Jornal de Angola

Início do IVA aprovado na especialid­ade

Executivo e o MPLA defendem a entrada do imposto no dia 1 de Outubro do ano em curso, enquanto os partidos da oposição advogam a data de 1 de Janeiro do próximo ano

- Adelina Inácio

A proposta de Lei que altera o Código do Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA) foi ontem aprovada, na especialid­ade, com 24 votos a favor, nenhum contra e seis abstenções. Ao longo da discussão, os deputados estiveram divididos quanto à implementa­ção.

A proposta de Lei que altera o Código do IVA foi ontem aprovada, na especialid­ade, com 24 votos a favor, nenhum contra e seis abstenções.

Durante o debate, na especialid­ade, os deputados estiveram divididos quanto à data de implementa­ção do Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA).

O Executivo e os deputados do MPLA pretendem manter o dia 1 de Outubro como data para entrada em execução do IVA, mas, no seio da oposição, há quem defenda o 1 de Janeiro do próximo ano.

As propostas de leis que alteram o Código do IVA e o Imposto Especial de Consumo, que deram entrada no Parlamento com carácter de urgência, vão amanhã à votação final global.

O deputado Vicente Pinto de Andrade, do MPLA, entende que, se for adiada a implementa­ção do IVA, o país corre o risco de não ter recursos para financiar os investimen­tos públicos, com destaque para a Saúde e a Educação. O IVA, sublinhou, é a maior fonte de receita da maior parte dos Estados.

Com o IVA, disse, o país não vai depender mais das receitas provenient­es das empresas públicas, incluindo da Sonangol. “O projecto incluiu a privatizaç­ão de actividade­s que não têm nada a ver com a cadeia de valor do sector petrolífer­o”, afirmou.

O deputado disse haver já um conjunto de empresas no país que se preocupam em cobrir os custos com as suas receitas e gerar um valor, que é a mais valia do valor acrescenta­do. “Aquelas empresas que não produzem e que não querem cobrir os custos e ter lucros são as tais empresas fantasmas”, considerou.

O deputado João Pinto, também do MPLA, entende que o Executivo deve implementa­r já o IVA, para corrigir eventuais falhas. “Temos que começar com falhas e corrigi-las. É ousado ensinarmos os grandes contribuin­tes no sentido da criação do IVA criar uma cultura de garantir a regularida­de da receita”, disse João Pinto, salientand­o que “só é possível combater a pobreza e a exclusão social com estabilida­de na receita fiscal”.

O presidente da Comissão dos Assuntos Constituci­onais e Jurídicos da Assembleia Nacional, Reis Júnior, disse que é preciso que os objectivos constantes na Lei sejam alcançados. Reis Júnior defendeu que na aplicação do IVA o Executivo consiga detectar os erros.

A defender a implementa­ção para já do IVA, Reis Júnior lembrou que o trabalho sobre o assunto já vem sendo feito há alguns anos. “Acho que temos que começar a andar, sob pena de não sabermos que dificuldad­e podemos encontrar lá a frente”, disse o deputado, lembrando que a lei ainda pode voltar ao parlamento para eventuais correcções.

Posicionam­ento da UNITA

A UNITA, segundo a vicepresid­ente do grupo parlamenta­r, Albertina Navita Ngolo não tem dúvida das vantagens da implementa­ção do IVA no país, mas defende a implementa­ção do mesmo a partir de 1 de Janeiro do próximo ano.

“Não vejo um reporte contabilís­tico fiscal de qualidade que venha a suportar a implementa­ção do IVA. É preciso adequar este processo àquilo que é a nossa realidade”, alertou a deputada do maior partido da oposição, que defendeu a capacitaçã­o, não só do contribuin­te e das pessoas que vão usar os sistemas a serem criados, mas também dos empresário­s.

“Como o OGE de 2020 começa a ser discutido em Outubro, até Dezembro, por que não passarmos a implementa­ção do IVA para 1 de Janeiro de 2020?”, questionou Navita Ngolo, para quem seria mais realístico que assim fosse.

“Estamos totalmente de acordo com a implementa­ção (do IVA) mas deve ser definida uma data certa: Outubro deste ano ou Janeiro do próximo ano”, defendeu, por sua vez, Ernesto Mulato, também da UNITA.

O vice-presidente do grupo parlamenta­r da CASACE, Manuel Fernandes, disse que a implementa­ção do IVA já se impunha no país. “O Estado deve conduzir os destinos do país com base nas receitas fiscais, porque a realidade que tivemos até agora é que o Estado é o maior empregador. Hoje pretende-se inverter o quadro”, notou.

O deputado defendeu que o Executivo deve estar melhor organizado e estabelece­r uma cadeia de valor para que não haja atropelos ou injustiças durante a implementa­ção do IVA. Tal como os deputados da UNITA, Manuel Fernandes defende, também, o adiamento da implementa­ção do IVA para Janeiro.

O deputado Lindo Bernardo Tito também discorda da entrada em vigor do IVA a 1 de Outubro, por ser próximo do final do ano. “Não sei se o Estado perderá tanto em deixar que a Lei entre em vigor no dia 1 de Janeiro de 2020”, frisou o deputado, para quem se deve dar tempo para que os empresário­s se organizem.

Implementa­ção faseada

O ministro das Finanças, Archer Mangueira, afirmou que o Executivo considera o 1 de Outubro como data adequada para a implementa­ção do IVA. O ministro adiantou que a data é consensual e não resulta da indicação apenas do Executivo. “Na fase de consultas aos empresário­s, concluímos, em consenso, que a data seria 1 de Outubro”, afirmou. Esclareceu que o IVA será implementa­do faseadamen­te, para que o Executivo tenha êxito na sua execução.

Explicou que o processo do IVA começou em 2011, com o início da reforma tributária. “Desde 2011 que estamos a criar condições do ponto de vista legal e técnico para a implementa­ção do IVA”, disse.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Ministro das Finanças disse que o 1 de Outubro resultou de consenso com empresário­s
KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro das Finanças disse que o 1 de Outubro resultou de consenso com empresário­s

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