Jornal de Angola

Samakuva é candidato à presidênci­a da UNITA

Segundo uma fonte do partido, a informação foi prestada ontem pelo político, durante uma reunião da direcção

- Bernardino Manje

Acabaram-se as dúvidas à volta da candidatur­a de Isaías Samakuva à presidênci­a da UNITA. O actual líder do partido “confirmou”, na reunião do Comité Permanente, realizada ontem, em Luanda, que se vai candidatar à sua própria sucessão, durante o XIII Congresso Ordinário, a decorrer de 13 a 15 de Novembro. Com esta informação, avançada por uma fonte da direcção da UNITA, fica, à partida, afastada a possibilid­ade de Adalberto Costa Júnior concorrer à liderança do maior partido da oposição, como pretendia.

Está desfeito o mistério! Isaías Samakuva vai mesmo recandidat­ar-seàlideran­çadaUNITA, no XIII Congresso do partido, que se realiza entre os dias 13 e 15 de Novembro deste ano.

Segundo uma fonte contactada pelo Jornal de Angola, a informação foi avançada ontem, em Luanda, pelo próprio Isaías Samakuva, durante a décima reunião ordinária do Comité Permanente da Comissão Política do partido.

Na ocasião, de acordo ainda com a mesma fonte, Samakuva encorajou todos aqueles que pretendem candidatar-se a não ficarem constrangi­dos devido à sua decisão de continuar na liderança, lembrando que se trata de um direito de todos os militantes concorrer.

Entretanto, o anúncio feito ontem por Isaías Samakuva pode inibir alguns potenciais candidatos de formalizar­em a intenção de liderar a UNITA. Um dos nomes apontados nesta condição é o do actual presidente do grupo parlamenta­r do partido, Adalberto Costa Júnior, que, publicamen­te, afirmou que a sua candidatur­a estava dependente de Samakuva.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, no princípio deste mês, Adalberto Costa Júnior disse que só avançaria caso o actual presidente cumpra com a palavra dada há já algum tempo: “nãoconcorr­eramaisumm­andato” de quatro anos.

Entretanto, ontem, Isaías Samakuva, que se encontra na liderança da UNITA desde 2003, depois da morte do presidente fundador, deu o dito por não dito, ao anunciar a intenção de voltar a concorrer para mais um mandato de quatro anos, embora ainda não de forma oficial.

A decisão de Samakuva não surpreende muitos analistas, sobretudo pelas manifestaç­ões de apoio sentidas em alguns círculos do partido e pelo silêncio a que se remeteu depois disso. “Se na verdade ele quisesse mesmo deixar a liderança da UNITA já o teria dito há muito tempo”, considera um analista.

Depois de, nos últimos meses, Isaías Samakuva ter reafirmado, publicamen­te, que não seria novamente candidato, foram surgindo nas fileiras do partido algumas figuras que defendiam a recandidat­ura do actual líder. Uma dessas figuras é Alcibíades Kopumi, membro da actual direcção, que, em Abril deste ano, escreveu, na sua página do Facebook, que apoiava a ideia de Samakuva concorrer para mais um mandato de quatro anos, que, no caso, seria o quinto.

Segundo Kopumi, com a recandidat­ura de Samakuva, a UNITA deixaria de ter a possibilid­ade de conhecer uma outra figura como candidato do partido nas eleições gerais de 2022. Secretário provincial da UNITA na Huíla no período entre 2016 e 2018, Alcibíades Kopumi sustentou ainda a sua tese com a “impression­ante energia e capacidade de trabalho” de Isaías Samakuva, apesar da idade, 73 anos.

Entretanto, a decisão tomada ontem por Isaías Samakuva pode ter apanhado de surpresa alguns dirigentes do partido. Um deles é o secretário provincial da UNITA no Cuando Cubango, Adriano Sapiñala, que, no mês passado, garantia que Samakuva não voltaria a concorrer.

Ao falar numa mesa-redonda sobre o tema “Angola, após a saída de José Eduardo dos Santos do poder”, o também deputado afirmou que tinha informaçõe­s seguras de que Samakuva não voltaria a candidatar-se.

Kachiungo e Camalata Numa

Um dos nomes que se tinha cogitado como tendo pretensões de voltar a candidatar­se à liderança da UNITA é Estêvão José Pedro Kachiungo, derrotado no congresso de 2011. Uma outra fonte do Jornal de Angola afirmou que José Kachiungo é simplesmen­te “potencial candidato”, mas a sua intenção de concorrer ainda não é oficial.

Outra possível candidatur­a é a do antigo deputado e general na reserva Abílio Camalata Numa, sobretudo agora que Isaías Samakuva decidiu concorrer para mais um mandato.

Crítico assumido da liderança de Samakuva, com quem disputou o cargo em congressos anteriores, Camalata Numa avisou, em Janeiro deste ano, que seria novamente candidato se o actual presidente voltasse a candidatar-se. “Estamos ainda em Janeiro, mas, de princípio, se o presidente Samakuva voltar a candidatar-se, eu serei candidato sem pensar (duas vezes)”, afirmou, em declaraçõe­s ao jornal “O País”.

As candidatur­as para a liderança da UNITA devem ser apresentad­as no período entre 16 e 30 de Setembro.

Comissões de trabalho

Durante a décima reunião ordinária do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA foi apreciada a composição das comissões de trabalho com vista ao congresso do partido.

Uma fonte do partido contactada pelo Jornal de Angola não avançou a composição das referidas comissões. Entretanto, uma outra fonte adiantou que, com uma ou outra novidade, as comissões são quase as mesmas que trabalhara­m aquando da preparação das exéquias do fundador do partido, Jonas Savimbi, cujos restos mortais se encontram sepultados desde o dia 1 de Junho na aldeia de Lopitanga, município do Andulo, província do Bié.

Crítico assumido de Isaías Samakuva, Abílio Camalata Numa avisou, em Janeiro deste ano, que seria novamente candidato se o actual presidente voltasse a candidatar-se

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JOSÉ COLA | EDIÇÕE NOVEMBRO Isaías Samakuva está na presidênci­a da UNITA desde 2003

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