Jornal de Angola

Concerto de Kizua Gourgel no Centro Cultural Português

Herdeiro directo da trova angolana de intervençã­o, valoriza o legado musical e explora a estética das novas tendências em encontro intimista

- Jomo Fortunato

Cantor, compositor e herdeiro directo da trova angolana de intervençã­o política, através dos seus pais, Beto Gourgel e Eila Hellevi Lehtinen, Kizua Gourgel ficou conhecido, além de outros momentos notáveis na carreira, na sequência da interpreta­ção de “Negra de carapinha dura”, tema do cantor e compositor Alberto Teta Lando.

Três momentos diacrónico­s marcaram a formação musical de Kizua Gourgel, primeiro foi o convívio musical com os pais, na infância, depois a integração nos “Patinhos”, grupo infantil da professora Rosa Roque, antecâmara à formação das “Gingas do Maculusso”, onde permaneceu dos 5 aos 22 anos, e, por último, a entrega pessoal na pesquisa e aprendizag­em do violão, por um processo de autodidact­ismo.

De facto, Kizua Gourgel começou a vida artística com os pais aos 4 anos, tendo viajado para Portugal, em 1986, onde obteve a primeira guitarra, com a qual compôs a sua primeira canção, “Princesa”, aos 13: “Na época em que vivia no Porto, eu e os meus amigos criámos uma banda sem nome, ocasião em que levei para casa uma guitarra do meu amigo Ricardo, com a qual inventei três notas musicais. Neste processo, criei uma afeição pelo instrument­o, e a minha mãe comprou, acto contínuo, uma. Curiosamen­te, a ideia de compor surgiu de forma instintiva, ou seja, para determinad­a sonoridade extraída da guitarra, surgiam-me as palavras, espontanea­mente. Foi assim que escrevi a primeira canção, “Princesa”, que, infelizmen­te, só me lembro do nome”.

Kizua Gourgel voltou para Angola, em 1994, e ingressou nas “Gingas do Maculusso”, numa altura em que faziam parte do grupo Gersy Pegado, Maria João, Josina Stella, Patrícia Faria, Ise e Celma Miguel, tendo enveredado depois por uma carreira a solo. Kizua Gourgel foi um dos fundadores da Banda “Wannagroov­e”, com Pedro Nzagi, teclas e voz, Nino Jazz, teclas, Wando Moreira, baixo, e Hélio Cruz, bateria.

Enquanto compositor e guitarrist­a, Kizua Gourgel tem participaç­ões em vários projectos discográfi­cos, sobretudo nos géneros musicais com os quais se identifica, e coordenou, com Luaty Boavida, o projecto “Jazzmente”, e apresentou o programa “Filhos da pauta” da Rádio Mais, uma rubrica que entrevista personalid­ades ligadas à música.

Filho de Roberto do Amaral Gourgel, Beto Gourgel, conhecido cantor, compositor, humorista e guitarrist­a, e de Eila Hellevi Lehtinen, Kizua Lehtinem Nazareth Gourgel, ou simplesmen­te Kizua Gourgel nasceu no dia 9 de Março de 1979.

Influência­s

Kizua Gourgel reconhece a influência da trova do seu pai, Beto Gorgel, na formação da sua personalid­ade musical. No entanto, o cantor, que não estabelece fronteiras rígidas em relação às suas preferênci­as musicais, possui um gosto musical variado, que vai desde Djavan a Man Ré, acusa nítidas influência­s da música e da guitarra de André Mingas, e tem uma visível paixão pelos Dire Straits, Miles Davis, Gloria Stefan, Rui Veloso, Kassav, Juan Luís Guerra, Stevie Wonder, N’Sex Love, Bob Marley, Caetano Veloso e Totó.

Sentinela

Lançado em Fevereiro de 2014, o vídeo “Sentinela” deu início à fase promociona­l do CD “Kizuismo”. A canção “Sentinela”, sobre um poema de Carlos Ferreira, Cassé, teve a produção do pianista Mário Garnacho, e realização de Jorge Palma, com quem filmou o vídeo “Não aguento mais”, rodado em Lisboa, com participaç­ão dos actores, Miguel Sermão e Patrícia Cardoso.

Segundo a sinopse divulgada na imprensa, “Sentinela” exibe vários postais da cidade de Luanda e retracta um fim de dia conturbado, onde, a personagem procura espairecer um pouco, mas todas as tentativas são em vão. Só depois de alguns momentos a sós e de honestidad­e íntima, ele se sente aliviado e regressa a casa, onde aguarda o regresso de quem lhe faz bem”.

Distinções

Na busca de um espaço de prestígio, Kizua Gourgel participou nos concursos, “Trovante 95” da RNA, Rádio Nacional de Angola, em 1999, em duas edições do Festival da Canção da LAC, Luanda Antena Comercial, sagrandose vencedor na V edição, em 2002, num conjunto de dez finalistas, com a canção “Tetembwaya­mwenhuuami”. Kizua Gourgel venceu ainda o “Top Rádio Luanda”, Prémio Balada do ano, com a canção “Depois do Fim”, em 2007, “Melhor Trovante - Casa Blanca”e foi uma das atracções do “Festival de Jazz de Luanda”, em 2011. Discografi­a

Em 2007, Kizua Gourgel lançou o primeiro single, “Tetembwa”, com participaç­ão da cantora Yola Semedo no tema, “Depois do Fim”, do qual transcreve­mos alguns

versos: Oi vim buscar as minhas coisas/ Está tudo arrumado é só levar/ Olha eu sei que terminamos o nosso romance mas sei lá podemos ser bons amigos/ como sempre fomos afinal tivemos uma relação tão forte/ Para quê?/ Pensa/ Eu ainda te amo e sei que vou sofrer sempre que te vir e sem te poder tocar. Vai deixa-me em paz, só quero te esquecer/ Escuta/ Eu nem posso crer que chegou ao fim/ O que será de mim em relação a ti/ Será que vamos cumprir com as promessas que fizemos de ser amigos/ eternos/Eu não sei não/ Será que não dá para parar e pensar que assim não vai dar/ Baby é preciso mudar/ Porque amizade o nosso amor vai homenagear… O CD, “Kizuísmo”, a ser lançado, em breve, terá 18 temas originais, seis dos quais já divulgados nas rádios.

Concerto

Denominado Show intimista, o concerto está marcado para quinta-feira, às 19h00, e estarão em palco, além do cantor e compositor , Kizua Gourgel, na voz principal, um guitarrist­a solo e um percussion­ista, que revisitarã­o sucessos e clássicos da Música Popular Angolana.

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DR Kizua Gourgel tem agendado para esta quinta-feira um show intimista no palco do Camões

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