Camponeses de Milunga vivem dias difíceis
A praga que afecta a cultura da mandioca veio multiplicar as dificuldades de uma população que clama pelo acesso ao micro-crédito, para tornar operacional o processo produtivo. No Milunga, faltam máquinas de lavoura e motobombas, além de instrumentos de trabalho como enxadas, catanas, limas, botas de borracha, etc., reduzindo drasticamente a capacidade produtiva, apesar da boa vontade dos habitantes
As plantas secam. A produção da mandioca fica cada vez mais comprometida. Há mais de um ano que o vírus da antracnose mosaico destrói as plantações no município do Milunga, província do Uíge. Os camponeses vivem dias de grande aflição e a população está à beira da penúria alimentar.
Na última época agrícola, grande parte do alimento arrancado da terra apodreceu, como resultado da acção do perigoso vírus, empobrecendo substancialmente a dieta alimentar dos habitantes do município. Até agora, os técnicos da Estação de Desenvolvimento Agrário (EDA) e da Direcção Municipal da Cultura continuam sem soluções para travar a praga.
“Desde o ano passado que grande parte da plantação de mandioca seca, enquanto outra apodrece na fase de colheita. Estamos muito preocupados com esta situação, porque a mandioca é o principal componente da dieta alimentar da nossa população”, disse, ao Jornal de Angola, o director da Agricultura no Milunga.
Joaquim Chitas explicou que a cultura da mandioca apresenta ampla variabilidade genética e é considerada planta rústica com elevada capacidade de adaptação. “Pode ser cultivada em todas as regiões tropicais, adaptando-se às mais variadas condições de clima e solos”, assegurou.
O também engenheiro agrónomo acrescenta que, independentemente da sua ampla variabilidade genética e da sua interacção com o ambiente, os principais parâmetros ecológicos que favorecem a produção do tubérculo são a temperatura, radiação solar, fotoperíodo, regime hídrico e solos.
Em relação à produção no município, Joaquim Chitas refere que "graves perdas aconteceram devido à acção de bactérias, fungos e vírus fitopatogénicos. Por este motivo, torna-se importante diagnosticar correctamente as doenças e recomendar as medidas de controlo mais adequadas”.
Milunga controla 116 associações e duas cooperativas de camponeses, que integram mais de 4.768 associados, todos empenhados na produção de grandes quantidades de alimentos. Produzem de tudo um pouco, desde a mandioca em grande escala ao feijão, milho, ginguba, café, jindungo, arroz, inhame, previde, abacaxi, café, cana-de-açúcar, banana, batata-doce e hortícolas.
“A terra é extremamente fértil. Não precisa de adubos. Possui um sulfato de amónio que facilita o desenvolvimento de todo o tipo de plantas”, garantiu o responsável.
Além da praga que afecta a cultura da mandioca, os agricultores enfrentam dificuldades que se prendem com a falta de máquinas de lavoura, motobombas e instrumentos de trabalho como enxadas, catanas, limas, botas de borracha, etc. A falta de acesso ao microcrédito impede os agricultores de suprir estas carências.
Para piorar, devido ao mau estado das vias, os camponeses têm imensas dificuldades para comercializar os produtos. São grandes as quantidades de alimentos que apodrecem nos campos de cultivo. Para a presente época agrícola, foram preparados mais de 100 hectares de terra.
O administrador do Milunga, Abel Benga do Rosário, aponta a mecanização da produção agrícola, criação de parcerias com empresários com capacidade financeira e técnica para investir no sector e a realização de acções de melhoria nas vias de acesso como as soluções que podem garantir o desenvolvimento da localidade.
“Estamos a trabalhar na aquisição de algumas máquinas de lavoura e de vários instrumentos de trabalho, para apoiar os pequenos agricultores e garantir o auto - sustento das famílias”, disse o administrador.
Além da praga que afecta a cultura da mandioca, os agricultores enfrentam dificuldades que se prendem com a falta de máquinas de lavoura, motobombas e instrumentos de trabalho como enxadas, catanas, limas, botas de borracha, etc.