Presidente Vladimir Putin recusa impor novas sanções à Geórgia
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, rejeitou ontem impor novas sanções à Geórgia, após os parlamentares russos terem sugerido essa possibilidade na sequência de novas tensões entre os dois países.
“Em relação a todo o género de sanções à Geórgia, não o faria, sobretudo por respeito ao povo georgiano”, afirmou o líder russo durante uma sessão em Ekaterimburgo, a capital dos Urais.
A Rússia suspendeu quase totalmente as ligações aéreas com o país do Cáucaso, após protestos contra a visita de um deputado russo que provocaram mais de 240 feridos. O sector turístico georgiano estima que esta medida vá provocar perdas até 715 milhões de dólares à indústria até ao final do ano, devido aos cancelamentos de reservas de turistas. A Geórgia recebe anualmente cerca de 1,4 milhões de turistas russos.
Os deputados russos pediram ao Governo para avaliar a aplicação de sanções económicas à Geórgia, em resposta às suas “provocações anti-russas”, incluindo as manifestações em Tbilissi e os insultos de um jornalista do país dirigidos a Putin. “Para restaurar plenamente as nossas relações, não farei nada que o possa impedir”, assinalou o líder russo, que também retirou importância aos insultos que lhe dirigiu o apresentador georgiano da cadeia privada Rustavi 2.
“Antes ninguém o conhecia e agora todos falam dele. Nesse sentido, conseguiu o que queria”, considerou o Chefe de Estado russo.
Os deputados da Duma russa condenaram ontem os recentes acontecimentos na Geórgia e assinalaram que as acções “das forças radicais” georgianas poderiam conduzir o país a uma degradação mais profunda das relações com Moscovo. A Duma recordou que o Governo russo “tem o direito a impor restrições económicas na Geórgia”.
A proposta, que implicaria a proibição da importação de vinho e água mineral georgiana e as transferências bancárias entre os dois países, obteve o apoio de todos os partidos. De acordo com o presidente da Duma (câmara baixa do Parlamento), Viacheslav Volodin, em 2018 as transferências bancárias da Rússia para o país do Cáucaso do Sul atingiram 640 milhões de dólares, um número que coincide com os dados do Banco Central da Rússia.
Em Junho, milhares de pessoas convergiram para o Parlamento da Geórgia em protesto pelas “posições prórussas” do Governo de Tbilissi. A Polícia utilizou balas de borracha e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes que tentaram invadir o Parlamento, e os confrontos provocaram 240 feridos.
Os protestos reflectem os sentimentos anti-russos na Geórgia, que durante a presidência de Mikheil Saakashvili efectuou uma tentativa militar para retomar o controlo da província separatista da Ossétia do Sul, e que implicou uma guerra com a Rússia em 2008. O Primeiro-Ministro socialista espanhol, Pedro Sánchez, foi incapaz de desbloquear o impasse nas negociações para a sua investidura como Chefe do Governo numa reunião realizada ontem com o líder do Unidas Podemos (extremaesquerda), Pablo Iglesias.
No final do encontro, o PSOE (Partido Socialista Espanhol) e o Unidas Podemos responsabilizaram-se mutuamente pela falta de avanços para garantir a investidura de Pedro Sánchez como Primeiro-Ministro, numa sessão parlamentar que se vai realizar a partir do dia 22.
A falta de progressos para formar Governo, três meses depois das eleições de 28 de Abril, faz aumentar as possibilidades de que seja marcada uma nova consulta eleitoral.
Não quero “pensar que Iglesias queira impedir pela segunda vez que Espanha tenha um Governo de esquerdas”, disse no final da reunião a líder da bancada socialista no Parlamento, Adriana Lastra, numa alusão à falta de apoio do Unidas Podemos a um executivo liderado por Pedro Sánchez que poderia ter sido investido em 2016.
A dirigente socialista sublinhou que “não é certo” que Pedro Sánchez tenha dito a Pablo Iglesias que o PSOE tinha decidido avançar para novas eleições no caso do fracasso das negociações.
Fontes do Unidas Podemos tinham avançado que o Chefe do Governo tinha dito que preferia uma nova consulta eleitoral no caso de não ter os apoios suficientes. No final da reunião, Pablo Iglesias mostrou-se convencido de que Pedro Sánchez “mais cedo ou mais tarde rectificará” a sua posição e negociará um Governo de coligação com o Unidas Podemos.
O líder da extrema-esquerda espanhola disse esperar convencer ainda o PSOE a mudar de posição: “Nós temos flexibilizado a nossa posição”, afirmou.
“Temos a mão estendida e vamos continuar a tentar encontrar uma solução”, assegurou por sua vez Adriana Lastra, ao mesmo tempo que acusava o Unidas Podemos de dizer várias “falsidades” sobre a posição dos socialistas.
A chefe da bancada parlamentar do PSOE lamentou, entre outras coisas, que Iglesias, depois de uma reunião havida anteriormente com Sánchez, tenha dito que a primeira opção dos socialistas era o Cidadãos (direita-liberal) e o PP (Partido Popular, direita).
Os votos do Unidas Podemos são imprescindíveis à recondução de Pedro Sánchez como Chefe do Governo, depois de todos os partidos à direita do PSOE já terem confirmado que irão votar contra a investidura.
A formação de extremaesquerda exige a entrada de dirigentes seus, como ministros, no futuro Governo espanhol, possibilidade que os socialistas recusam terminantemente, preferindo apenas o seu apoio parlamentar e avançando apenas com a eventual concessão de lugares intermédios de poder (secretarias de Estado e direcções-gerais).
A soma do PSOE (123) e do Unidas Podemos (42) fica 11 votos aquém da maioria absoluta (176) necessária para que Pedro Sánchez seja investido à primeira volta no Parlamento.
Mesmo com o apoio do Unidas Podemos, Sánchez terá de negociar o apoio de outros partidos ou, na pior das hipóteses, a sua abstenção numa segunda volta, quando apenas precisar da maioria dos votos expressos.
Nas legislativas realizadas em 28 de Abril último, os socialistas foram o partido mais votado, com quase 29 por cento dos votos, mas outros quatro partidos tiveram mais de 10 por cento, acentuando a grande fragmentação política do país.
O PSOE tem 123 deputados eleitos (28,68 por cento dos votos), o PP 66 (16,70 por cento), o Cidadãos 57 (15,86 por cento), a coligação Unidas Podemos 42 (14,31), o Vox (extrema-direita) 24 (10,26), tendo os restantes sido eleitos em listas de formações regionais, o que inclui partidos nacionalistas e independentistas.
A formação de extrema-esquerda exige a entrada de dirigentes seus, como ministros, no futuro Governo, possibilidade que os socialistas recusam, preferindo apenas o seu apoio parlamentar