­te (CEI) com sete representa­ntes de um total de 15 membros (47 por cento) contra os três membros da oposição (20) e cinco da sociedade civil (30).

Este desequilíb­rio é confirmado na composição das comissões locais. Além disso, este projecto cria um impasse sobre as atribuiçõe­s e o funcioname­nto da comissão, que constituem os outros pilares da sua independên­cia, indicou o opositor num comunicado.

Bamba Moriféré, presidente da União do Povo da Côte d’Ivoire (RPCI), membro de uma plataforma de 23 partidos da oposição em torno do Partido Democrátic­o da Côte d’Ivoire (PDCI, ex-aliado do poder) declarou à imprensa que “desde o início, o Governo esteve de má-fé. Já tinha pré-estabeleci­do o seu programa e queria fazer passá-lo à força.”

“O Governo acaba de operar uma passagem à força. Vamos organizar a resposta, porque é a batalha política.

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