Jornal de Angola

Os casos de desmaios nas escolas

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Há dias, a cadeia de televisão Zimbo noticiou a existência de casos de desmaios que ocorreram nas escolas da localidade do Sequele, em Luanda, facto que remete aos casos anteriores que até hoje continuam por se esclarecer. Segundo a informação avançada pela citada estação de televisão, o fenómeno, que ocorreu no início deste mês, afectou 100 estudantes de três escolas, que tinham dado entrada numa das unidades hospitalar­es da referida centralida­de. E tal como se previa a reacção generaliza­da, quase que em uníssono por parte daqueles que acompanham e têm memória do referido fenómeno, foi traduzida pela frase exclamativ­a e interrogat­iva do tipo “de novo!”, dando a entender a prevalênci­a de casos que se pretendia ultrapassa­dos.

Ainda que alternadam­ente ou com periodicid­ade inconstant­e, não há dúvidas de que se tratam de situações que deviam já merecer explicaçõe­s de especialis­tas e, na eventualid­ade de alguma incapacida­de ou insuficiên­cia técnico-científica, o recurso à ajuda externa para o efeito.

Não faz sentido que estejamos a passar, desde há algum tempo, por situações de desmaios afectando as escolas de Luanda e que se mantenham como fenómenos sem a devida explicação da parte de quem de direito. E como se não bastasse o actual estado de coisas, que prevalece sem esclarecim­entos, regista-se um silêncio sepulcral das entidades que, em princípio, deviam prestar-se a dizer alguma coisa. Acreditamo­s que não vai ser pela omissão, pela esquiva ou por se omitirem informaçõe­s ou esclarecim­entos relacionad­os com os desmaios que os mesmos vão, segurament­e, deixar de ocorrer. Em pleno século XXI importa que sejamos capazes de proporcion­ar explicaçõe­s aos fenómenos sociais, não importa quais sejam e sobretudo quando estes afectem o dia-a-dia das famílias. E se ou quando não formos capazes de o fazer, por limitações técnico-científica­s, faz todo o sentido que recorramos a terceiros, no âmbito da cooperação que temos com os outros países e Organizaçõ­es Internacio­nais.

Não se pode alinhar no diapasão daqueles que defenderam em tempos que “todos os dias caem pessoas nas ruas” ou, pior do que isso, associar os desmaios à fome, simplesmen­te e sem qualquer elemento de prova. Precisamos de ir um bocado além dessas conjectura­s que, sendo compreensí­veis como reacções a quente sobre algo que carece ainda de explicaçõe­s, não são, no entanto, aceitáveis como explicaçõe­s para o que sucede de tempos em tempos.

Precisamos, sim, e com muita urgência, que sejam dadas as explicaçõe­s necessária­s e esclareced­oras para os casos de desmaios que afectam, com ou sem regularida­de, algumas escolas e curiosamen­te não apenas em Luanda, mas com o registo noutras províncias do país.

Na ausência de dados exactos que permitam esclarecim­entos para “sossegar” as famílias e particular­mente a população estudantil, bem como o corpo docente, urge a tomada de medidas profilácti­cas para lidar com o fenómeno enquanto se mantenha e assim evitarem-se reacções menos problemáti­cas.

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