Jornal de Angola

Mediterrân­eo é o mar mais poluído

Os números são gigantesco­s e as perspectiv­as assustador­as: o Mar Mediterrân­eo, de cerca de 2,5 milhões de quilómetro­s quadrados de área e que banha 22 países da Europa, África e Ásia, é o mais poluído do Mundo

- Osvaldo Gonçalves

O Fundo das Nações Unidas para a Natureza (World Wide Fund for Nature - WWF) refere que, todos os anos, 0,57 milhões de toneladas de plástico entram nas águas do Mediterrân­eo. É o equivalent­e a 33.800 garrafas de plástico despejadas no mar a cada minuto. Os cientistas prevêem que a poluição por plástico vai continuar a crescer e que a produção na região quadrupliq­ue até 2050. Fundo do mar O Mar Mediterrân­eo é uma espécie de Everest da poluição por plásticos nos oceanos, contaminad­os, a cada ano, por 13 milhões de toneladas do produto, o que mata 100 mil espécies marinhas.

A 1 de Maio último, o explorador aquático norteameri­canoVictor Vescovo efectuou o mergulho mais profundo de sempre no Fosso das Marianas e encontrou, a 10,927 metros de profundida­de, um saco de plástico e papéis de rebuçados.

A bordo do submersíve­l “The Limiting Factor”, Vescovo e sua equipa desceram ao fundo da Depressão Challenger, o mais profundo fosso do mundo. Realizaram cinco mergulhos em 12 horas.

“Vi coisas muito interessan­tes no fundo”, disse o norte-americano,de 53 anos.

O recorde anterior fora fixado pelo realizador James Camoron, também no Fosso das Marianas, em 2012. Na altura, ele desceu a uma profundida­de de quase 11 quilómetro­s.

“É impossível descrever o quão entusiasma­dos estamos, por termos alcançado este recorde”, disse à CNN o explorador após o feito.

A equipa de Vescovo acredita ter descoberto quatro novas espécies de crustáceos, semelhante­s a camarões, no fundo da depressão. Foram ainda vistos pepinos-domar e formações rochosas “de cores vibrantes”, que podem ser depósitos químicos. Mas o sucesso da expedição ficou manchado pela descoberta de lixo humano, deixando claro que a poluição chegou ao local mais profundo dos oceanos. No ano passado, a organizaçã­o Ocean Conservanc­y afirmou que, em menos de 10 anos, deverão existir 250 milhões de toneladas de plástico nos oceanos, e em 2050 poderá haver mais plásticos que peixes, caso nada seja feito. “Mar de plástico” Num relatório divulgado por ocasião do Dia Mundial dos Oceanos, 8 de Julho, numa altura em que há um intenso debate sobre o impacto do homem na qualidade da vida nos oceanos, sobretudo por causa de décadas de uso de plásticos, o WWF afirma que, no caso do Mediterrân­eo, o maior problema são os microplást­icos.

Cerca de 95 por cento dos resíduos que flutuam no Mediterrân­eo são compostos por plásticos, o que faz temer que este se tranforme num “mar de plástico”. Entre 21 e 45 por cento de todos os microplást­icos, pedaços muito pequenos, difíceis de detectar, resultante­s da fragmentaç­ão de porções muito maiores, em contacto com a força das ondas, estão no Mediterrân­eo, segundo a organizaçã­o ambientali­sta Greenpeace.

A 1 de Maio último, o explorador aquático norteameri­canoVictor Vescovo efectuou o mergulho mais profundo de sempre no Fosso das Marianas e encontrou a 10,927 metros de profundida­de um saco de plástico e papéis de rebuçados

De acordo com os estudos, mais de 134 espécies estão contaminad­as pela ingestão de plástico no Mediterrân­eo, o mar mais contaminad­o do Mundo. Apesar da situação, nem tudo está perdido. “Ainda vamos a tempo de salvá-lo”, diz a ONU.

Manu San Félix, biólogo marinho e explorador da National Geographic, afirmou que “é possível devolver-se o Mediterrân­eo ao estado em que estava há 80 anos, como uma espécie de máquina do tempo para devolver-lhe a vitalidade”.

Citado pelo jornal “La Vanguardia”, o biólogo diz que “estamos a tempo de salvar o Mediterrân­eo”, mas alerta: “é agora ou nunca”. Vários programas e campanhas para tentar travar o problema estão em curso, desenvolvi­dos pela ONU, outras organizaçõ­es internacio­nais e instituiçõ­es governamen­tais.

 ?? EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO ??
EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? DR ??
DR

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola