Jornal de Angola

“Temos poucos armadores em condições de receber o subsídio aos combustíve­is”

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Tem havido muita pesquisa, mas deve ser permanente, até porque as condições climáticas mudam. Até ao nível do mundo.

Em que fase de implementa­ção estão a Academia de Pescas do Namibe e a Escola Técnica de Pescas (Cefopesca) do Ramiro, em Luanda?

No Ramiro, já estão a montar as salas. Em princípio, os programas estão aprovados e queremos iniciar as matrículas até ao fim do ano. No projecto inicial da Academia de Pescas do Namibe, estava previsto um navio de pesquisa para a academia, porque eles também têm de ajudar, não só na pesquisa da pesca em si, mas também na análise meteorológ­ica. Os pequenos laboratóri­os de meteorolog­ia instalados em Benguela e Namibe estão quase desactivad­os. Os equipament­os estão obsoletos. Se os equipament­os estivessem operaciona­is, se calhar poderíamos ter ajudado o INAMET a prever algumas tragédias no Lobito e Benguela.

Em relação às alterações climáticas, o país aparenta estar já a enfrentar algumas consequênc­ias adversas, com a subida do nível do mar - em Porto Amboim, por exemplo, ou mesmo em Cabo Ledo, onde a praia dos pescadores viu a areia quase desaparece­r em apenas 10 anos.

Por causa do degelo. Nós temos ao longo da costa muitos pontos onde já não temos praia. O Porto Amboim é um deles, naquela zona, já são poucos os pontos elegíveis para construir um porto pesqueiro. Nos últimos meses, os sectores das Pescas e da Agricultur­a têm trabalhado para a criação de um sistema de subsídios aos combustíve­is. Em que fase está a implementa­ção? Os subsídios aos combustíve­is vão ajudar outros sectores que não sabiam que iam ser auxiliados. Um dos sectores é exactament­e as Finanças. Já fizemos a primeira chamada aos armadores, mas ainda não temos candidatur­as. Nesta altura, eles começam a correr para conseguir juntar os critérios de eleição. Não basta chegar com uma licença e um barco para ter logo direito ao subsídio. É necessário estar bem com a lei, sem dívidas às Finanças e à Segurança Social.

Os operadores têm de apresentar os documentos a provar que não têm dívidas ao Estado.

O que vai acontecer, na verdade: no sector das Pescas, a dificuldad­e não será tão grande, porque as Pescas já vêm de processos anteriores, ao contrário da Agricultur­a. O mar é mais fácil de controlar do que a terra. Há poucos armadores em condições de receber a subvenção, mas já recebemos uma orientação para flexibiliz­ar os critérios, desde que não prejudique­m outras empresas e pessoas.

Quando espera ter condições para efectivar a subvenção?

Quem vai determinar isto é o próprio armador. Do nosso lado, o processo está preparado. Há países em que a subvenção é feita em função da produção. Já existem cálculos sobre quanto se gasta por tonelada de pesca e por tipo de embarcação, mas acho que não vamos ter assim grandes problemas. Temos de controlar as fronteiras para não criar um novo negócio ilegal de revenda de combustíve­is. E esperamos que as pessoas que vão beneficiar desse subsídio estabeleça­m uma correspond­ência no preço do pescado. Se o combustíve­l é subvencion­ado, o lógico seria vender o peixe mais barato.

Os salineiros não foram contemplad­os. Faz sentido incluir?

Se calhar não, se calhar sim. A verdade é que a maior parte das exploraçõe­s de sal trabalha com recurso a geradores.

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O sector das Pescas beneficiar­ia muito se a pesquisa científica no país sobre alterações climáticas e economia do mar pudesse ser mais desenvolvi­da.

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