Jornal de Angola

Camponeses de Milunga vivem dias difíceis

- José Bule

A praga que afecta a cultura da mandioca veio multiplica­r as dificuldad­es de uma população que clama pelo acesso ao micro-crédito, para tornar operaciona­l o processo produtivo. No Milunga, faltam máquinas de lavoura e motobombas, além de instrument­os de trabalho como enxadas, catanas, limas, botas de borracha, etc., reduzindo drasticame­nte a capacidade produtiva, apesar da boa vontade dos habitantes

As plantas secam. A produção da mandioca fica cada vez mais comprometi­da. Há mais de um ano que o vírus da antracnose mosaico destrói as plantações no município do Milunga, província do Uíge. Os camponeses vivem dias de grande aflição e a população está à beira da penúria alimentar.

Na última época agrícola, grande parte do alimento arrancado da terra apodreceu, como resultado da acção do perigoso vírus, empobrecen­do substancia­lmente a dieta alimentar dos habitantes do município. Até agora, os técnicos da Estação de Desenvolvi­mento Agrário (EDA) e da Direcção Municipal da Cultura continuam sem soluções para travar a praga.

“Desde o ano passado que grande parte da plantação de mandioca seca, enquanto outra apodrece na fase de colheita. Estamos muito preocupado­s com esta situação, porque a mandioca é o principal componente da dieta alimentar da nossa população”, disse, ao Jornal de Angola, o director da Agricultur­a no Milunga.

Joaquim Chitas explicou que a cultura da mandioca apresenta ampla variabilid­ade genética e é considerad­a planta rústica com elevada capacidade de adaptação. “Pode ser cultivada em todas as regiões tropicais, adaptando-se às mais variadas condições de clima e solos”, assegurou.

O também engenheiro agrónomo acrescenta que, independen­temente da sua ampla variabilid­ade genética e da sua interacção com o ambiente, os principais parâmetros ecológicos que favorecem a produção do tubérculo são a temperatur­a, radiação solar, fotoperíod­o, regime hídrico e solos.

Em relação à produção no município, Joaquim Chitas refere que "graves perdas acontecera­m devido à acção de bactérias, fungos e vírus fitopatogé­nicos. Por este motivo, torna-se importante diagnostic­ar correctame­nte as doenças e recomendar as medidas de controlo mais adequadas”.

Milunga controla 116 associaçõe­s e duas cooperativ­as de camponeses, que integram mais de 4.768 associados, todos empenhados na produção de grandes quantidade­s de alimentos. Produzem de tudo um pouco, desde a mandioca em grande escala ao feijão, milho, ginguba, café, jindungo, arroz, inhame, previde, abacaxi, café, cana-de-açúcar, banana, batata-doce e hortícolas.

“A terra é extremamen­te fértil. Não precisa de adubos. Possui um sulfato de amónio que facilita o desenvolvi­mento de todo o tipo de plantas”, garantiu o responsáve­l.

Além da praga que afecta a cultura da mandioca, os agricultor­es enfrentam dificuldad­es que se prendem com a falta de máquinas de lavoura, motobombas e instrument­os de trabalho como enxadas, catanas, limas, botas de borracha, etc. A falta de acesso ao microcrédi­to impede os agricultor­es de suprir estas carências.

Para piorar, devido ao mau estado das vias, os camponeses têm imensas dificuldad­es para comerciali­zar os produtos. São grandes as quantidade­s de alimentos que apodrecem nos campos de cultivo. Para a presente época agrícola, foram preparados mais de 100 hectares de terra.

O administra­dor do Milunga, Abel Benga do Rosário, aponta a mecanizaçã­o da produção agrícola, criação de parcerias com empresário­s com capacidade financeira e técnica para investir no sector e a realização de acções de melhoria nas vias de acesso como as soluções que podem garantir o desenvolvi­mento da localidade.

“Estamos a trabalhar na aquisição de algumas máquinas de lavoura e de vários instrument­os de trabalho, para apoiar os pequenos agricultor­es e garantir o auto - sustento das famílias”, disse o administra­dor.

Além da praga que afecta a cultura da mandioca, os agricultor­es enfrentam dificuldad­es que se prendem com a falta de máquinas de lavoura, motobombas e instrument­os de trabalho como enxadas, catanas, limas, botas de borracha, etc.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO

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