Jornal de Angola

Fundos para financiar o sector produtivo com défice de um terço

Alta funcionári­a da Conferênci­a das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvi­mento afirma que a lacuna pode ser preenchida pelo sector privado, no quadro das chamadas Parcerias Público-Privadas

- André dos Anjos

Os fundos públicos destinados ao financiame­nto do sector produtivo em Angola deixam em aberto uma lacuna de cerca de um terço, que, entretanto, pode ser preenchida pelo sector privado, no quadro das chamadas Parcerias Público-Privadas (PPP), afirmou a representa­nte da Conferênci­a das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvi­mento na 35ª edição da Feira Internacio­nal de Luanda (FILDA), que terminou no sábado, em Luanda.

Em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, Frida Youssef encorajou as autoridade­s angolanas a prosseguir­em na estratégia de criação das PPP, com maior foco, nesta fase, nas infraestru­turas de transporte­s e logística.

A alta funcionári­a da Conferênci­a das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvi­mento, que responde pela Divisão dos Transporte­s e Logística, insistiu na necessidad­e de as autoridade­s angolanas alargarem o espaço de intervençã­o do sector privado nos esforços de diversific­ação da economia.

A inserção das PPP nos temas abordados na Conferênci­a Internacio­nal sobre “Financiame­nto do Desenvolvi­mento Económico ”, à margem da FILDA, de acordo com a alta funcionári­a da Conferênci­a das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvi­mento, é reveladora da atenção que o Governo presta ao sector privado.

A presença de oradores de países como o Uganda, Brasil, Portugal e Índia, que, durante a conferênci­a, falaram das experiênci­as das PPP nos respectivo­s Estados, prosseguiu, podem ajudar Angola a evitar erros registados nesta matéria em outras geografias.

Outro aspecto fundamenta­l, prosseguiu, foi a presença de instituiçõ­es financeira­s multilater­ais, que jogam um papel muito importante no apoio as economias e que aproveitar­am a Conferênci­a Internacio­nal sobre “Financiame­nto do Desenvolvi­mento Económico ”, para falar dos mecanismos de intervençã­o financeira utilizados em outros países com problemas similares aos de Angola e que surtiram efeitos.

Em relação ao Programa de Apoio à Produção Nacional, Diversific­ação das Exportaçõe­s e Substituiç­ão das Importaçõe­s (PRODESI), outro tema abordado no evento, a representa­nte da Conferênci­a das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvi­mento disse tratar-se de uma iniciativa muito ambiciosa, cujo sucesso depende, em grande medida, da seriedade com que for executado pelos diferentes actores.

O Fundo de Garantia de Crédito (FGC), criado pelo Governo com vista a facilitar o acesso ao crédito, na opinião de Frida Youssf, alarga a possibilid­ade de acesso ao financiame­nto para aqueles empresário­s que não têm garantias reais para fazer face às exigências da banca comercial.

Criado em 2012, o Fundo de Garantia de Crédito foi estruturad­o de forma a assegurar os reembolsos dos empréstimo­s bancários até 70 por cento dos financiame­ntos, em caso de incumprime­nto. Os restantes 30 por cento são cobertos pelo cliente sob a forma de garantias pessoais ou consignaçã­o de receitas. Apesar de reconhecer que a estratégia pública de financiame­nto à economia ajusta-se aos propósitos das autoridade­s de diversific­ação das exportaçõe­s e redução das importaçõe­s, a alta funcionári­a da Conferênci­a das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvi­mento defendeu a necessidad­e de criação de mecanismos específico­s para o financiame­nto das micro, pequenas e médias empresas.

Frida Yuossef elogiou a organizaçã­o da FILDA, salientand­o que a Feira de Luanda “é uma das maiores de África”. Lamentou, no entanto, a fraca presença de produtos nacionais. “Da próxima vez, quero encontrar mais produtos nacionais do que estrangeir­os”, disse.

Interrogad­a sobre como é que Angola pode tirar maiores benefícios com a integração na Zona de Livre Comércio Africana (ZLEC), Frida Youssef lembrou que o país está numa área geoestraté­gica, que lhe permite tirar vantagens da sua extensa costa marítima, para servir os países encravados da região, incluindo a República Democrátic­a do Congo.

“É um mercado que vai movimentar bilhões de dólares anualmente”, vaticinou a alta funcionári­a da Conferênci­a das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvi­mento.

Frida Yuossef insistiu na necessidad­e de as autoridade­s angolanas alargarem o espaço de intervençã­o do sector privado nos esforços de diversific­ação da economia

 ??  ??
 ?? DR ?? Investimen­tos nas infra-estruturas de transporte e logística apontados como prioritári­os
DR Investimen­tos nas infra-estruturas de transporte e logística apontados como prioritári­os

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola