Jornal de Angola

Raposas do Deserto abatem Super Águias no último tiro

Resposta da Nigéria no segundo tempo chegou apenas para equilibrar os números antes do apito final do árbitro gambiano

- Honorato Silva | Cairo

Drama e nervos de aço, no último acto de uma disputa de titãs, levaram ontem a Argélia à final da 32ª edição da Taça de África das Nações em futebol, que decorre no Egipto, dado o triunfo frente à Nigéria, por 2-1, na compensaçã­o.

Um golpe de mágica de Riyad Mahez, a estrela da equipa de Djamel Belmadi, considerad­a pela crítica a mais coesa da competição, valeu às Raposas do Deserto o regresso à decisão do título, passados que estão 27 anos desde a sua segunda presença no desafio de consagraçã­o. Aliás, os nigerianos, derrotados por 0-1, em 1990, em Argel, venceram os argelinos, 10 anos antes, por 30, na final de Lagos.

O jogo começou com a confirmaçã­o da tendência avançada nos prognóstic­os, que apontavam para o ascendente das Raposas do Deserto, expeditas em ditar o rumo dos acontecime­ntos, enquanto as Super Águias, algo contemplat­ivas, estudavam a forma mais segura de içar voo em direcção à baliza de Rais Mbolhi, mero espectador no primeiro tempo.

As acções de ataque sucediam-se do lado argelino, que fazia menção de pretender acampar no meio campo nigeriano, numa fase em que os pupilos do alemão Gernot Rohr procuravam desapertar o colecte de forças.

O registo autoritári­o da equipa liderada em campo por Mahez foi compensado logo a seguir à meia-hora de jogo, com o surgimento do 1-0. Atordoado pela pressão, Wilfred Ndidi, na tentativa de fazer um corte, introduziu a bola na baliza de Daniel Akpeyi, infortúnio que acabou por pintar o marcador com justiça, face à produção ofensiva das Raposas do Deserto.

Apenas perto do intervalo, acalmadas pela serenidade de Ahmed Musa e Chuka Iwobi, as Super Águias conseguira­m deixar as marcas das chuteiras do outro lado campo. O jogo começou a ganhar uma toada de equilíbrio.

Força do balneário

O intervalo mudou por completo a postura da Nigéria. A conversa com Rohr, nos balneários, tocou o ego dos jogadores. Rápidos e precisos na recepção e no passe, os nigerianos, determinad­os em honrar, com a conquista do título, a memória de Stephen Keshi, treinador campeão em 2013, na África do Sul, foram para cima do adversário.

O sentido de jogo mudou para a baliza dos argelinos, representa­dos por uma esmagadora maioria de adeptos nas bancadas. No entanto, a mancha verde quase residual, formada pela claque que viajou de Lagos, recebeu um forte incremento, quando os egípcios resolveram equilibrar as contas.

Em nome de uma velha rivalidade, os adeptos locais juntaram-se aos apoiantes da Nigéria, força moral que empurrou a equipa para o ataque. Foi assim que surgiu, com a intervençã­o do VAR (vídeo árbitro), o penaltie convertido por Odion Ighalo.

O jogo seguiu numa toada aberta, a convidar para mais 20 minutos de prolongame­nto e, quiçá, o desempate nos penalties. Só que o lance crucial, descrito acima, ditou o segundo finalista, para a decisão da próxima sexta-feira, no mesmo recinto.

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DR Argelinos regressam a uma final do CAN 27 anos depois

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