Activista Maria Alice Mabota assume corrida à Presidência
Pela primeira vez na História de Moçambique, uma mulher, a activista Maria Alice Mabota, assume a intenção de candidatar-se às presidenciais, numa altura em que a Renamo reforça as críticas ao modo como decorreu o recenseamento eleitoral e avança com o pedido de uma auditoria externa e independente para apurar eventuais irregularidades
A activistados Direitos Humanos, Maria Alice Mabota, assumiu ontem, em Maputo, que vai ser a primeira mulher a candidatar-se ao cargo de Presidente da República nas eleições marcadas para Outubro, revelou ontem a Reuters.
Maria Alice Mabota, antiga presidente da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique, vai ser a cabeça de lista pela Coligação da Aliança Democrática, um grupo que congrega seis pequenas formações políticas tornando-se na sexta personalidade a assumir a intenção de candidatar-se à liderança do país.
O anúncio da candidatura surge numa altura em que a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, exige a realização de uma auditoria externa e independente ao processo de recenseamento eleitoral que terminou em Maio em todo o país, anunciou ontem o mandatário do partido citado pela agência Lusa.
“Ainda esta semana, vamos submeter à Procuradoria Geral da República (PGR) um ofício a exigir que se faça uma auditoria externa independente a todo o processo de recenseamento”, disse Venâncio Mondlane, mandatário da Renamo, em conferência de imprensa. Em causa, estão os mais de um milhão de eleitores moçambicanos que ficaram de fora do processo por várias razões.
“O problema não é só Gaza, nós dissemos que, basicamente, houve 1,5 milhões de pessoas que não foram recenseadas, isto é uma violação da lei, violação de um direito fundamental”, acrescentou Venâncio Mondlane.
A Renamo apresentou anteriormente uma queixacrime na PGR contra agentes dos órgãos eleitorais por alegada manipulação do recenseamento eleitoral na província de Gaza.
O principal partido da oposição em Moçambique diz ainda que vai enviar mais um ofício à Comissão Nacional de Eleições (CNE) “dando à própria CNE uma oportunidade de se retratar” e “fazer uma auditoria interna para perceber o que aconteceu.”
Venâncio Mondlane promete travar, se for preciso, uma batalha jurídica nacional e internacional com as instituições ligadas às questões eleitorais. “Existe na União Africana um conselho eleitoral especializado para esse tipo de conflitos. Vamos para todas as alternativas nacionais e internacionais”, disse.
O recenseamento eleitoral em Moçambique de correu entre 15 de Março e 30 de Maio e permitiu o registo de 5,9 milhões de eleitores, contra a previsão de recensear 7,3 milhões, de acordo com dados do STAE. O recenseamento foi prejudicado por avarias nas máquinas de registo, falta de energia eléctrica e de tinteiros de impressoras, entre outros constrangimentos e irregularidades, de acordo com organizações não-governamentais moçambicanas que têm feito a respectiva observação.
As eleições legislativas de 15 de Outubro vão decorrer em simultâneo com as presidenciais e para as assembleias provinciais, que pela primeira vez terão governadores eleitos e não nomeados, como acontece actualmente.
O sufrágio será o sexto na história de Moçambique, desde a introdução de uma Constituição multipartidária no país em 1990.
Investimentos
O Governo anunciou que vai adquirir cinco novas locomotivas, 90 carruagens, 300 vagões e cinco automotoras.