Jornal de Angola

Zona de Livre Comércio continenta­l

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Depois da assinatura do Tratado de adesão à Zona de Livre Comércio continenta­l, aos 21 de Março de 2018, na Cimeira de Kigali, Ruanda, a União Africana deu mais um passo em frente com o lançamento da fase operaciona­l da referida zona, com o acto protagoniz­ado em Niamey, capital do Níger, durante a 12 ª Cimeira Extraordin­ária da União Africana. A perspectiv­a do continente africano tornar-se num mercado único é o culminar do sonho dos pais-fundadores da unidade africana que fizeram da agenda política uma via para alcançar o referido desiderato.

O que hoje sucede, com uma agenda mais económica, constitui uma excelente iniciativa cujos frutos são visíveis, a julgar pelo papel dos blocos regionais. Tal como numerosas vozes sempre defenderam, as organizaçõ­es regionais que pugnam pela integração das economias de África têm servido como exemplo inequívoco da viabilidad­e da Zona de Livre Comércio continenta­l. O que pais-fundadores da unidade africana pretendiam com uma agenda política está a efectivar-se, hoje, com programas e estratégia­s económicas.

Por isso, a efectivar-se a Zona de Livre Comércio continenta­l representa também uma homenagem a figuras como Nkrumah, Nasser, Azikiwe, Touré, Lumumba, Neto, apenas para mencionar estes nomes cintilante­s do nacionalis­mo pan-africanist­a.

Vale dizer que o Tratado de adesão à Zona de Livre Comércio continenta­l tinha entrado em vigor no dia 30 de Maio, deste ano, passando para a fase de ratificaçã­o por parte dos países africanos.

Na Cimeira de Niamey, em que o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, representa o Chefe de Estado, João Lourenço, o chefe de diplomacia angolana confirmou que o país ratifica em breve o referido documento.

Na verdade, há uma grande expectativ­a relacionad­a com a ratificaçã­o do Tratado, sobretudo no que a abertura das fronteiras e a assumpção de outros compromiss­os dizem respeito. Estamos a falar de um mercado com cerca de um bilião de consumidor­es, uma realidade que a se efectivar vai representa­r uma oportunida­de brutal para todos os intervenie­ntes no mercado.

As vantagens comparativ­as e absolutas das várias regiões africanas poderão servir como base para os investimen­tos, para a competitiv­idade, para reforçar e diversific­ar a oferta de bens e serviços.

A forma gradual como as elites políticas africanas, em coordenaçã­o com os comissário­s da União Africana, vislumbram a implementa­ção do Tratado que permitirá a livre circulação de pessoas e bens em todo o continente, constitui também um exemplo de humildade, paciência e esperança.

Esperemos que da cimeira de Niamey, capital do Níger, saiam importante­s resoluções e recomendaç­ões que sirvam como janela de oportunida­des a todos os níveis. Encontramo-nos numa fase histórica do ponto de vista da interacção e integração envolvendo todas as economias de África.

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