Câmara dos Representantes limita os poderes de Trump
Em Junho, Trump esteve a minutos de ordenar um ataque com mísseis, como represália, por os militares iranianos terem abatido um drone norte-americano
A Câmara dos Representantes dos EUA, controlada pelos democratas, aprovou na semana finda a limitação dos poderes presidenciais em relação a declarar a guerra ao Irão e recusou a proposta de Orçamento para o Pentágono.
A votação sobre as medidas anuais, relativas à Defesa, que obriga Donald Trump a requerer a autorização do Congresso para atacar o Irão, traduziu-se em 251 votos contra 170, depois de cerca de duas dúzias de representantes republicanos votar ao lado dos democratas.
Em Junho, Trump esteve a minutos de ordenar um ataque com mísseis ao Irão, como represália por militares iranianos terem abatido um drone (aparelho aéreo não -tripulado) norte-americano.
A proposta de Orçamento para o Pentágono apresentada pela Casa Branca, que ascendia a 750 mil milhões de dólares, foi aprovada, mas reduzida em 17 mil milhões de dólares.
Que meios têm um e outro?
A presença militar norteamericana, no Golfo Pérsico, foi reforçada com a chegada do porta-aviões USS, Abraham Lincoln.
Segundo disse o Presidente norte-americano em entrevista à NBC News, os aviões não estavam ainda no ar e, sensivelmente meia hora antes, decidiu não levar o ataque por diante, por considerar que a resposta era desproporcionada e que segundo informações dos generais norte-americanos podiam morrer 150 iranianos.
Este foi o último de vários episódios, de uma espécie de batalha naval irano -americana em curso, ao longo das últimas semanas. Em seguida, o Presidente que retirou os EUA do acordo sobre o sistemanuclear iraniano, no ano passado, solicitou, via Qatar, um diálogo com o Irão, segundo notícias avançadas, recentemente, pela agência internacional Reuters.
A resposta vai ser dada, segundo fontes citadas pela mesma agência, pelo líder Supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei. Os conservadores iranianos estão a emergir, numa altura em que a política de paciência estratégica do Presidente moderado Hassan Rouhani e aliados começa a ser entendida como um falhanço face aos EUA. Enquanto Trump denunciou o acordo sobre o sistema nuclear do Irão, a União Europeia mantém o apoio ao mesmo, mas sem conseguir pressionar ou exercer qualquer tipo de influência sobre o Presidente norteamericano.
Trump, bem como o Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanhyanu, não acreditam nas intenções de Teerão e consideram que Teerão procura chegar à bomba atómica. No passado, políticos conservadores iranianos, como o ex-Presidente Mahmud Ahmadinejad, por exemplo, sugeriram apagar Israel do mapa.
O papel fulcral dos iranianos na Síria, em auxílio do Governo do Presidente Bashar al-Assad, permitiu ao Irão construir bases na Síria e, dessa forma, ficar mais perto de Israel. Ataques israelitas em território sírio visam, precisamente, travar o avanço iraniano.
Apesar de tudo, segundo o jornalista Chuck Todd, que chegou a entrevistar Trump para o programa Meet the Press da NBC News, o Presidente dos EUA dizia estar disposto a dialogar com as autoridades iranianas, sem grandes condições para chegar a um acordo, que devia incluir os mísseis balísticos.
No entanto, os norte-americanos reforçaram a presença militar no Golfo Pérsico, com mais homens, e enviaram também, para a região, o porta-aviões USS Abraham Lincoln. Foi a bordo desta embarcação que o ex -Presidente norte-americano George W. Bush, também republicano, anunciou, a 1 de Maio de 2003, a vitória no Iraque. Conseguiu derrubar Saddam Hussein, mas pelo que se sabe até hoje, a situação não melhorou, tanto no Iraque como nos países à volta.
Na equipa de Trump está, actualmente, como conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, que era subsecretário de Estado de W. Bush, na altura da invasão militar do Iraque sem o aval internacional das Nações Unidas. Bolton será partidário de uma intervenção contra o Irão, tal como o secretário de Estado Mike Pompeo e o Vice -Presidente Mike Pence, mas outros sectores do Pentágono e do Congresso defendem um regresso à calma, alertam que um ataque ao Irão seria algo que ia incendiar toda a região do Golfo Pérsico e do Médio Oriente.
Enquanto a tensão não baixa, entre iranianos e norteamericanos, importa perceber os meios que detêm os dois potenciais beligerantes, Irão e EUA. Os norte-americanos têm, actualmente, 15 mil militares no Koweit, 11 mil no Qatar, 7 mil no Bahrein, 5 mil nos Emirados Árabes Unidos, 5100 no Iraque, quatro mil no Djibuti, 2500 na Turquia, 1500 na Jordânia e 200 em Omã.