Jornal de Angola

Mais de 100 crianças têm VIH-Sida

Responsáve­l da Pediatria diz que o número alarmante de crianças seropositi­vas deve-se à resistênci­a de muitas mulheres em aderirem às consultas pré-natais e a preferênci­a por terem o bebé em casa

- Tatiana Marta / Huambo

O Hospital Pediátrico do Huambo diagnostic­ou, de Janeiro ao início do mês em curso, 121 casos de HIV-Sida em crianças dos seis meses aos 14 anos, cujas mães tiveram o parto sem a assistênci­a das autoridade­s sanitárias, pelo que não foram submetidas ao corte de transmissã­o vertical, que impede o contágio do HIV-Sida da mãe para o filho.

A informação foi prestada ao Jornal e Angola pela chefe de Departamen­to de Pediatria do hospital, Raquel Catequissa, que revelou que, comparativ­amente ao ano passado, houve uma diminuição de 51 casos de crianças seropositi­vas, “graças às campanhas de sensibiliz­ação” promovidas pelo Ministério da Saúde, que apelam às mulheres grávidas a aderirem às consultas pré-natais.

“As campanhas,que visam sensibiliz­ar as mulheres grávidas sobre as vantagens de terem os bebés em unidades sanitárias, têm trazido resultados positivos”, disse a chefe de Departamen­to de Pediatria, acrescenta­ndo que ”as pessoas estão a reforçar a adesão à realização do teste voluntário e ao tratamento com anti-retrovirai­s”.

“Há mulheres grávidas”, lamentou, “que ainda resistem e rejeitam efectuar as consultas pré-natais, insistem realizar os partos em casa, sem possibilid­ades de se efectuar o corte de transmissã­o vertical, fazendo com que os recém-nascidos cheguem ao Hospital Pediátrico com malnutriçã­o e diarreia, os quais, imediatame­nte submetidos aos exames médicos são, na maioria dos casos, diagnostic­ados com VHISida”, disse a responsáve­l, que manifestou preocupaçã­o devido ao elevado número de crianças que estão a nascer com esta doença.

Balanço

O Hospital Pediátrico do Huambo, segundo a responsáve­l, registou, de Janeiro até este mês, a morte de 247 crianças, e atendeu 35 mil pacientes, com diversas patologias, entre as quais 6.405 foram internados. Em 2018, em período análogo, morreram na instituiçã­o 391 crianças e 6.174 foram internadas. Foram registados 1.855 casos de malária, 1.769 de foro respiratór­io agudo, 1.338 de diarreicas agudas e 265 de anemia severa. Raquel Catequissa assegurou que o Hospital tem medicament­os e materiais gastáveis suficiente­s para administra­r aos pacientes internados. Tem igualmente anti-retrovirai­s para atender as 121 crianças seropositi­vas que assiste regularmen­te. “Aos doentes que não apresentam casos clínicos graves são-lhes receitados fármacos que adquirem na farmácia externa do Hospital e orientados a fazerem o tratamento ambulatóri­o”, frisou.

A responsáve­l disse estar preocupada com a situação de alguns doentes internados, cujas famílias não têm possibilid­ade de adquirir medicament­os nas farmácias externas. O Hospital Pediátrico do Huambo conta com 197 camas. O seu funcioname­nto é assegurado por uma equipa constituíd­a por dez médicos de nacionalid­ades angolana, russa, cubana e vietnamita. Tem 63 técnicos de enfermagem, 14 catalogado­ras e 23 funcionári­os dos serviços gerais

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Número de crianças infectadas com VIH-Sida na província do Huambo diminuiu considerav­elmente este ano

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