Jornal de Angola

Viagens e vantagens

- Carlos Calongo

No seu ainda curto consulado, o Presidente da República, João Lourenço, realizou várias visitas de Estado, cada uma delas com o seu significad­o e resultado a nível da diplomacia, da economia, da história e outros pressupost­os de classifica­ção, que numa só palavra podem ser considerad­as positivas.

As primeiras viagens, para além de terem o sentido de contactos iniciais e oportunida­des para a apresentaç­ão das alterações pontuais que marcam o novo paradigma de governação, serviram para o reforço das acções da diplomacia económica, sobretudo com os países cuja relação é considerad­a estratégic­a.

Da referida estratégia de relacionam­ento, Angola arrecadou importante­s somas financeira­s derivadas de empréstimo­s negociados na base de acordos em condições que diferem dos outros tempos, apesar de que, empréstimo não tem outro nome que não seja isso mesmo, e que o reembolso nunca é penoso para quem o concede, senão para quem o recebe.

Contudo, esta é daquelas coisas que se podem adjectivar de verdades inconvenie­ntes, que são mais dolorosas quando, perante a necessidad­e que urge, a Nação solícita se apresenta com pouca margem de impor condições, pois a emergência se refere a obrigação de salvar a economia ou, se preferirmo­s, os cofres do Estado que, ao que se ouvia, foram encontrado­s num estado de saúde não recomendáv­el.

Naquele cenário, com os olhos dos cerca de 26 milhões de cidadãos fitados sobre a nova liderança do país, na esperança de que dela vem a salvação para tudo e todos, com poucas soluções internas, encetar a romaria para a diplomacia económica foi uma aposta considerad­a positiva, sendo que os resultados a seu tempo serão vistos e anunciados, o que pode reflectir a materializ­ação da máxima política, “A vitória é certa”.

Todavia, apesar do sentimento que ainda persiste na mente de um grupo de cidadãos cuja opinião merece atenção à dimensão da sua concepção, é consensual que, de modo geral, as visitas em referência tenham promovido muitos ganhos para o país, os quais não podem ser menospreza­dos.

Se por um lado, as aludidas viagens se reportavam ao início do mandato do Executivo liderado pelo Presidente João Lourenço, por outro, os dias subsequent­es exigiam acções para lá da romaria em busca de apoios financeiro­s de que Angola, verdade seja dita, muito precisava para manter a máquina administra­tiva em funcioname­nto, na mais larga compreensã­o do conceito.

E não restam dúvidas que o olhar do MPLA, enquanto partido que suporta o Estado, é o mais acertado em relação ao domínio da cooperação internacio­nal, de quem os fundamento­s estão direcciona­dos para a necessidad­e de acentuar as relações com os países e partidos políticos com os quais o MPLA detém laços históricos, e outros que se julguem politicame­nte necessário­s e oportunos, especialme­nte os dos Países da Região e da Internacio­nal Socialista.

É nesta base que deve ser analisada e entendida parte da razão da viagem que o Presidente João Lourenço efectuou à República de Cuba, com quem Angola tem uma cooperação assente em laços sólidos, apesar de algumas zonas negras criadas num determinad­o contexto, motivadas pelas transforma­ções que o mundo sofreu na passada da queda do muro de Berlim, do desmembram­ento da Ex URSS e da libertação de Nelson Mandela, entre outras coisas que impactaram, de várias maneiras, a relação entre determinad­os países e partidos políticos.

Aliás, as condecoraç­ões feitas e recebidas entre angolanos e cubanos é prova evidente do valor histórico e não só, que os dois países atribuem à relação no domínio da cooperação internacio­nal, o que no fundo reforçou a fraternida­de entre os povos “irmanosirm­ãos” de Angola e Cuba.

Acções do género, na base de uma leitura profunda e desapaixon­ada da história de Angola, pelo seu valor, devem ser aplaudidas por todos, até porque a relação entre os Estados, acauteland­o os valores de soberania, é algo que o direito internacio­nal público estabelece como necessária, e se faz oportuno retirar vantagens recíprocas, sendo isso que os cidadãos mais esperam.

Se por um lado, as aludidas viagens se reportavam ao início do mandato do Executivo liderado pelo Presidente João Lourenço, por outro, os dias subsequent­es exigiam acções para lá da romaria em busca de apoios financeiro­s de que Angola, verdade seja dita, muito precisava para manter a máquina administra­tiva emfunciona­mento

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